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Também recordo as viagens noturnas para o
Calai (Kuando Kubango, Angola) para poupar
as viaturas ao esforço que lhes era exigido
durante as centenas de quilómetros, e as
intermináveis horas que duravam e tendo
muitas vezes de dormir dentro ou próximo dos
veículos. Recordo, ainda, os acidentes com as
viaturas que, por excesso de quilometragem ou
deficiência de fabrico, não ofereciam as
garantias de segurança exigíveis para aquelas
viagens e, em que, infelizmente, num deles,
perdemos um funcionário muito diligente e
competente, o Mestre, e noutro em que um dos
motoristas ficou para sempre deficiente.
Foi a par do esforço profissional, e quantas
vezes sacrifício, que consegui conhecer
Angola de norte a sul e de este a oeste, (Fig. 8)
exceto (há sempre as exceções) a atual Lunda
Norte e Bentiaba (campo de concentração de S.
Nicolau), no Namibe, este por imposição da
PIDE/DGS.
Fig. 8 – Homem do povo Thockwé com uma máscara caraterística em Cazombo (Alto Zambeze,
Angola), 1959.
Esta minha “aventura”, permanência e
trabalho em Angola, de março de 1953 a
novembro de 1970, foi o cimento para a minha
formação científica, política e cultural.
REGRESSO A PORTUGAL
Em novembro de 1970, após a minha
chegada a Portugal, concorri ao lugar de
preparador de 2ª classe, recomeçando, assim, a
carreira de técnico, demitindo-me do cargo que
ocupava de Assistente Técnico do Instituto
Provincial de Saúde Pública de Angola (ex-
IIMA) onde tinha atingido o topo da carreira
de técnico de laboratório.
Na Escola Nacional de Saúde Pública e de
Medicina Tropical, e após ter trabalhado como
preparador, na Cadeira de Saúde Pública,
regida pelo Professor Doutor Cambournac e,
posteriormente, pelo inesquecível Professor
Doutor Augusto Tito de Morais fui, a meu
pedido, colocado, em 1975, na Disciplina de
Entomologia Médica, regida pelo Professor
Doutor Fraga de Azevedo, tendo aí
recomeçado a trabalhar com o então
Assistente, Dr. H. Ribeiro, futuro Professor
Catedrático de Entomologia Médica e um dos
mais eminentes entomologistas portugueses. A
partir desta minha transferência, nunca mais
deixei de trabalhar, fundamentalmente em