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bovina incluem a erradicação ou redução de carraças, correcto diagnóstico,
assim como tratamento e vacinação apropriados. Este trabalho tem como
objectivo contribuir para um melhor diagnóstico da infecção e a consequente
melhoria de algumas das medidas de controlo, bem como identificar e
caracterizar genes de proteases utilizados para o desenvolvimento de um
método de diagnóstico e estudados como potenciais alvos para fármacos.
Para este estudo, foi realizado um trabalho de colaboração em Moçambique,
onde foram colhidas amostras de sangue de bovinos naturalmente infectados,
em cinco explorações situadas na província de Maputo, no sul do país. Um
novo método de detecção molecular por PCR foi desenvolvido e testado
utilizando DNA genómico e amostras de campo aleatórias colhidas numa das
explorações. Os iniciadores de PCR foram desenhados com base no gene
putativo da protease aspártica babesipsina-1 identificado nos genomas de
Babesia bigemina
e de
B. bovis
. O novo
seminested hot-start
PCR foi
desenvolvido utilizando a combinação de iniciadores longos de 30 pb de
comprimento e uma
hot-start
polimerase, que permitem teoricamente a
utilização de temperaturas de emparelhamento acima da temperatura de
melting
, impedindo assim a formação de amplificações não específicas, o que
aumenta a especificidade do método.
O novo
seminested hot-start
PCR foi avaliado utilizando 117 amostras de
campo, e em paralelo com um método amplamente utilizado, o nested PCR. O
seminested hot-start
PCR neste estudo foi mais sensível que o nested PCR.
Com o
seminested hot-start
PCR, 90% das amostras foram positivas para
B.
bigemina
, e 82% foram positivas para
B. bovis
. Os resultados sugeriram que a
babesiose bovina é comum e endémica em Moçambique, e que a doença se
encontra numa situação de estabilidade endémica.
O estudo do estado da babesiose bovina em Moçambique, foi então
aprofundado, através da análise de amostras de campo aleatórias de mais
quatro explorações utilizando o
seminested hot-start
PCR. Todas as amostras
das cinco explorações foram também analisadas utilizando o RLB, e os
resultados deste método foram comparados com os dados obtidos pelo
seminested hot-start
PCR. A detecção de
Babesia
spp. diferiu
significativamente entre os métodos utilizados e os locais de recolha. Com o
seminested hot-start PCR
, a detecção de
B. bigemina
nas várias explorações,
variou entre 30% e 89%, com uma detecção total de 61%, e a detecção de
B.
bovis
variou entre 27% e 83% com uma frequência global de 53%. Utilizando o
RLB, não foi detectado
B. bigemina
e a detecção de
B. bovis
variou entre 0% e
17% com uma frequência total de 5,1%. A análise de novas sequências do
gene 18S rRNA, revelou que a actual sonda do RLB para
B. bigemina
não é
adequada para a detecção de todos os isolados desta espécie identificados em
Moçambique. O
seminested hot-start
PCR foi portanto mais sensível que o
RLB. No entanto, dez espécies diferentes dos quatro Géneros
Anaplasma
,
Babesia
,
Ehrlichia
e
Theileria
foram detectadas pelo ensaio RLB, e isso
demonstra que as infecções múltiplas são comuns em Moçambique.
Os resultados deste estudo mostram que a babesiose bovina é comum na
província de Maputo, e também que existem alguns locais com baixa
prevalência de infecções, e portanto, os resultados sugerem que esta doença
não está numa situação de estabilidade endémica na província de Maputo. São
agora necessários novos estudos epidemiológicos para confirmar estes
resultados.
Tem sido demonstrado que as proteases têm papéis essenciais em parasitas
protozoários e estão sob estudo como promissores alvos de fármacos.
Algumas proteases cisteínicas de parasitas protozoários, são já reconhecidos