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Relativamente à forma de ultrapassar as

dificuldades linguísticas que surgem no

relacionamento dos imigrantes com os

profissionais, reconhecidas por todos como

entraves à utilização dos serviços, verifica-se

que enquanto os imigrantes referiram que os

profissionais de saúde nunca chamam outro

profissional, estes consideraram fazê - lo

algumas vezes (Tabela 7). No que concerne a

chamar um familiar ou amigo do imigrante, os

imigrantes referiram que os profissionais

nunca o fazem, enquanto estes referiram fazê-

lo algumas vezes. Relativamente a recorrer a

um intérprete para ultrapassar as dificuldades

linguísticas, os três grupos concordaram: o

mais frequente é nunca o fazerem.

Tabela 7

Estratégias adotadas para as dificuldades linguísticas.

Estratégias para ultrapassar as dificuldades

linguísticas

Imigrantes

Profissionais de saúde

Médicos/Enfermeiros

Administrativos

% (n)

% (n)

% (n)

Chamar outro profissional

de saúde

Nunca

88,1 (882)

7,3 (14)

3,7 (4)

Quase nunca

5,0 (50)

13,0 (25)

23,4 (25)

Algumas vezes

5,0 (50)

42,0 (81)

52,3 (56)

Muitas vezes

0,4 (4)

31,1 (60)

13,1 (14)

Sempre

1,5 (15)

6,7 (13)

7,5 (8)

Chamar um familiar ou

amigo

Nunca

84,4 (843)

1,5 (3)

14,6 (15)

Quase nunca

4,7 (47)

5,6 (11)

34,0 (35)

Algumas vezes

7,1 (71)

35,4 (70)

40,8 (42)

Muitas vezes

1,7 (17)

43,4 (86)

7,8 (8)

Sempre

2,1 (21)

14,1 (28)

2,9 (3)

Recorrer a um intérprete

Nunca

95,1 (949)

81,4 (153)

78,5 (73)

Quase nunca

2,3 (23)

9,6 (18)

14,0 (13)

Algumas vezes

1,5 (15)

7,4 (14)

6,5 (6)

Muitas vezes

0,1 (1)

1,1 (2)

0

Sempre

1,0 (10)

0,5 (1)

1,1 (1)

DISCUSSÃO

Este estudo permitiu conhecer as perceções de

imigrantes e de profissionais sobre questões

relacionadas com a procura de cuidados de saúde e

dificuldades na utilização dos serviços por parte

das populações imigrantes, procurando identificar

as concordâncias e discrepâncias nas perceções

entre os diferentes grupos. Do que é conhecido,

este é um dos poucos estudos desenvolvidos com

vista a compreender ambas as perspetivas sobre

esta temática.

É de salientar que se assistiu a uma divergência

entre imigrantes e profissionais sobre os principais

motivos que levam os imigrantes a recorrerem aos

serviços de saúde. Os profissionais, principalmente

os médicos e enfermeiros, consideraram, como

motivos

frequentes,

as

consultas

de

enfermagem/tratamentos,

as

de

saúde

infantil/vacinação

e

de

planeamento

familiar/gravidez, ao contrário dos imigrantes - a

maior parte referiu raramente recorrer aos serviços

para esses efeitos, mas frequentemente fazê-lo para

consultas de acompanhamento ou rotina, para

realização de exames complementares ou em