24
Anos mais tarde, na continuidade que
procurei dar ao estudo destes importantes
vetores isolei, também no Algarve,
L. infantum
MON-1, responsável pela leishmaniose no
Velho Mundo, em
P. perniciosus
Newstead,
1911, constituindo a 10ª publicação desta série
(Alves-Pires
et al.
, 2001).
Assinalei, pela primeira vez na Europa, a
presença de um nemátodo do género
Didilia
(Tetradonematidae: Mermithoidea: Nematoda)
em
P. sergenti
Parrot, 1917. Esta publicação
foi efetuada em colaboração com o Professor
R. Killick-Kendrick, prestigiado fleboto-
mologista a nível mundial, infelizmente
recentemente falecido (Pires
et al.
, 1998).
O estudo dos flebótomos e da leishmaniose,
em que ainda trabalho, e que se reflete em
publicações em que sou um dos autores, é
constituído por um conjunto de 33 artigos
publicados em revistas nacionais (11) e
estrangeiras (22) (dois estão para publicação),
para além da colaboração em três capítulos de
livros científicos, nomeadamente dois no
âmbito das alterações climáticas (Afonso e
Alves-Pires, 2008; Calheiros
et al.
, 2006;
Miranda
et al.
, 2006), com as mais diversas
instituições e investigadores, nacionais e
estrangeiros tendo, também, sido convidado
pelo coordenador do subprojeto EDEN-LEI,
Dr. Paul Ready, do Museu de História Natural
de Londres para coordenar a parceria
portuguesa, no âmbito das leishmanioses, do
projeto Emerging Diseases in a changing
European Network - EC 6th PCRD e tendo,
como colaboradores, as Professoras Doutoras
Maria Odete Afonso (Unidade de Entomologia
Médica/UPMM) e Lenea Campino (Unidade
de Leishmanioses/CMDT), iniciado a 01 de
novembro de 2004 e terminado a 31 de outubro
de 2009.
Tive o prazer de participar em diferentes
cursos e/ou estágios em vários países, não
podendo deixar de realçar o efetuado na ilha de
Gozo (República de Malta), em julho de 1989,
onde tive a oportunidade de conhecer e
aprofundar relações profissionais e de amizade
com um conjunto de Investigadores da mais
elevada craveira científica na área das
leishmanioses
.
Paralelamente à minha atividade de
investigação, desenvolvi, no IHMT, uma
atividade docente que se iniciou no ano letivo
de 1975/76 e que, com maior ou menor
intensidade, terminou em 2006, sendo, nos
últimos anos, restrita à área dos flebótomos.
Foi devido aos contatos estabelecidos no
referido estágio, aparentemente vulgar, que me
tornei amigo de Robert Killick-Kendrick,
Mireille Killick-Kendrick, Nicole Leger,
Bernard Pesson, Abdallah El Harith, Maria del
Mar Vitutia, Geneviève Madulo-Leblonde e
tantos outros, o que me permitiu, por exemplo,
transportar, anos depois (1997), potes com
formas imaturas de
P. perniciosus
, oferecidas
pelo casal Killick-Kendrick, para instalação de
uma colónia de flebótomos no IHMT, que se
mantém até hoje, e que permite fornecer
exemplares quer para a docência quer para
trabalhos de investigação.
Recordo, no mínimo com agrado, que tive
sempre, como lema, o apoio desinteressado aos
colegas que de mim necessitavam e das inúmeras
brigadas em que as horas dispendidas iam muito
para lá do exigível, com o único objetivo de atingir
as metas propostas e que se baseavamna qualidade,
seriedade e profundidade dos trabalhos
desenvolvidos, independentemente dos encargos
financeiros que despendíamos.
Também foi, pela minha formação e, se me
permitem, espírito científico que em Malta, embora
o estágio fosse em flebótomos, não resisti e
capturei culicídeos entre os quais se encontrou,
posteriormente, uma espécie nunca anteriormente
assinalada naquele território,
Culex lacticintus
Edwards, 1913 (Ramos
et al.
, 1992).
A minha atividade foi mais diversificada,
sendo sócio fundador de duas sociedades
científicas, a Sociedade Portuguesa de
Entomologia (SPEN), criada em 1978 e de que
sou membro da Comissão de Publicações para
a área da Entomologia Médica da sua revista,
o Boletim da Sociedade Portuguesa de
Entomologia e, tenho participado ativamente
como membro dos corpos gerentes. Sou
também sócio fundador da Sociedade
Portuguesa de Parasitologia, criada em 1990.