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de Bioestatística). Mantém-se a compreensão de

saúde pública adotada no período anterior. Apesar

de já ser reconhecido oficialmente como escola de

saúde pública, o IHMT mantém a sua orientação

pedagógica, de investigação e de intervenção

pautada pelas funções e papeis que devem ser

assumidos por uma escola de saúde pública.

Especificamente para médicos, o IHMT oferece

os cursos de Clínica das Doenças Tropicais e o

Diploma de Saúde Pública e Medicina Tropical

(que passa a constituir requisito legal suficiente

para ingresso nos quadros dos Serviços de Saúde e

Assistência dos Estados e Províncias Ultramarinas

e para o exercício da clínica livre no ultramar).

Cria-se um Curso de Saúde Pública, onde são

admitidos não médicos, e extingue-se o Curso de

Higiene Sanitária. Este permite o ingresso nos

quadros dos Serviços de Saúde e Assistência dos

Estados e Províncias Ultramarinas a médicos

diplomados pelas universidades de Angola e

Moçambique e a técnicos, não médicos, que

desejem integrar os mesmos serviços (Abranches,

2004).

Este período coincidiu com a perda de grandes

docentes e investigadores do quadro do IHMT:

Cambournac atingiu o limite de idade e foi jubilado

em 1973; Augusto Salazar Leite jubilou-se em

1974, seguido, em 1976, por Fraga de Azevedo.

Faleceram Cruz Ferreira, em 1977, e Manuel

Reimão Pinto, em 1978. Coincidiu também com a

revolução de abril de 1974 um período conturbado,

em que se experimentaram “novas formas

didáticas” não muito bem-sucedidas, na procura de

uma nova visão para o IHMT (Abranches 2004),

que foi sendo construída progressivamente depois

da sua integração na Universidade Nova de Lisboa.

FORMAÇÃO ACADÉMICA EM SAÚDE

PÚBLICA NO SEIO DA UNIVERSIDADE

NOVA DE LISBOA

A 26 de maio de 1980, o IHMT foi transferido

para a Universidade Nova de Lisboa, reconhecendo

a sua ligação original ao ensino e investigação e o

papel relevante que lhe cabe no campo da

cooperação científica e cultural com os países

tropicais. Esta transferência satisfez um anseio já

antigo dos seus dirigentes: a integração do instituto

numa instituição universitária (Abranches, 2004).

O início deste percurso académico ficou marcado

pelo falecimento de dois professores de saúde

pública, em 1981: Augusto Tito de Morais (1921-

1981) e Carlos Manuel dos Santos Reis (1923-

1981). Os novos estatutos, de 1983, definem, como

cursos de carácter regular, os conducentes aos

diplomas de Saúde Pública e Medicina Tropical e

de Clínica das Doenças Tropicais. Um dos três

departamentos então criados é o de Saúde Pública

Tropical, que acomoda as disciplinas de

Epidemiologia, de Bioestatística e de Higiene e

Medicina Preventiva, assim como a secção de

nutrição (Abranches, 2004). Assim se reduz a

perspetiva de saúde pública orientada para a

organização e administração da assistência médica

e se reforça a tendência de saúde pública como

medicina preventiva.

Esta estrutura disciplinar só voltaria a ser

alterada com a revisão estatutária de 1990, que

repôs a legítima preocupação do Departamento de

Saúde Pública Tropical para ênfase na gestão e

administração dos serviços de saúde e reforço da

orientação para a saúde na comunidade. A revisão

manteve, no Departamento de Saúde Pública

Tropical, as disciplinas de Epidemiologia e de

Bioestatística e adicionou-lhe duas outras: a de

Planeamento e Gestão em Saúde e a de Saúde

Comunitária (Abranches, 2004).

Essas alterações ocorreram num momento em

que não havia docentes doutorados no

Departamento de Saúde Pública. A Direcção foi

sendo assumida pela Presidência do Conselho

Científico e apoiada, entre 1992 e 1993, por um

Professor de Medicina Preventiva da Faculdade de

Medicina da Universidade de Lisboa, José Pereira

Miguel. Em 1995, doutorou-se Anabela Abreu, a

qual assumiu a direção do departamento (em 1997,

Anabela Abreu regressou aos Estados Unidos,

onde se tinha doutorado). Em 1996, doutoraram-se

Aldina Gonçalves e Paulo Ferrinho. A docência do

departamento era, então, de apoio aos outros cursos

do IHMT tendo, como cursos próprios de pós-

graduação, o de Epidemiologia Médica das

Regiões Tropicais, mais tarde apelidado de Curso

de Saúde Internacional. Este último era composto

por três módulos – Epidemiologia e Bioestatística,

Gestão em Saúde Internacional e Cuidados de

Saúde em Países em Desenvolvimento -, que

poderiam ser frequentados separadamente, dando

direito à atribuição de um certificado.

Em 1998 (só publicado em D.R. de 1999), um

novo regulamento termina a organização por

departamentos e cria as unidades de ensino e

investigação (UEIs). O Departamento de Saúde

Pública Tropical viu-se fragmentado em três UEIs

– Epidemiologia e Bioestatística (dirigida por

Paulo Ferrinho até 1999), Sistemas de Saúde

(dirigida por Paulo Ferrinho até 1999 e,

novamente, entre 2004 e 2010) e Saúde e

Desenvolvimento (dirigida por Aldina Gonçalves)

–, que funcionaram em estreita colaboração até