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S53

A n a i s d o I HM T

participação de profissionais da SES e dos serviços de

saúde (Quadro 4).

O

Compartilhamento do conhecimento com os

profissionais dos serviços de saúde

se deu em reu-

niões presenciais e videoconferências para discutir e tirar

dúvidas, o que gerava um feedback para todos. As notas

técnicas e protocolos divulgados pelo nível central da SES

eram discutidos pela instância regional com os profissionais

da vigilância em saúde, atenção primária e gestores dos mu-

nicípios. Os profissionais instituíram um intercâmbio pró-

prio de informações e se reuniam sempre que tinha algum

evento relevante (Quadro 4).

A

Troca de conhecimento com o Ministério da

Saúde (MS)

foi constante e sistemática. Uma equipa do

Programa de Treinamento em Epidemiologia Aplicada

aos Serviços do SUS (EPISUS) foi disponibilizada para in-

vestigação dos casos de microcefalia, cujo conhecimento

produzido foi de grande importância naquele momento:

conclusão de que 68% das mães de bebês notificados com

microcefalia relataram quadro exantemático durante a gra-

videz. No meio do processo, a negociação em termos de

informação tornou-se difícil, pois havia claras divergências

com relação à ferramenta de notificação; aos protocolos;

à criação de um setor de vigilância da SCZ pela SES/PE.

Um importante legado foi uma comunidade de práticas

instituída pelo MS - a Renezika - com a participação de 189

especialistas de 20 instituições, cuja finalidade é produzir

e trocar conhecimentos e vivências, além de direcionar as

pesquisas (Quadro 4).

A

Troca de conhecimento com a OPAS/OMS

pro-

moveu o intercâmbio entre países, possibilitando dar vi-

sibilidade ao que estava acontecendo no Brasil, o que foi

determinante nas respostas e na preparação para possíveis

epidemias.Vários países vieram aprender com a experiên-

cia de PE; e a SES/PE teve a oportunidade de ir a outros

países para essa transferência de conhecimento. Uma im-

portante inscrição foi a visita a Pernambuco da diretora

geral da OMS, Margaret Chan (Quadro 4).Com relaçã à

fase de monitorização e avaliação da ESP, duas capacidades

diádicas da GC são correspondentes: replicação/proteção

Quadro 4

: Matriz de análise da Gestão do Conhecimento no componente Implementação da Estratégia (Resposta Coordenada) e na capacidade diádica Integração/

Compartilhamento e Transferência, Pernambuco, 2017.

Estratégia da ESP: Componente Implementação da Estratégia (Resposta Coordenada)

Capacidades

diádicas

(Atividades)

Critérios

Eventos

Inscrições

3. Integração/

Compartilhamento

e Transferência

1. Integração das peças de

conhecimento bruto (interno e

externo), transformando em

conhecimento funcional

2. Acesso básico a informações-

chave e expertise

3. Acesso fácil ao conhecimento

4. Desenvolvimento de

intervenções e serviços, a partir

do conhecimento integrado

5. Codificação do conhecimento

(redução da distância cognitiva

entre produtores e usuários do

conhecimento)

6. Conversão do conhecimento

individual e tácito em

conhecimento organizacional

(compartilhamento)

7. Troca de conhecimento entre

organizações (transferência)

8. Criação de valor

organizacional, a partir da troca

de conhecimento

9. Compatibilidade do

conhecimento com as

atribuições, contextos históricos,

valores, competências, recursos

e investimentos anteriores em

tecnologia da instituição

10. Criação de comunidades de

práticas

Elaboração de

informes

- Em novembro de 2015, eram elaborados e divulgados informes contendo o perfil dos casos de

microcefalia e das gestantes com exantema

- Em janeiro de 2016, os informes passaram a ser semanais

- A partir de março de 2016, quinzenalmente, são divulgados informes sobre o perfil da SCZ

Divulgação do

conhecimento

- Os informes, notas técnicas, protocolos e diretrizes ficam disponíveis na plataforma CIEVS e no

site da SES/PE, além dos artigos científicos publicados no Brasil e no mundo

Adequação da rede de

saúde e criação de

novos serviços

- Conformação e regionalização da rede de saúde para diagnóstico e acompanhamento dos bebês

em curto tempo

- Novos procedimentos e condutas criados e modificados ao longo desses dois anos, a partir do

conhecimento gerado e da vivência nos serviços de saúde.

Codificação do

conhecimento para a

população

- Grande esforço dos gestores e da imprensa em decodificar e disseminar o conhecimento, reduzir

o temor, propor e intensificar as medidas de prevenção para a população, numa parceria sem

conflitos com a imprensa.

- Coletivas de imprensa semanais para atualizar a população dos acontecimentos

- Participação das médicas dos serviços de saúde, auxiliando na tradução do que na clínica para a

população.

Compartilhamento do

conhecimento com

instituições de

ensino/pesquisa

- Circunstância excepcional de estreito trabalho colaborativo diário entre academia x serviço

- Praticado um novo modelo, não apenas de transferência de conhecimento, mas de participação

ativa da gestão, profissionais das unidades de saúde e pesquisadores na construção científica.

- Envio do banco de dados diariamente de microcefalia/SCZ para os pesquisadores do IAM

- Criação de um grupo de pesquisas (MERG) pelo IAM

Compartilhamento do

conhecimento com os

profissionais da saúde

- Compartilhamento do conhecimento em rede: do nível central da SES com as unidades estaduais

e Geres; das Geres para as unidades regionais e municípios; dos municípios para as unidades

municipais

- Intercâmbio permanente dos prestadores de serviços com os produtores do conhecimento.

- Reuniões sistemáticas sempre que tem algum evento relevante (discussão dos protocolos e dos

óbitos).

Troca de

conhecimento com o

Ministério da Saúde

(MS)

- Envio de uma equipe do EPISUS para investigação dos casos de microcefalia notificados

- Alinhamento das informações a serem divulgadas no informe semanal do MS.

- Divergências entre as instâncias estadual e nacional

- Criação da Renezika, coordenada pelo MS, com a participação de 189 especialistas de 20

instituições de todas as áreas

Troca de

conhecimento com a

OPAS

- Relação amistosa com a OPAS, de parceria nas decisões.

- Possibilitou dar visibilidade ao que estava acontecendo no Brasil, com a promoção de intercâmbio

entre países, o que foi determinante nas respostas e na preparação para possíveis epidemias.

- Visita da diretora geral da OMS, Margaret Chan, a Pernambuco

Quadro 4:

Matriz de análise da Gestão do Conhecimento no componente Implementação da Estratégia (Resposta Coordenada) e na capacidade diádica

Integração/ Compartilhamento eTransferência, Pernambuco, 2017.

SCZ: Síndrome Congênita do ZikaVírus;CIEVS:Centro de Informações Estratégicas daVigilância em Saúde; SES/PE:Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco;MERG: Grupo de

Pesquisa da Epidemia da Microcefalia; IAM:InstitutoAggeu Magalhães;SES:Secretaria Estadual de Saúde; Geres:Gerência Regional de Saúde;MS:Ministério da Saúde; EPISUS: Pro-

grama deTreinamento em EpidemiologiaAplicada aos Serviços do SUS;Renezika:Rede Nacional de Especialistas em Zika e Doenças Correlatas;OPAS:Organização Pan-Americana da

Saúde;OMS:Organização Mundial da Saúde

Fonte: a autora.