189
de Bioestatística). Mantém-se a compreensão de
saúde pública adotada no período anterior. Apesar
de já ser reconhecido oficialmente como escola de
saúde pública, o IHMT mantém a sua orientação
pedagógica, de investigação e de intervenção
pautada pelas funções e papeis que devem ser
assumidos por uma escola de saúde pública.
Especificamente para médicos, o IHMT oferece
os cursos de Clínica das Doenças Tropicais e o
Diploma de Saúde Pública e Medicina Tropical
(que passa a constituir requisito legal suficiente
para ingresso nos quadros dos Serviços de Saúde e
Assistência dos Estados e Províncias Ultramarinas
e para o exercício da clínica livre no ultramar).
Cria-se um Curso de Saúde Pública, onde são
admitidos não médicos, e extingue-se o Curso de
Higiene Sanitária. Este permite o ingresso nos
quadros dos Serviços de Saúde e Assistência dos
Estados e Províncias Ultramarinas a médicos
diplomados pelas universidades de Angola e
Moçambique e a técnicos, não médicos, que
desejem integrar os mesmos serviços (Abranches,
2004).
Este período coincidiu com a perda de grandes
docentes e investigadores do quadro do IHMT:
Cambournac atingiu o limite de idade e foi jubilado
em 1973; Augusto Salazar Leite jubilou-se em
1974, seguido, em 1976, por Fraga de Azevedo.
Faleceram Cruz Ferreira, em 1977, e Manuel
Reimão Pinto, em 1978. Coincidiu também com a
revolução de abril de 1974 um período conturbado,
em que se experimentaram “novas formas
didáticas” não muito bem-sucedidas, na procura de
uma nova visão para o IHMT (Abranches 2004),
que foi sendo construída progressivamente depois
da sua integração na Universidade Nova de Lisboa.
FORMAÇÃO ACADÉMICA EM SAÚDE
PÚBLICA NO SEIO DA UNIVERSIDADE
NOVA DE LISBOA
A 26 de maio de 1980, o IHMT foi transferido
para a Universidade Nova de Lisboa, reconhecendo
a sua ligação original ao ensino e investigação e o
papel relevante que lhe cabe no campo da
cooperação científica e cultural com os países
tropicais. Esta transferência satisfez um anseio já
antigo dos seus dirigentes: a integração do instituto
numa instituição universitária (Abranches, 2004).
O início deste percurso académico ficou marcado
pelo falecimento de dois professores de saúde
pública, em 1981: Augusto Tito de Morais (1921-
1981) e Carlos Manuel dos Santos Reis (1923-
1981). Os novos estatutos, de 1983, definem, como
cursos de carácter regular, os conducentes aos
diplomas de Saúde Pública e Medicina Tropical e
de Clínica das Doenças Tropicais. Um dos três
departamentos então criados é o de Saúde Pública
Tropical, que acomoda as disciplinas de
Epidemiologia, de Bioestatística e de Higiene e
Medicina Preventiva, assim como a secção de
nutrição (Abranches, 2004). Assim se reduz a
perspetiva de saúde pública orientada para a
organização e administração da assistência médica
e se reforça a tendência de saúde pública como
medicina preventiva.
Esta estrutura disciplinar só voltaria a ser
alterada com a revisão estatutária de 1990, que
repôs a legítima preocupação do Departamento de
Saúde Pública Tropical para ênfase na gestão e
administração dos serviços de saúde e reforço da
orientação para a saúde na comunidade. A revisão
manteve, no Departamento de Saúde Pública
Tropical, as disciplinas de Epidemiologia e de
Bioestatística e adicionou-lhe duas outras: a de
Planeamento e Gestão em Saúde e a de Saúde
Comunitária (Abranches, 2004).
Essas alterações ocorreram num momento em
que não havia docentes doutorados no
Departamento de Saúde Pública. A Direcção foi
sendo assumida pela Presidência do Conselho
Científico e apoiada, entre 1992 e 1993, por um
Professor de Medicina Preventiva da Faculdade de
Medicina da Universidade de Lisboa, José Pereira
Miguel. Em 1995, doutorou-se Anabela Abreu, a
qual assumiu a direção do departamento (em 1997,
Anabela Abreu regressou aos Estados Unidos,
onde se tinha doutorado). Em 1996, doutoraram-se
Aldina Gonçalves e Paulo Ferrinho. A docência do
departamento era, então, de apoio aos outros cursos
do IHMT tendo, como cursos próprios de pós-
graduação, o de Epidemiologia Médica das
Regiões Tropicais, mais tarde apelidado de Curso
de Saúde Internacional. Este último era composto
por três módulos – Epidemiologia e Bioestatística,
Gestão em Saúde Internacional e Cuidados de
Saúde em Países em Desenvolvimento -, que
poderiam ser frequentados separadamente, dando
direito à atribuição de um certificado.
Em 1998 (só publicado em D.R. de 1999), um
novo regulamento termina a organização por
departamentos e cria as unidades de ensino e
investigação (UEIs). O Departamento de Saúde
Pública Tropical viu-se fragmentado em três UEIs
– Epidemiologia e Bioestatística (dirigida por
Paulo Ferrinho até 1999), Sistemas de Saúde
(dirigida por Paulo Ferrinho até 1999 e,
novamente, entre 2004 e 2010) e Saúde e
Desenvolvimento (dirigida por Aldina Gonçalves)
–, que funcionaram em estreita colaboração até