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Buchan

et al.

(2011) chegaram à conclusão de

que, para garantir uma mudança sustentada por um

longo período de tempo num país grande e

descentralizado, as políticas têmque ser capazes de

se adaptar às novas circunstâncias, embora

focando-se em melhorias sequenciais visando

alcançar objetivos de longo prazo. No Brasil, a

colaboração interministerial, intergovernamental e

inter-serviços e o desenvolvimento de alianças de

interesse comum foram determinantes para o êxito

das políticas de melhoria do acesso aos serviços de

saúde básicos. Durante um período de trinta anos

ou mais, em que ocorreram mudanças

significativas no processo político no Brasil, nem

todas as iniciativas têm sido igualmente bem-

sucedidas, mas a dinâmica foi mantida. Não houve

um “plano” ou estratégia únicos a longo prazo, nem

houve um “projeto” inicial detalhado e

completamente formado; teria sido improvável a

sua sobrevivência às mudanças políticas em todo

este período temporal.

No geral, os objetivos e princípios de longo

prazo não foram contestados pelos atores chave e

permaneceram no centro do processo de mudança,

mas as estratégias desenvolvidas e implementadas

para alcançar e sustentar a mudança têm sido

alteradas e revistas ao longo do tempo, para manter

a dinâmica e lidar com novos desafios e barreiras

(Buchan

et al.

, 2011).

DISCUSSÃO

A falta de evidência forte acerca do que funciona

e do que não funciona não deve constituir um

impedimento para a ação. O Brasil e outros países,

como a Tailândia e o Canadá (WHO, 2010),

demonstraram que o mais importante era assumir o

compromisso de reduzir os desequilíbrios

geográficos e adotar um conjunto de políticas

adaptadas a um ambiente de mudança.

Apesar de ser prioritário levar e manter os

profissionais de saúde para zonas carenciadas, os

decisores políticos devem ser lembrados de que é

necessário agir sobre múltiplos fatores (McCaffery

et al.

, 2009). Isso significa tornar os serviços mais

acessíveis (através de seguros, ajudas para

transporte), mais aceitáveis (melhorando as

competências culturais dos profissionais de saúde)

e com melhor organização (horários adaptados às

necessidades dos utilizadores,

etc

.).

É necessário um investimento financeiro

significativo para se conseguir alcançar melhorias

na distribuição do pessoal de saúde, traduzido em

aspetos como a formação de mais trabalhadores e o

financiamento de regimes de incentivos, mas

existem outras intervenções de baixo custo como,

por exemplo, o recrutamento de estudantes

provenientes de zonas carenciadas, o reforço da

aquisição de competências sobre as necessidades

das populações carenciadas durante a formação e o

estímulo do reconhecimento social. Nestes casos, o

investimento é claramente de natureza política, sob

a forma de um compromisso contínuo de melhoria

do bem-estar das populações e, de uma forma mais

genérica, de redução das iniquidades.

CONFLITOS DE INTERESSES

Nenhum.

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