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países, em 1985, e para 375, em 2006 (Evans,
2009). Cambournac participou nos encontros que
levaram ao estabelecimento da OMS, tendo sido
um dos seus primeiros dirigentes em África
(Abranches, 2004), sendo natural, Por isso, que
tenha influenciado e sido influenciado por este
movimento. Não é surpreendente, portanto, que,
em 1966, o IMT, seguindo o exemplo da
London
School of Hygiene and Tropical Medicine
– que,
desde 1929, era considerada uma das melhores
escolas de saúde pública do mundo (Acheson,
1982) -, tenha sido substituído pela Escola
Nacional de Saúde Pública e de Medicina Tropical
(ENSPMT) (Abranches, 2004; Fraga de Azevedo,
1952; Torgal, 2002). Esta procurava
“formar
especialistas e técnicos qualificadosparaprevenir
a doença e promover a saúde em todo o território
nacional”
(Abranches, 2004 p. 91) e, nas palavras
de Francisco Cambournac,
“ensinar Saúde Pública
à escala nacional, para levar a todos os
portugueses os benefícios de Serviços de Saúde
bem estruturados e apetrechados em pessoal …
tanto na Metrópole como nas Províncias
Ultramarinas … pela … concentração no aspeto
coletivo dos problemas da Saúde”
(Abranches,
2004 pp. 92-93). A escola abrangia dois ramos de
ensino, investigação e divulgação com grande
autonomia: ramo da saúde pública e ramo da
medicina tropical.
A ENSPMT manteve-se na dupla tutela dos
ministérios do Ultramar e da Saúde e Assistência
Social. A instituição, designada por “Instituto de
Medicina Tropical”, foi extinta, mas o Instituto
Superior de Higiene, que tinha contado, entre os
seus dirigentes, com grandes nomes da saúde
pública em Portugal - Ricardo Jorge (1858-1939),
Francisco António Gonçalves Ferreira (1912-
1994) e, no momento da criação da ENSPMT,
Arnaldo Sampaio (1908-1984) -, manteve-se em
funções. Somente as suas atividades de ensino e
investigação passaram a ser atribuições do ramo de
saúde pública da nova ENSPMT (Abranches,
2004).
No Ramo de Saúde Pública, ficaram
estabelecidas 10 cadeiras: Técnica e Administração
de Saúde Pública, Epidemiologia (regida por
Guilherme Janz), Bioestatística Aplicada à Saúde
Pública (regida por Carlos Manuel dos Santos
Reis), Saneamento, Bacteriologia Sanitária,
Nutrição e Higiene da Alimentação (regida por
Guilherme Janz), Higiene e Medicina do Trabalho,
Higiene Maternal e Infantil (regida por Nuno
Tornelli Cordeiro Ferreira), Saúde Mental e
Administração Hospitalar (Abranches, 2004).
Neste agrupamento de cadeiras reflete-se a
preocupação com a medição do estado de saúde
(Epidemiologia e Bioestatística), com a
administração de serviços e programas (Técnica e
Administração de Saúde Pública), com a
salubridade e alimentação como determinantes do
estado de saúde, com grupos populacionais
específicos (nomeadamente a mulher, a criança e o
trabalhador) e com a problemática especial da
saúde mental, um avanço significativo sobre as
anteriores perspetivas higienistas que dominavam
o ensino da saúde pública até à década de 1950.
No Ramo de Medicina Tropical, a saúde pública
marca presença com duas cadeiras: Saúde Pública
das Regiões Tropicais e Epidemiologia Tropical.
Foram criados quatro cursos ordinários: Saúde
Pública (que substituiu o Curso de Medicina
Sanitária do Instituto Ricardo Jorge), Medicina do
Trabalho (introduzido pela primeira vez em
Portugal) e os cursos de Medicina Tropical e
Elementar de Higiene Tropical, que deram
continuidade ao que já era oferecido no IMT. Além
destes, foram ainda criados cursos eventuais
segundo necessidades e recursos existentes
(Abranches, 2004).
Prematuramente, ignorando o exemplo bem-
sucedido da
London School of Hygiene and
Tropical Medicine
, a ENSPMT foi extinta em
1971, substituída por duas instituições: o Instituto
de Higiene e Medicina Tropical (sob o Ministério
do Ultramar) e a Escola Nacional de Saúde Pública
(tutelada pelo Ministério da Saúde e Assistência),
que regressa ao Instituto Nacional de Saúde Dr.
Ricardo Jorge como departamento de ensino, até
1975 (Abranches, 2004; Sakellarides, 2009).
O ENSINO DE SAÚDE PÚBLICA NO
INSTITUTO DE HIGIENE E MEDICINA
TROPICAL (IHMT) 1972-1980
Esta fase do IHMT abrange a transição do
Instituto do Ministério de Ultramar, ao serviço da
política colonial portuguesa, para uma instituição
académica no novo regime político pós-colonial,
que resultou da revolução de 25 de abril de 1974.
Os novos estatutos do IHMT reconhecem-lhe o
direito de conferir aos médicos o título de
especialista em medicina tropical. Nestes estatutos,
é eliminada a designação de “cadeira” e entra a
designação de “disciplina”. Simultaneamente,
surgem os departamentos de Saúde Pública (que
integra as disciplinas de saúde pública, de
administração sanitária, de higiene materno-
infantil e de pediatria social, bem como uma secção
de nutrição com laboratório) e de Epidemiologia
(que contempla as disciplinas de Epidemiologia e