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HONRA AO MÉRITO

DISCURSO PROFERIDO PELO PROFESSOR JORGE SIMÕES NA ATRIBUIÇÃO DO GRAU DE

DOUTOR

HONORIS CAUSA

A LUÍS GOMES SAMBO

A comunidade da Universidade Nova de Lisboa

reúne-se hoje, em sessão pública, para acolher

como Doutor

Honoris Causa

o Doutor Luís Sambo

e, assim, se associar a uma decisão que foi tomada

por unanimidade pelo Colégio de Diretores da

Universidade Nova de Lisboa, por proposta do

Instituto de Higiene e Medicina Tropical.

Para mim é um privilégio e um gosto ser o

acompanhante de quem é, pelo seu percurso, um

doutor universitário, como cidadão, como médico,

como político, como investigador, como dirigente

da Organização Mundial da Saúde.

Na verdade, o Doutor Luís Sambo, na sua vida,

tem dado expressão a uma ideia de Universidade

que tem na independência, na busca pela verdade e

pela liberdade os seus valores fundamentais.

Natural de Landana, na província de Cabinda,

licenciou-se em Medicina em 1977, pela Faculdade

de Medicina da Universidade de Angola e obteve

equivalência pela Faculdade de Medicina da

Universidade Nova de Lisboa.

Tem, desde logo, uma vasta experiência no seu

país em medicina, em administração de saúde

pública, em política de saúde.

Luís Sambo iniciou a sua carreira em 1977 como

médico no Município de Cacuaco, Província de

Luanda, e foi Director dos Serviços de Saúde na

Província de Cabinda entre 1978 e 1982. Exerceu

funções como Director Nacional da Formação de

Quadros, Chefe do Departamento de Ensino

Superior Pós-Graduado e Director do Gabinete de

Intercâmbio Internacional do Ministério da Saúde

em Luanda, de 1982 a 1983. Em 1983, foi nomeado

Vice-Ministro da Saúde, cargo que exerceu durante

cinco anos.

Mas nunca deixou de ser médico e, em 1988,

obteve a especialidade em Saúde Pública, pelo

Colégio de

Pós-Graduação Médica

da

Universidade de Angola, sendo membro titular do

Colégio da Especialidade de Saúde Pública da

Ordem dos Médicos de Portugal.

A sua carreira em Angola, bem como a sua

família, de que é justo destacar o velho Luís Gomes

Sambo, falecido em 1946, figura de destaque das

famílias fidalgas de Cabinda, homem de muito

saber como ervanário e no campo musical, deixou-

o profundamente comprometido com a realidade

do seu país.

Luís Sambo é, também, um amigo de Portugal e

desta Universidade.

Luís Sambo, quer como Diretor de Programas

quer como Diretor Regional da OMS, escolheu o

Instituto de Higiene e Medicina Tropical como um

parceiro de eleição.

Pessoal técnico e, muitas vezes, ele próprio

participaram

nas

jornadas

Saúde

e

Desenvolvimento do Instituto de Higiene e

Medicina Tropical, com a presença de responsáveis

da saúde de todos os países da CPLP.

A reciprocidade é visível na forma como esta

Universidade sempre o recebeu e nos amigos que

aqui tem e que eu ouvi atentamente, em especial os

Professores Paulo Ferrinho e Jorge Torgal e o Dr.

Francisco George.

O seu percurso internacional inicia-se como

representante de Angola, em 1978, no Conselho

Executivo da OMS e nesta etapa da sua vida

mostra, logo de início, uma propensão para servir

em África.

Começou a sua carreira na OMS, em1989, como

chefe da equipa inter-países de apoio estratégico

em Harare e, em 1990, foi Representante da OMS

na Guiné- Bissau.

Ele consegue, na Guiné-Bissau, ouvir o país e os

seus cidadãos, não como um doador de fundos que

impõe regras; não, ele integra as equipas e

consegue vestir a pele de um guineense.

Em 1994, já em Brazzaville, foi Conselheiro

Regional responsável pela coordenação da

estratégia de Saúde para Todos. Em 1996, foi

nomeado Diretor da Divisão do Desenvolvimento

dos Sistemas e Serviços de Saúde e, em 1998,

Diretor de Gestão de Programas.

O Doutor Luís Sambo iniciou as suas funções de

Diretor Regional a 1 de Fevereiro de 2005 e foi

reconduzido por unanimidade em 2010.

Uma nota curiosa: Luís Sambo é o quinto Diretor

da Região Africana da OMS, sendo certo que o

primeiro foi português, Francisco Cambournac

entre 1954 e 1964. Diz-nos Francisco George,

citando Graça Cambournac, filha de Francisco

Cambournac, que Salazar não gostava dele porque

os princípios que guiaram a sua ação como Director

em África eram distantes da política colonial do

regime. Aliás, na segunda vez que Cambournac foi

eleito para diretor regional da OMS recebeu os