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A n a i s d o I HM T
locais, sem desconsiderar o rigor científico e toda a con-
juntura que se impõe ao mundo académico, do avanço de
uma área de conhecimento, da produção científica e avanço
da ciência em base sólida e bem fundamentada. Um efeito
esperado do projecto, além da formação para pesquisa, é
contribuir também para formação de massa crítica e emer-
gência de lideranças e linhas de pesquisas em áreas tidas
como prioritárias nessas regiões mais carentes.A nucleação
de novos grupos de pesquisa e estabelecimento ou fortale-
cimento de programas de pós graduação são também in-
dicadores de progresso esperados dentro do projecto.
Nunca é de mais realçar, que a experiência do GEOTB
junto a Rede Brasileira de Pesquisa em Tuberculose, que
foi apontada pela STOP-TB, como experiência pioneira
em nucleação de grupos de pesquisas emergentes e para
alavancar a pesquisa em áreas tidas como “remotas”, o que
contribui substancialmente para progressão científica e tec-
nológica dessas áreas.
Outra experiência igualmente importante e fruto da mo-
tivação do GEOTB-REDE-TB e GAAPS da EERP – USP
com vistas ao alcance da equidade em pesquisa na Saúde
Pública, foi a encomenda pelo projecto também financiado
pela FAPESP intitulado “
A atenção primária à saúde na coor-
denação das redes de atenção: validação de um instrumento
” com
vigência entre os anos de 2013 e 2015, esta investigação,
embora de menor abrangência que a anterior, incumbiu-se
da validação de uma escala para avaliar da qualidade dos ser-
viços de saúde, especificamente no que se refere àAtenção
Primária à Saúde na coordenação de Redes de Atenção à
Saúde (RAS).
A ideia original do projecto é que esse instrumento pudesse
ser usado indiscriminadamente nas distintas regiões do Bra-
sil e servir com um termómetro no sentido de evidenciar o
quanto os sistemas estavam avançando em termos de con-
junção do seu sistema em RAS. Acresce-se a observação,
que embora a FAPESP esteja alocada no Estado de São Pau-
lo, também se preocupou com as questões sanitárias e dos
serviços que transcendem seus limites geográficos e são do
seu pais, assim a agência reconheceu o mérito da proposta e
financiou a pesquisa.
No tocante à problemática e as lacunas que sustentaram a
investigação residiam no fato da ausência de instrumentos
suficientemente válidos que pudessem ser utilizados para
umdiagnóstico situacional das RAS sob a égide
daAPS.Umdos pontos críticos hoje deparado pelos diversos sistemas
de serviços de saúde é sua configuração fragmentada, onde
há redundância e sobreposição de ações, em que todos fa-
zem tudo mas não há uma coordenação entre as ações e o
doente fica relegado à própria sorte. Há ainda dentro desse
modelo de atenção, uma sobreposição e verticalidade entre
os níveis de atenção (entendidos como níveis e não pontos
de atenção), com tendência de privilegiamento das ações
curativas ou episódios agudos com prejuízos as acções de
alcance colectivo, de promoção da saúde, vigilância e pre-
venção das doenças.
Considerando o crescimento progressivo das condições
crónicas no cenário nacional, decorrente principalmente
do envelhecimento populacional, de 14,9milhões em2013
e com estimativa de chegar a 58,6 milhões em 2060 segun-
do dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE, 2013), tornou-se quase que praticamente compul-
sório buscar novas formas de organização do sistema, sob
pena de colapso financeiro, iatrogenias, filas e perda expo-
nencial de capacidade resolutiva do sistema.
Um instrumento de diagnóstico para mapear potencialida-
des e fragilidades do sistema foi uma das saídas, sendo assim
validado o instrumento “
COPAS -Avaliaço da Coordenaço das
RAS pela APS
” (MENDES, 2011).Tal instrumento foi cons-
truído por um importante teórico deAPS no Brasil e idea-
lizador das RAS, que gentilmente consentiu a validação, em
que sua anuência se deu mediante nos termos formais e foi
celebrada em Belo Horizonte e a validação pelo grupo de
pesquisa da EERP -EERP e hoje está disponível a todos os
que tenham interesse em versar sobre o tema.
COPAS foi o nome sugerido ao instrumento em decor-
rência ao momento importante que se passava o Brasil em
2014, de receber a copa mundial de Futebol.Além do pre-
tendido título de campeão mundial, esperado à época (o
que não aconteceu e aAlemanha levou a melhor!), também
nutria-se uma expectativa da evolução e desenvolvimento
dos sistemas de serviços de saúde emRA e que a ferramen-
ta fosse um facilitador para tal.
Duas produções das fases de validação foram alcançadas
com o estudo, sendo uma publicação, da validação semânti-
ca emprestigiado periódico de Saúde Pública (Rodrigues et
al., 2014) e outra numa revista estrangeira, igualmente da
área.Havia naquele momento a intenção de dar visibilidade
ao instrumento no cenário internacional, que padecem na
mesma problemática, de sistema fragmentado (Rodrigues
et al., 2015)
No curso da investigação, novas parcerias se abriram como
com o Instituto de Higiene e MedicinaTropical (IHMT) da
Universidade Nova Lisboa, o que ampliou o leque do proje-
to com a entrada de novas correntes teóricas, atores e pos-
sibilitou a circulação do mesmo nos países europeus. O de-
senvolvimento do estudo possibilitou formação de recursos
humanos em nível de excelência para essa área e mais uma
vez houve alocação de recursos humanos para a pesquisa
num Centro Emergente no interior do Mato Grosso, na
região Centro Oeste; actualmente esse é um centro que
é nucleado pelo GEOTB- REDE-TB e GAAP da EERP-
-USP.
Assim, os relatos de experiencias coadunam com a propos-
ta da presente investigação de experiências no que se refe-
re evidenciar o primeiro ponto, do contexto da pesquisa
arrolada por grupos de pesquisa de fôlego no Brasil, seus
objectivos e ainda os principais atores envolvidos.Traz ainda
os valores que permeiam tais grupos de pesquisa no que se