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No que toca à prática de Medicina das Viagens

e, em particular, ao manuseio dos doentes que

adquirem patologias durante a viagem, duas redes

têm vindo a desenvolver atividades significativas

no espaço europeu. O seu conhecimento por parte

do profissional que quer desenvolver uma prática

de Medicina das Viagens consistente é importante.

A

European Travel Medicine Network

(EuroTravNet), fundada em 2008 com o apoio do

European Centre for Disease Prevention and

Control

(ECDC), visa estabelecer uma rede de

profissionais especialistas em Medicina das

Viagens e Medicina Tropical para fornecer apoio à

deteção, verificação, avaliação e comunicação de

doenças transmissíveis associadas às viagens, de

maneira a contribuir para a identificação e

manuseio

das

infeções

importadas

(

http://www.istm.org/eurotravnet/main.html)

. Os

membros fundadores desta rede pertencem ao

GeoSentinel Global Surveillance Network

(GeoSentinel), uma rede mundial de colheita de

dados para vigilância de morbidade associada às

viagens; trata-se de uma rede mundial de clínicas

de Medicina das Viagens e Medicina Tropical,

iniciada em 1995 pela

International Society of

Travel Medicine

(ISTM) e pelo CDC.

A rede

European Network for TropicalMedicine

and Travel Health

(TropNet) foi inicialmente

estabelecida

em

1999

para

vigilância

epidemiológica de doenças infeciosas importadas

para a Europa. Trata-se da maior rede europeia de

Medicina Tropical e Medicina das Viagens,

congregando 68 centros especializados. Em 2010,

a rede foi reestruturada e os seus objetivos revistos,

de forma a não duplicar os esforços desenvolvidos

pela rede

EuroTravNet

. A ênfase deixou, portanto,

de ser na vigilância epidemiológica rotineira e

passou a ser em eventos fora do padrão habitual,

bem como no manuseio de casos incomuns e

complexos de patologias associadas às viagens. Os

seus objetivos atuais incluem a constituição de uma

plataforma de investigação colaborativa, de forma

a obter diretrizes consensuais europeias baseadas

na evidência, no contexto do ensino e treino em

Medicina Tropical e Medicina das Viagens

(

http://www.tropnet.net/

).

Tanto a

EuroTravNet

como a

TropNet

constituem fóruns de discussão especializada sobre

Medicina das Viagens, dos quais se espera que

venham a emergir evidências científicas que

deverão permitir avanços importantes nesta área.

Ainda que a inclusão nestas redes seja por convite,

os seus sítios eletrónicos apresentampartes abertas

ao público que disponibilizam informação valiosa

sobre vigilância epidemiológica, investigação,

prática clínica e atividades de formação, com

ênfase na visão e aproximação europeias da

Medicina das Viagens e da Medicina Tropical.

Portugal, país com cada vez mais viajantes para

regiões tropicais, tem vindo a perder alguma da

experiência na identificação e manuseamento

clínico de doentes com patologias importadas.

Estamos neste momento a implementar a criação

da “Rede de Doenças Tropicais em Português”

(ReDTrop), destinada àqueles que desejam

interagir regularmente com os problemas

relacionados com a Medicina Tropical e Saúde dos

migrantes/viajantes no espaço lusófono, de forma a

disseminar informação sobre as doenças infeciosas

importadas, mantendo uma rede colaborativa entre

profissionais que lidam com estas patologias. Será

possível, assim, criar um consenso lusófono para o

diagnóstico, terapêutica e medidas preventivas a

serem adotadas/sugeridas nos viajantes/migrantes

relativamente às doenças infeciosas, fornecendo as

bases para estratégias de intervenção para

prevenção e manuseio destas doenças, a serem

implementadas pelas autoridades de Saúde Pública.

Esta rede, funcionando sob a forma de lista de

correio e moderada pelos médicos do Instituto de

Higiene e Medicina Tropical, será a forma mais

eficaz de fornecer as bases para uma colaboração

permanente entre os centros lusófonos e europeus

que lidam com a Medicina das Viagens e Medicina

Tropical.

Em Medicina das Viagens, o acesso à

informação é crítico para que o profissional possa

obter uma avaliação correta dos riscos. Graças às

tecnologias informáticas, os viajantes têm também

atualmente acesso a um volume importante de

informação para um determinado destino/viagem.

A consulta de aconselhamento transforma-se,

assim, num diálogo, numa transmissão bidirecional

de informação, com a qual os dois participantes

aprendem. As experiências, boas e más, vividas

pelo viajante e pelo profissional de saúde em

viagens anteriores, formam também um corpo

importante de conhecimento que moldam

igualmente a perceção do risco.

Informação em Medicina das Viagens está

frequentemente associada à má informação, pouca

informação e, em muitos casos, à não informação.

Existe uma dificuldade crescente na caracterização

da sua qualidade, se correta ou incorreta, se

aplicável a determinada situação, viajante ou

viagem, sobretudo porque a quantidade de

informação a que todos temos acesso é

avassaladora. Existe ainda ou outro problema

associado à qualidade de informação em Medicina

do Viajante: a sua atualidade. Em nenhuma outra