Table of Contents Table of Contents
Previous Page  117 / 202 Next Page
Information
Show Menu
Previous Page 117 / 202 Next Page
Page Background

117

pessoa que não nasceu em Portugal e que imigrou

com fins de instalação no país (IOM, 2004)) e ter

18 anos ou mais. Este processo de amostragem foi

repetido sucessivamente até se obter o tamanho da

amostra definido.

A aplicação dos questionários foi efetuada por

entrevistadores devidamente treinados para o efeito

e oriundos das comunidades em estudo. O

questionário incluiu perguntas sobre características

sociodemográficas, estado de saúde e práticas de

saúde, semelhantes às utilizadas no Inquérito

Nacional de Saúde de 2005-2006 (INE/INSA,

2009). Utilizou-se a medida de estado de saúde

reportado (Kaplan e Baron-Epel, 2003). Na

investigação epidemiológica, a perceção do estado

de saúde tem sido utilizada como uma medida

próxima do estado de saúde dos indivíduos, sendo

considerada um indicador poderoso e fiável de

morbilidade e mortalidade (Idler e Benyamini,

1997).

Todos os participantes consentiram, de forma

informada e voluntária, em participar no estudo,

tendo-lhes sido garantido o anonimato e a

confidencialidade dos dados.

Realizaram-se

análises

descritivas

das

características dos participantes. Procedeu-se a

uma comparação de proporções de mulheres e

homens relativamente às variáveis sobre estado de

saúde e práticas de saúde. Esta opção baseou-se na

evidência de que o género é um dos determinantes

sociais na saúde mais influentes (Sen

et al.

, 2007).

Para analisar as diferenças de género, foramusados

o teste do Qui-quadrado e o teste de Fisher, quando

apropriados.

A variável “estado de saúde reportado” foi

medida através da pergunta “De uma maneira geral

como avalia o seu estado de saúde” com 5 opções

de resposta: “muito mau”, “mau”, “razoável”,

“bom” e “muito bom”. Para análise dos dados, esta

variável foi transformada numa variável binária

com as opções de resposta “bom/muito bom” e

“razoável/mau/muito mau”. A agregação das

categorias de resposta escolhida é consistente com

investigações anteriores (Jayaweera e Quigley,

2010).

Realizaram-se duas análises de regressão

logística, uma para mulheres e outra para homens,

para examinar a contribuição das variáveis

explicativas

(variáveis

demográficas,

socioeconómicas e comportamentais) para a

diferença entre géneros no estado de saúde

reportado. Para todas as variáveis explicativas, são

apresentados os níveis de significância, os

odd

ratios

(OR) e os respetivos intervalos de confiança

a 95% (IC

95%

). A análise estatística dos dados foi

realizada através do programa SPSS 19.0.

RESULTADOS

Caracterização dos participantes

A idade média dos imigrantes inquiridos é de

35,9 ± 12,11 anos, sendo similar nos homens e nas

mulheres (Tabela 1). O tempo de residência em

Portugal é, em média, 7,8 ± 8,1 anos. As mulheres

residem, em média, há mais tempo do que os

homens.

As três comunidades estudadas apresentamuma

distribuição equilibrada de indivíduos, sendo a

comunidade brasileira a mais representada (38%),

seguindo-se a africana (32,6%) e a da Europa de

Leste (29,4%). Apenas a comunidade africana tem

maior representatividade feminina. Na comunidade

brasileira e na da Europa do Leste, há uma maioria

de homens.

A maioria dos elementos da amostra é casada

(46,3%) e apenas 10,3% é divorciada ou viúva. A

distribuição de imigrantes casados é semelhante em

ambos os sexos. No entanto, há maior proporção de

homens solteiros e de mulheres viúvas ou

divorciadas.

A grande maioria dos imigrantes tem estatuto

regular (74,3%) mas cerca de um quarto encontra-

se em situação irregular. A proporção de homens

com estatuto irregular é superior à das mulheres. A

distribuição dos inquiridos pelos níveis de

escolaridade é praticamente idêntica, com 35,4%

tendo frequentado até ao ensino básico e 33,6% o

ensino secundário. Apesar de serem as mulheres as

mais representadas no nível de escolaridade

superior, são igualmente elas que representam

maior percentagem com ensino básico. Mais de

metade dos imigrantes reporta os seus rendimentos

como insuficientes (56,9%), sendo esta

percentagem mais elevada nas mulheres (58,9%)

do que nos homens (45,2%). A maioria dos

elementos da amostra encontra-se empregada

(67,4%), havendo um equilíbrio entre a proporção

de homens e de mulheres.