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uma ligação direta entre as respostas dos utentes
imigrantes e dos profissionais de saúde estudados.
Outra limitação a considerar é que, em ambos os
estudos, com imigrantes e com profissionais de
saúde, existe possibilidade de ocorrência de um
efeito de desejabilidade social nas respostas dos
participantes. No entanto, a garantia do anonimato
dos participantes e do tratamento das suas respostas
de forma confidencial contribuiu para minimizar
este efeito potencial. Por fim, a categoria
“imigrantes” utilizada não permite captar a
diversidade entre países de origem e,
potencialmente, entre outros aspetos, como a
língua e a cultura, o que pode ocultar diferenças em
termos de perceções e experiências relacionadas
com os cuidados de saúde e o acesso e utilização
dos serviços. Futuramente, será importante estudar,
em pormenor, subgrupos de imigrantes de países
ou regiões de países específicas para análises mais
aprofundadas.
CONCLUSÕES
Os resultados evidenciam oportunidades de ação
e intervenção ao nível das comunidades imigrantes
e dos profissionais de saúde. Entre outros aspetos,
é importante promover, nas comunidades
imigrantes, ações de divulgação de informação
sobre os serviços e os direitos em saúde destas
populações. É pertinente investir na formação dos
profissionais em termos de conhecimentos e
competências para lidar com a diversidade cultural,
assumindo que a prestação de cuidados deve
garantir qualidade clínica mas também ser sensível
e culturalmente adequada. Um desafio importante
é promover a participação dos grupos enquanto
parceiros na identificação de barreiras no acesso e
utilização dos serviços e no desenvolvimento de
estratégias efetivas para melhoria da qualidade dos
serviços. Nas investigações futuras, será
importante
explorar
estas
perspetivas,
nomeadamente no que respeita à avaliação da
qualidade e satisfação dos cuidados de saúde.
AGRADECIMENTOS
Este estudo foi financiado pela Fundação para a
Ciência
e
a
Tecnologia
(IME/SAUESA/81760/2006).
Os
autores
agradecem a todas os participantes do estudo e aos
membros da equipa de projeto, especialmente
António Carlos Silva, Helena Cargaleiro, Rosário
Horta, Miguel Lemos, Mário Carreira, Maria
Cortes e Violeta Alarcão.
CONFLITO DE INTERESSES
Os autores declaram não ter nenhum conflito de
interesses relativamente ao presente artigo.
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