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estágio, não foram observadas diferenças na distribuição
dos bolseiros por grau académico, profissão e especialida-
de (quadro 2).
À exceção de um, todos os bolseiros regressaram à institui-
ção de origem e quase todos ao serviço de origem e a cargo
profissional de nível hierárquico semelhante ao de origem
(quadros 2 e 3).A maioria (n=39; 92,9%) referiu não ter
exercido fora do país de origem desde o estágio.
Após o estágio, observou-se o aumento do número de
profissionais em cargos de chefia de 16 para 22, distribuí-
dos por todos os países parceiros, bem como a subida de
grau académico de seis bolseiros: passagem de bacharelato
a licenciatura em dois bolseiros de CaboVerde, e de licen-
ciatura a mestrado em três bolseiros de Moçambique e um
deAngola.
A
valiação da
formação
e
parcerias
Dos bolseiros respondentes, 90,5% (n=38) referiu ter
alcançado os objetivos do estágio e 100% avaliaram glo-
balmente a formação como positiva, aconselhando todos
à exceção de um médico, a replicação da experiência for-
mativa em estágios futuros. Dificuldades relacionais com
os orientadores e reduzida duração do estágio foram refe-
ridos como motivos impeditivos do alcance dos objetivos
do estágio.
Trinta e seis (66,7%) bolseiros referiram ter realizado
ações de formação durante o estágio em áreas como car-
diologia, suporte avançado de vida e infeção hospitalar.
À exceção de um, todos os respondentes a esta questão
(n=41) referiram ter aprendido ou aperfeiçoado as suas
capacidades de execução técnica e 75,6% (n=31) referi-
ram a aprendizagem ou aperfeiçoamento das técnicas de
gestão. Responderam negativamente bolseiros do sexo fe-
minino, tendo sido esta a única variável de resultado com
diferença significativa entre os sexos (p=0,016).
Após a conclusão do estágio, no regresso à atividade profis-
sional, 97,5% (n=39) dos bolseiros respondentes referiu
ter sentido evolução positiva na integração de conhecimen-
tos científicos e técnicos e 92,7% (n=38) na capacidade de
execução técnica.Amaioria dos respondentes referiu tam-
bém evolução positiva na utilização de terminologia e lin-
guagem técnica (n=32; 78,0%), na capacidade de trabalho
(n=33; 80,5%), na valorização da progressão profissional
(n=30; 70,5%), na responsabilidade profissional (n=33;
84,6%) e na motivação profissional (n=32; 86,5).
A aquisição de novas competências profissionais durante
o estágio foi referida por 79,5% (n=31) respondentes e
92,5% (n=37) referiu ter contribuído para a inovação ou
melhoria na instituição de acolhimento.A formação inter-
pares após o regresso do estágio foi referida por 92,3%
(n=36) e 53,8% (n=21) referiu ter assumido funções de
formação profissional.
A análise das respostas às questões abertas do questionário
dos bolseiros mostrou concordância com as respostas às
questões fechadas, para todas as variáveis.
A análise das respostas dos questionários aplicados aos
orientadores dos estágios, mostrou que sete dos oito res-
pondentes avaliaram positivamente os estágios que orien-
taram e aconselharam a sua replicação a outros potenciais
candidatos.
Dos 40 bolseiros respondentes à questão das parcerias,
32,5% (n=13) referiu não ter conhecimento sobre o es-
tabelecimento ou reforço de parcerias entre as instituições
de origem e de acolhimento após o estágio. Dos restantes
27 bolseiros, 16 referiram o estabelecimento ou reforço
de parcerias interinstitucionais.
Dos nove orientadores de estágio respondentes ao questio-
nário, quatro referiram o estabelecimento ou reforço de
parcerias.
Discussão
Perfil sociodemográfico e profissional
dos bolseiros à data do Concurso
A análise do perfil sociodemográfico e profissional dos
99 bolseiros que beneficiaram do Concurso entre 2011 e
2016, revelou uma população com uma idade média de
36 anos, maioritariamente do sexo feminino, oriunda de
todos os PALOP e deTimor-Leste, e na sua maioria consti-
tuída por médicos. O perfil sociodemográfico identificado
na totalidade da população de estudo é expressivo. Contu-
do, a reduzida dimensão dos participantes por edição e, ou,
por país de origem, limitou a análise pelos respetivos es-
tratos. Na análise do perfil sociodemográfico e profissional
dos bolseiros optou-se por utilizar exclusivamente a base
de dados secundários, o que limitou o perfil às respetivas
variáveis.
A razão mulher/homem observada nos bolseiros foi in-
versa à observada nos profissionais de saúde que exercem
em grande número de países do mundo [1,25], parti-
cularmente nos de médio e baixo rendimento em geral
[24], e nos PALOP em particular [3,26], pese embora a
insuficiência da evidência disponível [3]. Seria interessante
analisar os motivos pelos quais maior número de mulhe-
res e de mulheres médicas tem concorrido ao Concurso,
admitindo-se que possa traduzir necessidades de formação
e de afirmação específicas nos respetivos países, e, ou, mo-
tivações específicas na adesão. O facto desta iniciativa não
partir de uma nomeação institucional,mas sim de uma ini-
ciativa própria poderá, também, pesar no sentido da razão
mulher/homem encontrada.
A análise da distribuição de todos os bolseiros pelas insti-
tuições de origem, pelas instituições de acolhimento e por
área de estágio é consistente com os termos de referência e
procedimentos do Concurso. ExcluindoTimor-Leste pelo
reduzido número de participantes, observou-se grande