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S37

A n a i s d o I HM T

dores no que diz respeito à seleção de questões de avaliação,

aos atores chave e aos potenciais utilizadores, aos métodos

de recolha de dados e de elaboração dos relatórios. No

artigo ressaltam as tensões que se colocam em termos de

perceção sobre o rigor da avaliação e as expressões indianas

locais de conhecimento e quadros hierárquicos impostos,

tanto interna como externamente.

5.

Os Determinantes Sociais da Equidade naAva-

liação de Desenvolvimento Internacional

Robertson [5] (no número especial em análise) analisa os

documentos de orientação de avaliação centrados na equi-

dade publicados por grandes organizações internacionais de

desenvolvimento (N=21).No artigo o autor analisa emque

medida a política de avaliação do desenvolvimento inter-

nacional e os documentos de orientação prática fornecem

recomendações para considerar as barreiras à equidade so-

cial e à igualdade em várias etapas do processo de avaliação,

com implicações para a qualidade da avaliação, a capacidade

de resposta cultural e a descolonização da avaliação.

A importância de incluir a equidade e o género nos estudos

de avaliação vem sendo abordada [5]. O conceito de “

ava-

liação focada na equidade

” é definido como: uma avaliação do

que “

funciona e o que não funciona para reduzir a desigualdade

” e

dos “

resultados pretendidos e não intencionais para os grupos mais

desfavorecidos, bem como as lacunas entre os grupos mais, menos e

medianamente desfavorecidos

” [9]. Ou seja, são avaliações que

observam explicitamente as dimensões de equidade das in-

tervenções.

É ainda considerado que, apesar do recente aumento das

publicações de avaliação focadas na equidade, a literatura e a

orientação sobre este tipo de avaliação ainda estão emergin-

do e são algo limitadas [9].

Robertson [5] identificou as lacunas existentes na literatu-

ra de avaliação de desenvolvimento internacional que tem

importantes implicações práticas e teóricas para a qualidade

do desenho,métodos e relatórios de avaliação num contex-

to de avaliação focado na equidade.

Na análise que Robertson [5] efetuou dos documentos

orientadores da avaliação de desenvolvimento internacio-

nal, a autora considerou as dimensões cultura e contexto,

tendo colocado as seguintes questões:

De que forma é situado o conceito de cultura nas definições

de avaliação, nas práticas metodológicas, numa perspetiva

de saúde global?

Como é que a cultura é conceptualizada nos contextos de

desenvolvimento internacional e qual o grau de inclusão

das culturas locais, indígenas e até certo ponto extrema-

mente marginalizadas, neste diálogo?

Embora o autor [5] reconheça algum progresso, considera

ainda haver “espaço para melhoria” em termos de clareza

e direção da linguagem nos documentos de orientação de

avaliação e em termos de qualidade e nível de detalhes so-

bre como abordar os determinantes sociais da equidade em

avaliação.

6.

Sistemas globais transculturais: em busca de

avaliadores de

mármore azul

Patton [6] (no número especial em análise) começa por

apresentar o que considera ser a “cultura de inquérito” cen-

trada numa perspetiva de avaliação com foco no Estado-

-nação como unidade de análise (o avaliado), fazendo uma

sugestão de mudança para uma “perspetiva transcultural”

que é global e inclui aTerra e todos os seus habitantes como

unidade de análise. O autor argumenta que os problemas

globais exigem um pensamento global, uma mudança de

paradigma que se afaste de uma avaliação internacional com

foco nos estados nacionais para uma perspetiva de avaliação

dos sistemas globais. É uma abordagem provocadora que

exige o reforço das capacidades e competências dos ava-

liadores que já detêm competências de análise de sistemas

globais (por exemplo, aqueles que possuem perspetivas

globais, conhecimento de sistemas mundiais, competências

de análise de sistemas globais e redes em sistemas globais

emmudança).

Avaliação dos sistemas transculturais globais

Para Patton [6], uma perspetiva transcultural coaduna-se

com uma abordagem descolonizadora da avaliação, pois é

inclusiva das perspetivas locais, indígenas, integradas num

quadro transcultural global. Nos últimos 15 anos registou-

-se um crescimento significativo da avaliação intercultural e

internacional. O reconhecimento da importância de com-

preender a dimensão intercultural tem aumentado à me-

dida que a avaliação se vem tornando mais internacional.

Ou seja, o facto de a avaliação se internacionalizar trouxe a

necessidade de considerar a dimensão cultural.

Fazer da cultura a unidade de análise e o foco de investigação

chama a atenção para a dinâmica transcultural e, especial-

mente, os conflitos interculturais, sejam eles manifestados

em epistemologias opostas (ciência ocidental versus formas

indígenas de conhecimento), dinâmicas de poder (desen-

volvimento feito

às

pessoas em vez de

com

as pessoas), agen-

das opostas (mandatos e planos das agências internacionais

versus necessidades reais das populações locais e interesses

autodeterminados), diferentes níveis de resultados (resulta-

dos individuais versus impactos da comunidade) e objetivos

de avaliação conflituantes (responsabilidade versus apren-

dizagem).

Descolonização da avaliação

O processo de descolonização da avaliação requer uma

avaliação cultural e contextualmente sensível que seja au-

têntica e comprometida dialogicamente, inclusiva, refle-

xiva, capacitante, mutuamente respeitosa, consciente da

complexidade e transformadora. Tais avaliações não são