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Neste curso, a cadeira de Medicina Tropical era

ministrada por D. António Maria de Lencastre

(1857-1945), em duas secções: a de Higiene Naval

e Colonial e a de Patologia Exótica. Esta última só

admitia médicos; a primeira, admitia um público

que abrangia médicos e outros alunos da Escola

Naval. Esta cadeira funcionou até 1895, sendo

novamente retomada em 1899 (Abranches, 2004).

O ENSINO DE HIGIENE E DA SAÚDE

PÚBLICA NO 1º CINQUENTENÁRIO DO

INSTITUTO

Em 1902, é criada, em Portugal, uma escola de

medicina tropical, a 4ª na Europa, depois das de

Liverpool (também em 1902), Londres (1899) e

Hamburgo (1900). Em França, já estava instituído

o ensino de Medicina Tropical, mas sem ter sido

estabelecida uma escola para esse fim (Fraga de

Azevedo, 1952). Com a instalação da nova escola

de Lisboa, o Curso de Medicina Tropical, ainda

hoje ministrado no instituto, passou a ser

obrigatório para todos os médicos admitidos nos

quadros do ultramar e da Armada. Este curso foi

aberto a quaisquer habilitados que o quisessem

frequentar, tendo sido tornado obrigatório para

missionários, oficiais militares, oficiais de obras

públicas e professores de instrução primária. Foi no

âmbito deste curso que se desenvolveu o ensino da

saúde pública, numa perspetiva higienista.

A Higiene tinha por objetivo o estudo e a

aplicação de meios não clínicos apropriados para

criarem, para o homem, na vida individual e

coletiva, as condições favoráveis à saúde.

Compreendia a higiene individual e a higiene do

meio ambiente, esta última muito influenciada

pelas questões climáticas e muito conotada com a

engenharia sanitária. O primeiro objetivo era a

salubridade e o segundo o bloqueio dos caminhos

seguidos pelos microrganismos para causar

doenças no homem, o que explica uma forte

conotação com atividade laboratorial e com a

microbiologia (Gonçalves Ferreira, 1982). Era,

portanto, mais do que apropriado que as primeiras

edições do curso centrassem a saúde pública na

cadeira de Higiene e Climatologia, inicialmente

sob responsabilidade de Francisco Xavier da Silva

Telles e de José Firmino Sant’Anna (

Abranches,

2004;

Fraga de Azevedo, 1958).

Em 1920, as cadeiras do curso foram

reorganizadas, aparecendo duas novas cadeiras de

saúde pública: Climatologia e Geografia Médica e

Higiene e Bacteriologia (Abranches, 2004),

reforçando a ligação da higiene à bacteriologia, em

consonância com o reforço que se vinha

observando da instrução laboratorial na formação

de profissionais de saúde (Hotez, 2003). Em 1935,

a Escola de Medicina Tropical dá lugar ao Instituto

de Medicina Tropical (IMT). Neste ano, o curso,

até então de 4 meses, acresceu para 6 meses,

passando a saúde pública a estar unificada na

chamada 1ª cadeira - Higiene, Climatologia e

Geografia Médica. Foi retomada a ideia de

organizar um curso de Higiene Tropical, de

carácter elementar prático, dirigido a funcionários,

enfermeiros e missionários (Abranches, 2004) e,

em 1946, foi criado um curso de Higiene elementar

para colonos (Abranches, 2004). Em 1939, foi

criada uma 6ª cadeira: Assistência Médica aos

Indígenas (Abranches, 2004).

O quadro docente, em 1945, encontrava

Francisco José Carrasqueiro Cambournac (1903-

1994) como professor efetivo da 1ª cadeira

(Higiene, Climatologia e Geografia Médica) e, em

1946, Manuel Reimão Pinto como professor

auxiliar. Até 1942, na 6ª cadeira, o regente era o

diretor do Instituto, Professor Vasco Palmeirim

(1983-1942) (Abranches, 2004).

Data de 1951 um curso internacional de

Malariologia, dirigido pelo Prof. Francisco José

Carrasqueiro Cambournac (1903-1994), sob os

auspícios da OMS, e oferecido no IMT e no

Instituto de Malariologia de Águas de Moura, que

tinha, como Diretor, também o Prof. Cambournac

(Abranches, 2004). Posteriormente, foram

oferecidos mais dois cursos (Abranches, 2004).

O ENSINO DA SAÚDE PÚBLICA NA ESCOLA

NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA E DE

MEDICINA TROPICAL

Em 1955, numa nova reformulação, o Curso de

Saúde Pública passou a durar 8 meses,

concentrando o ensino na 1ª cadeira de Higiene e

Climatologia. Mantiveram-se os cursos de Higiene,

de carácter elementar e obrigatório para certas

categorias de funcionários e para os colonos

(Abranches, 2004). Em 1958, o Professor

Francisco José Carrasqueiro Cambournac

mantinha-se como professor ordinário da 1ª

cadeira, tendo Guilherme Jorge Janz (1913-1999)

como professor auxiliar de nutrição e Carlos

Manuel dos Santos Reis como assistente convidado

(Abranches, 2004).

A seguir à 2ª Guerra Mundial, o número de

escolas de saúde pública no mundo aumentou

significativamente, muitas vezes com o apoio da

recém-criada Organização Mundial da Saúde. O

número de escolas de saúde pública aumentou de

100, em 42 países, em 1965, para 216, em 54