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et al.

, 2005) para 29592. No entanto, este

crescimento rápido é provavelmente devido a

diferenças nas classificações de enfermagem

incluídas nas estatísticas de 2005 e 2009; o número

de enfermeiros não mudou significativamente

desde 2007: 28848 em 2007 e 29605 em 2008

(Connor

et al.

, 2010).

Não há dados disponíveis sobre o número de

técnicos, em 2005. O rácio dos trabalhadores do

setor público de saúde em Angola por 1000

habitantes está perto da estimativa da Organização

Mundial da Saúde, de 2,28 profissionais de saúde

por 1000, necessários para garantir a prestação de

serviços básicos (WHO, 2006). Porém, o país

enfrenta um sério problema em termos da sua

distribuição, com fortes variações de profissionais

de saúde por mil habitantes nas províncias.

No que diz respeito aos recursos humanos em

saúde, de acordo com os representantes do

MINSA, as IGSs contribuíram, num primeiro

momento, para enfraquecer os serviços de saúde na

medida em que recrutaram os técnicos mais

qualificados que trabalhavam no sistema nacional

de saúde. No entanto, assinalam uma das maiores

vantagens das IGSs, que foi a transferência de

conhecimento técnico e de gestão, com impacto

significativo em termos dos recursos humanos em

saúde.

Relativamente ao sistema de informação e

monitorização, as IGSs contribuíram para a

emergência de “sistemas de informação paralelos”,

tendo sido esta a forma de contornar as fragilidades

do sistema de informação em saúde do país.

“(…) por vezes essas iniciativas pecamporquetem

sistemas paralelos de informação. “(…) entãoseo

próprio sistema de informação a nível dopaísnão

responde, eles têmque criar mecanismos para ir

buscar essa informação, por vezes háumatropelo,

por vezes potencializam, mas as vezes fragiliza,é

uma dicotomia”

(Representante de Doador).

Este panorama veio contribuir para aumento

dacarga de trabalho dos profissionais de saúde, que

se viram obrigados a recolher diferentes tipos de

dados e de indicadores. Poder-se-á indicar esta

como uma oportunidade perdida pelas IGSs para

fortalecimento do sistema nacional de informação

em saúde, uma das áreas que, reconhecidamente,

necessita ser fortalecida.

Quanto à cobertura dos serviços de saúde, os

nossos resultados apontam para diferenças de

opiniões entre governo, doadores e representantes

de ONGs, sendo que o discurso do primeiro é

bastante mais pessimista do que os dos outros.

Segundo o Ministério da Saúde, o aumento de

cobertura dos serviços de saúde ainda não atingiu o

nível esperado. A harmonização entre as diferentes

IGSs e as atividades do governo angolano ainda

necessita intensificar-se, com um objetivo comum

de alcançar a sustentabilidade das diversas

intervenções que apoiam.

De uma forma geral, a nível provincial, os

gestores dos serviços de saúde revelaram enorme

falta de conhecimento sobre as Iniciativas Globais

de Saúde.

“Porque eu não tenho a realidade sobre esse

programa. Eu não sei o que é o FundoGlobal;mas

temos trabalhado juntamente como programade

malária

” (Gestor – província B2).

Também existe perceção acerca de impactos

positivos dos fundos externos a nível local,

sentidos nomeadamente através da melhoria das

infraestruturas no setor público e do sistema de

abastecimento de medicamentos nas unidades de

saúde municipais e distritais, bem como num

aumento em termos das oportunidades de

formação.

Em termos de malária, tuberculose e VIH, houve

impacto, porque os programas foram instalados

nas províncias, não nos hospitais, mas eles

forneceram medicamentos anti-maláricos sem

quaisquer custos, e terapias combinadas. Os

medicamentos são enviados através dos

programas, nós não temos. Os kits vêm dos

programas”

(Profissional - unidade de saúde,

província B1).

A questão dos recursos humanos em saúde

(RHS) é um tema central nas duas províncias

estudadas. Em ambas existe um cenário de escassez

de RHS, que é explicado, por um lado, pelas leis do

mercado e, por outro, pela falta de incentivos de

atração e retenção de profissionais de saúde para

áreas remotas emAngola. Em ambas as províncias,

os movimentos de RHS verificam-se dos

municípios para a capital das províncias e das

zonas rurais para as zonas urbanas.

Um dos objetivos do processo de

municipalização é a de mudança da situação do

setor público de saúde nos municípios,

nomeadamente devido à autonomia das direções

municipais de saúde, que lhes permite contratar

diretamente profissionais de saúde, bem como pôr

em prática os incentivos mais adequados para

retenção dos mesmos a nível municipal.

Em suma, o impacto das IGSs a nível provincial

fez-se sentir sobretudo a dois níveis: 1) no tipo e

número de formações disponibilizados nas

províncias, sendo que os profissionais de saúde na

área do VIH e/ou outras doenças com programas

específicos beneficiaram de formação direcionada

para as respetivas áreas; 2) na capacitação