Table of Contents Table of Contents
Previous Page  18 / 202 Next Page
Information
Show Menu
Previous Page 18 / 202 Next Page
Page Background

18

Fig. 4 – Pires capturando simulídeos adultos, Úcua, Angola, 1960.

A verdade é que, menos de um ano depois, a

guerra de libertação começava emAngola. Eram as

minhas palavras “proféticas” ou seria a

compreensão do processo histórico que já se tinha

iniciado em Angola?

No meu trabalho de campo tive a oportunidade

de apreciar as qualidades de muitos Auxiliares que

ficavam ao meu lado, durante a noite, enquanto eu

realizava trabalho laboratorial, fazendo-me assim

companhia

e

sentindo

que

eles

também tinham por mim respeito, consideração e

amizade, como demonstraram os Senhores Jorge

Cassoma, Jonas, Chipindo e tantos outros, para

quem deixo aqui O MEU MUITO OBRIGADO

profundo e sincero.

Outra

das

brigadas

que

marcaram

indelevelmente a minha memória foi uma realizada

na área do rio Lomba, em 1961, para estudar a área

de distribuição de

Glossina morsitans centralis

, na

então designada mancha de Mavinga. A brigada era

constituída por “três Carlos” [Dr. Fontes e Sousa

(entomologista da Missão de Combate às

Tripanosomíases, infelizmente já falecido), Freitas

(caçador-guia) e eu próprio]. Tivemos de percorrer,

durante várias dias, os canais e rios adjacentes do

rio Kuando, no sudeste da atual província do

Kuando Kubango. Foi um trabalho exaustivo,

obrigando-nos a percorrer, a pé ou de piroga, vários

quilómetros em áreas totalmente cobertas por água

e sem prever o que iríamos encontrar para

determinar a área de distribuição desta subespécie

glossínica (Figs. 5 e 6). Esta região tinha sido

habitada pela população autóctone havia dezenas

de anos mas, com o avanço destes dípteros e o

aparecimento da doença do sono, foi lentamente

abandonada. Assim, nós encontrámos apenas

vestígios das antigas povoações.