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RODRIGUES, Olívia Roos (2009) Análise funcional da imunidade

celular na infecção por Leishmania Infantum, Dissertação de

Doutoramento no ramo de Ciências Biomédicas, especialidade de

Parasitologia. IHMT. Lisboa.

Resumo:

Leishmania infantum

é o agente responsável pela leishmaniose

visceral zoonótica, uma parasitose frequentemente caracterizada por

alterações específicas da imunidade celular e parasitismo progressivo. Sabe-se

actualmente que as células T reguladoras (Treg) são na verdade linfócitos T

que se encontram directamente envolvidos na indução de mecanismos de

imunossupressão da resposta imunológica durante infecções crónicas, como

por exemplo

Leishmania

. Deste modo, este estudo tem como objectivo analisar

o papel das Treg durante a infecção com

L. infantum

em modelo animal

susceptível. Os resultados obtidos indicam que os linfócitos T CD4+CD25+

estão presentes em murganhos BALB/c infectados com

L. infantum

e exibem

características fenotípicas e funcionais de Treg. A detecção de níveis elevados

de expressão do gene

foxp3

e do marcador de superfície E7 integrina (CD103)

sugere a predisposição para a retenção de Treg nos locais preferenciais de

infecção por

L. infantum

, como é o caso do baço e dos gânglios linfáticos,

influenciando a resposta local e induzindo susceptibilidade. No entanto, apesar

de neste modelo de infecção se ter observado parasitismo crónico no baço e

no fígado não parece ter havido uma resposta Th polarizada o que pode estar

relacionado com a expansão de Treg. Linfócitos T CD4+CD25+ que expressam

Foxp3 demonstraram ter capacidade de produzir TGF-, contribuindo para a

imunossupressão e controlo da imunopatologia induzida pelo parasita.

Supreendentemente, linfócitos T CD4+CD25-Foxp3- produtores de IL-10

também foram identificados como fonte adicional de IL-10, representando uma

sub-população de linfócitos T reguladores do tipo 1 (Tr1) cuja diferenciação foi

induzida pelo parasita. Estes resultados sugerem que diferentes tipos de

células T reguladoras podem ser estimuladas durante a resposta imunológica à

infecção por

L. infantum,

contribuindo para a persistência do parasita e o

estabelecimento da infecção crónica neste modelo experimental. Tendo

demonstrado que a imunossupressão mediada por Treg é evidente no modelo

susceptível de

L. infantum

, o próximo passo seria verificar se num modelo

experimental de resistência, a supressão evidenciada pelas Treg seria regulada

ou não pelo parasita, representando deste modo o desenvolvimento pelo

parasita de uma estratégia para promover a expansão de células

imunossupressivas e a inibição da resposta efectora do hospedeiro, isto é

regulando os reguladores. Assim para estudar a função imunossupressora das

Treg induzida por

L. infantum

e os mecanismos envolvidos na interacção

hospedeiro-parasita e na regulação imunológica, a segunda parte deste estudo

avalia o papel do receptor TLR-2 na função das Treg durante a infecção

experimental por

L. infantum

e analisa a influência deste receptor na cinética

das Treg, na resposta imunológica e na patologia. Para tal, murganhos

mutantes C57BL/6 para o gene TLR-2 (TLR-2-/-) e os murganhos ―wild-type‖

C57BL/6 foram infectados com

L. infantum

. A análise comparativa foi efectuada

de modo a verificar se a presença ou ausência de TLR-2 produz um efeito

diferencial nos parâmetros do hospedeiro associados à dinâmica das Treg e à

imunidade protectora. A ausência de sinalização TLR-2 teve um efeito visível

no desenrolar da infecção. Elevadas taxas de multiplicação do parasita foram

observados no baço e fígado dos murganhos TLR-2-/- apesar de se ter

evidenciado a presença de granulomas hepáticos aparentemente bem