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2. Materiais e métodos
Foi realizado um estudo qualitativo, analisando-se a Gestão
do Conhecimento na Secretaria de Saúde de Pernambuco
(SES/PE), estado situado no nordeste do Brasil, e tomando
como objeto de análise uma Emergência em Saúde Públi-
ca, a Epidemia de SCZ, nos anos de 2015 e 2016.A SES/
PE possui seis Secretarias Executivas de: Atenção à Saúde,
Vigilância em Saúde, Coordenação Geral, Administrativo-
-Financeira, Gestão do Trabalho e Regulação em Saúde.
Para fins administrativos, esta mesma estrutura gerencial
é replicada em 12 Gerências Regionais de Saúde (Geres)
que dividem as atribuições referentes ao papel do estado na
Saúde dos municípios.
Foram utilizadas duas técnicas de coleta de dados: a entre-
vista estruturada com informantes-chave (fonte de dados
primária) e a análise documental (fonte de dados secun-
dária). As duas técnicas foram escolhidas, pois de forma
complementar permitem que conhecimentos, perceções
e motivações sejam esclarecidas e confrontadas de forma
individual e institucional.
As entrevistas foram realizadas considerando 4 unidades de
análise: 1. O nível central da Secretaria Estadual de Saúde
(SES/PE);
2.AsGerências Regionais da Secretaria Estadual
de Saúde (Geres); 3. As unidades de referência para diag-
nóstico da microcefalia; 4. Instituições externas à SES/PE.
Em cada unidade de análise, foram selecionados os infor-
mantes-chave que participaram ativamente do processo de
construção e gestão do conhecimento (Quadro 1).
A coleta de dados aconteceu entre julho e agosto de 2017.
Dois entrevistadores realizaram as entrevistas e transcri-
ções, após processo de calibração. A análise documental
levou em conta os documentos produzidos pela Secretaria
de Saúde de Pernambuco, pelo Ministério da Saúde e pela
Organização Mundial de Saúde: protocolos, notas técnicas,
informes, boletins e relatórios, no período de outubro de
2015 a agosto de 2017.
Os roteiros das entrevistas e da análise documental
foram
construídos a partir de uma matriz de análise elaborada
com base nas capacidades diádicas fundamentais à cadeia
de valor da gestão do conhecimento propostas por Landry
et al
. (2006): Mapeamento e aquisição do conhecimen-
to; produção e destruição do conhecimento; integração e
compartilhamento do conhecimento; multiplicação e pro-
teção do conhecimento; desempenho do conhecimento e
inovação. Para delineamento do modelo de análise (Figura
1), também foram considerados os componentes e ações
de uma emergência em Saúde Pública [11,12,21]:
- Detecção/Análise do risco:
mobilização das unida-
des de saúde de referência para notificação diária; insti-
tuição de Comité de Emergência; elaboração de plano de
resposta; realização de reuniões sistemáticas do Comité de
Emergência.
- Resposta Coordenada:
ações de resposta à emergên-
cia; investigação da emergência; articulação com as áreas
técnicas para a elaboração de material (notas técnicas, in-
formes e alertas) e divulgação; registro das atualizações
relacionadas à emergência (epidemiológica, laboratorial,
controle de doenças, promoção, apoio logístico ou de in-
sumos e orientação técnica); articulação intra/intersetorial
e interinstitucional para res-
posta; elaboração de relatórios
semanais; realização de novos
estudos epidemiológicos / in-
vestigação.
- Avaliação
: acompanha-
mento da emergência; elabo-
ração de gráficos para divulga-
ção e interpretação dos indica-
dores; realização de reuniões
semanais para a avaliação da
emergência monitorada para
tomada de decisão em comité
técnico; avaliação da adequa-
ção e da eficácia das medidas
de contenção; mudança da
política de Saúde Pública, se
indicado.
Para cada capacidade diádi-
ca foram definidos critérios a
serem identificados nas entre-
vistas e documentos analisa-
dos. Para cada critério foram
mapeados eventos e inscrições
Quadro 1:
Unidades de análise e respectivos informantes-chave da pesquisa
UNIDADE DE ANÁLISE
INFORMANTE CHAVE
Nível Central da SES
Secretaria Executiva de Vigilância em Saúde
Diretores, gerentes envolvidos e o responsável pelo
Centro de Informações Estratégicas da Vigilância
em Saúde – CIEVS estadual
Secretaria Executiva de Atenção à Saúde
Secretária executiva
Secretaria Executiva de Regulação
Secretária executiva
Secretaria Executiva de Coordenação Geral
Secretária executiva
Superintendência de Comunicação
Superintendente
Nível Regional da SES (Gerências Regionais de Saúde - Geres)*
I Geres
Gerente da Geres e Técnico responsável pela SCZ
IV Geres
VIII Geres
XI Geres
Unidades de Referência no atendimento
IMIP
Médico responsável pelo serviço de diagnóstico e
acompanhamento dos bebês com microcefalia
HUOC
Instituições externas à SES/PE
MS
Profissional que esteve à frente de todo o processo
OPAS
IAM
*Das 12 Geres, 4 serão abordadas, pelo fato de terem sido definidas como referências macrorregionais para os
municípios, tanto no que se refere ao acesso ao diagnóstico e acompanhamento, quanto à sistematização das
informações.
A coleta de dados aconteceu entre julho e agosto de 2017. Dois entrevistadores
Quadro 1:
Unidades de análise e respectivos informantes-chave da pesquisa
*Das 12 Geres, 4 serão abordadas, pelo fact t r sido efinidas como referências macrorregionais para
os unicípios, tanto no que se refere ao acesso ao diagnóstico e acompanhamento, quanto à sistematização
das informações.
Fonte: a autora.