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A n a i s d o I HM T
participação de profissionais da SES e dos serviços de
saúde (Quadro 4).
O
Compartilhamento do conhecimento com os
profissionais dos serviços de saúde
se deu em reu-
niões presenciais e videoconferências para discutir e tirar
dúvidas, o que gerava um feedback para todos. As notas
técnicas e protocolos divulgados pelo nível central da SES
eram discutidos pela instância regional com os profissionais
da vigilância em saúde, atenção primária e gestores dos mu-
nicípios. Os profissionais instituíram um intercâmbio pró-
prio de informações e se reuniam sempre que tinha algum
evento relevante (Quadro 4).
A
Troca de conhecimento com o Ministério da
Saúde (MS)
foi constante e sistemática. Uma equipa do
Programa de Treinamento em Epidemiologia Aplicada
aos Serviços do SUS (EPISUS) foi disponibilizada para in-
vestigação dos casos de microcefalia, cujo conhecimento
produzido foi de grande importância naquele momento:
conclusão de que 68% das mães de bebês notificados com
microcefalia relataram quadro exantemático durante a gra-
videz. No meio do processo, a negociação em termos de
informação tornou-se difícil, pois havia claras divergências
com relação à ferramenta de notificação; aos protocolos;
à criação de um setor de vigilância da SCZ pela SES/PE.
Um importante legado foi uma comunidade de práticas
instituída pelo MS - a Renezika - com a participação de 189
especialistas de 20 instituições, cuja finalidade é produzir
e trocar conhecimentos e vivências, além de direcionar as
pesquisas (Quadro 4).
A
Troca de conhecimento com a OPAS/OMS
pro-
moveu o intercâmbio entre países, possibilitando dar vi-
sibilidade ao que estava acontecendo no Brasil, o que foi
determinante nas respostas e na preparação para possíveis
epidemias.Vários países vieram aprender com a experiên-
cia de PE; e a SES/PE teve a oportunidade de ir a outros
países para essa transferência de conhecimento. Uma im-
portante inscrição foi a visita a Pernambuco da diretora
geral da OMS, Margaret Chan (Quadro 4).Com relaçã à
fase de monitorização e avaliação da ESP, duas capacidades
diádicas da GC são correspondentes: replicação/proteção
Quadro 4
: Matriz de análise da Gestão do Conhecimento no componente Implementação da Estratégia (Resposta Coordenada) e na capacidade diádica Integração/
Compartilhamento e Transferência, Pernambuco, 2017.
Estratégia da ESP: Componente Implementação da Estratégia (Resposta Coordenada)
Capacidades
diádicas
(Atividades)
Critérios
Eventos
Inscrições
3. Integração/
Compartilhamento
e Transferência
1. Integração das peças de
conhecimento bruto (interno e
externo), transformando em
conhecimento funcional
2. Acesso básico a informações-
chave e expertise
3. Acesso fácil ao conhecimento
4. Desenvolvimento de
intervenções e serviços, a partir
do conhecimento integrado
5. Codificação do conhecimento
(redução da distância cognitiva
entre produtores e usuários do
conhecimento)
6. Conversão do conhecimento
individual e tácito em
conhecimento organizacional
(compartilhamento)
7. Troca de conhecimento entre
organizações (transferência)
8. Criação de valor
organizacional, a partir da troca
de conhecimento
9. Compatibilidade do
conhecimento com as
atribuições, contextos históricos,
valores, competências, recursos
e investimentos anteriores em
tecnologia da instituição
10. Criação de comunidades de
práticas
Elaboração de
informes
- Em novembro de 2015, eram elaborados e divulgados informes contendo o perfil dos casos de
microcefalia e das gestantes com exantema
- Em janeiro de 2016, os informes passaram a ser semanais
- A partir de março de 2016, quinzenalmente, são divulgados informes sobre o perfil da SCZ
Divulgação do
conhecimento
- Os informes, notas técnicas, protocolos e diretrizes ficam disponíveis na plataforma CIEVS e no
site da SES/PE, além dos artigos científicos publicados no Brasil e no mundo
Adequação da rede de
saúde e criação de
novos serviços
- Conformação e regionalização da rede de saúde para diagnóstico e acompanhamento dos bebês
em curto tempo
- Novos procedimentos e condutas criados e modificados ao longo desses dois anos, a partir do
conhecimento gerado e da vivência nos serviços de saúde.
Codificação do
conhecimento para a
população
- Grande esforço dos gestores e da imprensa em decodificar e disseminar o conhecimento, reduzir
o temor, propor e intensificar as medidas de prevenção para a população, numa parceria sem
conflitos com a imprensa.
- Coletivas de imprensa semanais para atualizar a população dos acontecimentos
- Participação das médicas dos serviços de saúde, auxiliando na tradução do que na clínica para a
população.
Compartilhamento do
conhecimento com
instituições de
ensino/pesquisa
- Circunstância excepcional de estreito trabalho colaborativo diário entre academia x serviço
- Praticado um novo modelo, não apenas de transferência de conhecimento, mas de participação
ativa da gestão, profissionais das unidades de saúde e pesquisadores na construção científica.
- Envio do banco de dados diariamente de microcefalia/SCZ para os pesquisadores do IAM
- Criação de um grupo de pesquisas (MERG) pelo IAM
Compartilhamento do
conhecimento com os
profissionais da saúde
- Compartilhamento do conhecimento em rede: do nível central da SES com as unidades estaduais
e Geres; das Geres para as unidades regionais e municípios; dos municípios para as unidades
municipais
- Intercâmbio permanente dos prestadores de serviços com os produtores do conhecimento.
- Reuniões sistemáticas sempre que tem algum evento relevante (discussão dos protocolos e dos
óbitos).
Troca de
conhecimento com o
Ministério da Saúde
(MS)
- Envio de uma equipe do EPISUS para investigação dos casos de microcefalia notificados
- Alinhamento das informações a serem divulgadas no informe semanal do MS.
- Divergências entre as instâncias estadual e nacional
- Criação da Renezika, coordenada pelo MS, com a participação de 189 especialistas de 20
instituições de todas as áreas
Troca de
conhecimento com a
OPAS
- Relação amistosa com a OPAS, de parceria nas decisões.
- Possibilitou dar visibilidade ao que estava acontecendo no Brasil, com a promoção de intercâmbio
entre países, o que foi determinante nas respostas e na preparação para possíveis epidemias.
- Visita da diretora geral da OMS, Margaret Chan, a Pernambuco
Quadro 4:
Matriz de análise da Gestão do Conhecimento no componente Implementação da Estratégia (Resposta Coordenada) e na capacidade diádica
Integração/ Compartilhamento eTransferência, Pernambuco, 2017.
SCZ: Síndrome Congênita do ZikaVírus;CIEVS:Centro de Informações Estratégicas daVigilância em Saúde; SES/PE:Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco;MERG: Grupo de
Pesquisa da Epidemia da Microcefalia; IAM:InstitutoAggeu Magalhães;SES:Secretaria Estadual de Saúde; Geres:Gerência Regional de Saúde;MS:Ministério da Saúde; EPISUS: Pro-
grama deTreinamento em EpidemiologiaAplicada aos Serviços do SUS;Renezika:Rede Nacional de Especialistas em Zika e Doenças Correlatas;OPAS:Organização Pan-Americana da
Saúde;OMS:Organização Mundial da Saúde
Fonte: a autora.