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minha vida científica, traduzida nos trabalhos
desenvolvidos no domínio da entomologia da
malária em Cabo Verde, em 1976 (Ribeiro
et
al.
, 1980), em São Tomé e Príncipe, em 1986,
e no da entomologia da febre amarela e outras
arboviroses em Angola, em 1988, resultantes
da cooperação com estes países (República de
Cabo Verde, República de S. Tomé e Príncipe
(Ribeiro
et al.
, 1988b; Ribeiro
et al.
, 1989a;
Ribeiro
et al.
, 1997) e República de Angola
(Ribeiro
et al.
, 1988a)).
Em Cabo Verde, efetuámos um estudo
aprofundado, em todas as nove ilhas habitadas,
sobre os culicídeos e a entomologia da malária
daquele
país,
tendo
sido
publicada,
posteriormente, uma monografia (Ribeiro
et
al.
, 1980), que constitui, ainda hoje, uma
referência para estudos deste grupo na região
e, de resto, referenciado por outros autores, em
conceituados livros de Medicina Tropical e em
que apresentámos uma lista sistemática das
oito espécies e subespécies conhecidas de
Cabo Verde, incluindo uma subespécie nova
Ochlerotatus caspius meirai
, descrita no
referido trabalho. Para além da descrição desta
subespécie, o conhecimento dos culicídeos de
Cabo Verde foi enriquecido com o achado de
dois outros taxa ainda não conhecidos no País,
bem como com numerosos dados relativos à
distribuição das espécies pelas diferentes ilhas
e dentro de cada uma delas (Ribeiro
et al.
,
1980).
Também na República de S. Tomé e
Príncipe, e no âmbito da cooperação, em 1986,
e na sequência de uma epidemia de malária,
tivemos a oportunidade de iniciar um estudo da
entomologia da malária e dos culicídeos em
geral, nas duas ilhas, com o apoio da
Comunidade Económica Europeia e da Cruz
Vermelha Portuguesa, publicando-se um
artigo sobre os vetores da malária nas duas
ilhas e dois sobre os culicídeos das mesmas
(Ribeiro
et al.
, 1988b; Ribeiro
et al.
, 1989a;
Ribeiro
et al.
, 1997). Descreveu-se uma
espécie nova para a Ciência, da ilha de São
Tomé,
Culex
(
Eumelonomyia
)
micolo
Ribeiro,
Ramos, Capela & Pires, 1998, e efetuou-se
uma revisão dos mosquitos da Ilha do Príncipe,
elevando-se de sete para catorze o número de
espécies aí conhecidas.
Assim, tanto em Cabo Verde, como em S.
Tomé e Príncipe e em Angola tivemos sempre,
desde as altas instâncias políticas às
autoridades sanitárias, um total apoio que, por
exemplo, em Angola, sendo amigo de várias
dirigentes, tinha ainda a vantagem de ter o
Ministro da Saúde, de então, como meu amigo,
que anos antes durante uma visita privada a
Angola me tinha convidado para o lugar de
entomologista no País, no âmbito da
cooperação com a Organização Mundial para a
Saúde, convite este que declinei, por razões
não profissionais.
Em Angola, aquando do surto de febre
amarela na área da cidade de Luanda, em 1988,
avaliou-se a recetividade amarílica desta
cidade, com base em vários índices de
abundância larvar do único vetor presente,
Aedes aegypti
, na sua taxa de agressividade
para o Homem e no conhecimento existente do
contexto epidemiológico da febre amarela em
Angola e no Continente Africano em geral
(Ribeiro
et al.
, 1988a). Mas, nestes dois
últimos países (S. Tomé e Príncipe e Angola)
tivemos também a oportunidade de ministrar,
in loco
, cursos práticos intensivos de
entomologia da malária e da febre amarela,
respetivamente, ao pessoal técnico da Missão
de Erradicação do Paludismo de São Tomé e
Príncipe e do Serviço Nacional de Luta
Antivectorial de Angola.
Entretanto, após a publicação dos dois
artigos na área das leishmanioses, prossegui a
minha atividade na área dos vetores e assim,
em 1984, assinalei, pela primeira vez na
Europa, a existência de dois vetores no mesmo
foco
leishmaniótico,
na
Arrábida
,
Phlebotomus perniciosus
Newstead, 1911 e
P.
ariasi
Tonnoir, 1921 (Pires, 1984). Encontrei,
também, na região do Alto Douro aquelas duas
espécies infetadas com formas promastigotas
de leishmânias e isolei, pela primeira vez,
Leishmania infantum
MON-24 no vetor neste
caso, em
P. ariasi
(Alves-Pires
et al.
, 1991).