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A n a i s d o I HM T
três aspectos anteriores de uma forma muito concreta (fig.
2). Esta abordagem de definição de prioridades, desenvol-
vida em colaboração com os vários parceiros, inclui:
1. Avaliação da situação (i.e. perceber os proble-
mas);
2. Definir contexto;
3. Seleção do método de investigação pretendido;
4. Planear para uma adequada definição de prio-
ridades;
5. Definição de prioridades; e,
6. Operacionalizar as prioridades de investigação em
saúde (e.g. definir concursos para áreas específicas);
Dada a importância da Saúde Pública no espaço lusófono,
largamente dependentes de intervenções nas comunida-
des e envolvendo uma miríade de parceiros, estas orien-
tações são fundamentais para a coesão das equipas mas
sobretudo para que os resultados tenham impacto.
O espaço lusófono beneficia ainda de uma grande diver-
sidade de contextos que não só permitem compreen-
der diferentes realidades mas também gerar conheci-
mento, de alternativas distintas, donde a importância
da equidade como mecanismo de sustentabilidade das
intervenções.
A diversidade e a complexidade inerente à Saúde Pú-
blica e aos contextos de intervenções em Saúde Pública
trazem desafios importantes e que estes quadros de re-
ferência contribuem com pistas para a sua mitigação.
Os exemplos do Brasil e de Portugal trazem mais de-
talhe concreto e contributos da evidência desta aborda-
gem que ajudam a elucidar os políticos.
Desta forma, cada caso vai ser organizado da seguinte
forma:
I.
Contexto, objetivos do projeto de investigação
e parceiros envolvidos;
II.
Como o projeto contribuiu para aumentar a
capacidade de investigação dos países em desen-
volvimento, ou dos parceiros com os quais se faz
investigação;
III.
Como o projeto contribuiu para melhorar a
apropriação local da investigação, dos seus resulta-
dos e benefícios;
IV.
Como o projeto contribuiu para reduzir os ris-
cos de credibilidade e “reputacionais” e melhorar o
impacto social;
V.
Como o projeto envolve os parceiros na defi-
nição das prioridades e objetivos de investigação
(COHRED);
Resultados
Aplicando-se o quadro de referência apontado no pon-
to anterior, sucessivamente ao Brasil e a Portugal.
Exemplos de investigação equitativa no Brasil
Do lado do Brasil, experiências interessantes vêm sen-
do desenvolvidas no tocante ao avanço dos sistemas de
serviços de saúde para produção da equidade em Saúde
Pública. Como exemplo, os trabalhados sob a liderança
do Grupo de Estudos Epidemiológicos e Operacionais
da Rede Brasileira Pesquisa em Tuberculose (GEOTB)
e do Grupo de Altos Estudos de Avaliação de processos
e práticas da Atenção Primária à Saúde e Enfermagem
– GAAPS, que tem como premissa oferecer suporte
aos processos decisórios na Atenção Primária à Saúde
(APS), subsidiando a identificação de problemas, ava-
liando o impacto destas práticas e auxiliando na reo-
rientação das ações e serviços prestados à população,
incluindo a prática por trabalhadores de saúde. Para
este fim, são utilizadas ferramentas específicas como a
epidemiologia e indicadores de desempenho em saúde.
Relevantes produtos vem sendo propiciado por estes
grupos, como um projeto multicêntrico intitulado “
A
mortalidade por tuberculose e sua relação com as iniquidades
sociais: um estudo multicêntrico
” (2015-2017) com financia-
mento da Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de
São Paulo (FAPESP) que tem como objetivo primário a
avaliação do impacto das iniquidades da mortalidade por
tuberculose em diferentes macrorregiões do Brasil como
Manaus (AM), Natal (RN), São Luis (MA), Cuiabá (MT),
Ribeirão Preto (SP), Curitiba (PR) e Foz do Iguaçu (PR)
(figura 3). Cenários estes que foram seleccionados na
conveniência dos autores da pesquisa e congregam pes-
quisadores, estudantes, profissionais de saúde, gestores
dos respectivos cenários e da sociedade civil.
Desde que a Organização Mundial da Saúde (OMS) lançou
a estratégia “EndTB”, que tem como objetivos a eliminação
Fig.2 -
Abordagem COHRED para definição de prioridades
em investigação na saúde (COHRED, 2017)