Table of Contents Table of Contents
Previous Page  96 / 124 Next Page
Information
Show Menu
Previous Page 96 / 124 Next Page
Page Background

96

bovina incluem a erradicação ou redução de carraças, correcto diagnóstico,

assim como tratamento e vacinação apropriados. Este trabalho tem como

objectivo contribuir para um melhor diagnóstico da infecção e a consequente

melhoria de algumas das medidas de controlo, bem como identificar e

caracterizar genes de proteases utilizados para o desenvolvimento de um

método de diagnóstico e estudados como potenciais alvos para fármacos.

Para este estudo, foi realizado um trabalho de colaboração em Moçambique,

onde foram colhidas amostras de sangue de bovinos naturalmente infectados,

em cinco explorações situadas na província de Maputo, no sul do país. Um

novo método de detecção molecular por PCR foi desenvolvido e testado

utilizando DNA genómico e amostras de campo aleatórias colhidas numa das

explorações. Os iniciadores de PCR foram desenhados com base no gene

putativo da protease aspártica babesipsina-1 identificado nos genomas de

Babesia bigemina

e de

B. bovis

. O novo

seminested hot-start

PCR foi

desenvolvido utilizando a combinação de iniciadores longos de 30 pb de

comprimento e uma

hot-start

polimerase, que permitem teoricamente a

utilização de temperaturas de emparelhamento acima da temperatura de

melting

, impedindo assim a formação de amplificações não específicas, o que

aumenta a especificidade do método.

O novo

seminested hot-start

PCR foi avaliado utilizando 117 amostras de

campo, e em paralelo com um método amplamente utilizado, o nested PCR. O

seminested hot-start

PCR neste estudo foi mais sensível que o nested PCR.

Com o

seminested hot-start

PCR, 90% das amostras foram positivas para

B.

bigemina

, e 82% foram positivas para

B. bovis

. Os resultados sugeriram que a

babesiose bovina é comum e endémica em Moçambique, e que a doença se

encontra numa situação de estabilidade endémica.

O estudo do estado da babesiose bovina em Moçambique, foi então

aprofundado, através da análise de amostras de campo aleatórias de mais

quatro explorações utilizando o

seminested hot-start

PCR. Todas as amostras

das cinco explorações foram também analisadas utilizando o RLB, e os

resultados deste método foram comparados com os dados obtidos pelo

seminested hot-start

PCR. A detecção de

Babesia

spp. diferiu

significativamente entre os métodos utilizados e os locais de recolha. Com o

seminested hot-start PCR

, a detecção de

B. bigemina

nas várias explorações,

variou entre 30% e 89%, com uma detecção total de 61%, e a detecção de

B.

bovis

variou entre 27% e 83% com uma frequência global de 53%. Utilizando o

RLB, não foi detectado

B. bigemina

e a detecção de

B. bovis

variou entre 0% e

17% com uma frequência total de 5,1%. A análise de novas sequências do

gene 18S rRNA, revelou que a actual sonda do RLB para

B. bigemina

não é

adequada para a detecção de todos os isolados desta espécie identificados em

Moçambique. O

seminested hot-start

PCR foi portanto mais sensível que o

RLB. No entanto, dez espécies diferentes dos quatro Géneros

Anaplasma

,

Babesia

,

Ehrlichia

e

Theileria

foram detectadas pelo ensaio RLB, e isso

demonstra que as infecções múltiplas são comuns em Moçambique.

Os resultados deste estudo mostram que a babesiose bovina é comum na

província de Maputo, e também que existem alguns locais com baixa

prevalência de infecções, e portanto, os resultados sugerem que esta doença

não está numa situação de estabilidade endémica na província de Maputo. São

agora necessários novos estudos epidemiológicos para confirmar estes

resultados.

Tem sido demonstrado que as proteases têm papéis essenciais em parasitas

protozoários e estão sob estudo como promissores alvos de fármacos.

Algumas proteases cisteínicas de parasitas protozoários, são já reconhecidos