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A n a i s d o I HM T
cia, no que diz respeito à
combinação dos conhe-
cimentos tácitos/explíci-
tos e internos/externos,
à mudança de rotina, à
substituição de protoco-
los e incentivo à pesquisa.
O conhecimento tácito
existia sobre microcefalia,
porém nenhum profissio-
nal tinha vivido qualquer
experiência com as conse-
quências da infecção pelo
vírus zika.O conhecimen-
to foi sendo explicitado,
na medida em que foi pro-
duzido, e analisado junto
com o existente sobre mi-
crocefalia por outras cau-
sas e epidemias de zika em
outros países (Quadro 3).
Nos eventos que dizem
respeito à
Elaboração/
atualização dos pro-
tocolos e diretrizes
,
houve uma combinação
dos conhecimentos táci-
tos, explícitos, internos,
externos, individuais e
coletivos, a partir das in-
formações obtidas na vi-
vência dos profissionais
da gestão da saúde e dos serviços de referência (Hospital
Universitário Oswaldo Cruz - HUOC; Instituto de Medi-
cina Integral Prof. Fernando Figueira - IMIP); do MS; da
Organização Pan Americana de Saúde (OPAS/OMS) e da
bibliografia existente.O primeiro protocolo serviu de base
para o nacional.Mudanças eram realizadas nos documentos
e na rotina dos serviços, ao passo em que novas descobertas
foram sendo feitas, como: definição de novo critério para
notificação da microcefalia; orientações para notificação e
acompanhamento das gestantes com exantema; redefinição
da necessidade de exames laboratoriais. Em julho de 2016,
o conhecimento produzido contribuiu com a caracteriza-
ção da Síndrome Congénita do ZikaVírus (SCZ), a partir
da descoberta de outras alterações neurológicas, físicas e
funcionais importantes, além da microcefalia (Quadro 3).
A instituição de uma
Coordenação de Vigilância da
SCZ e outras síndromes neurológicas causadas
por arbovírus
com dedicação exclusiva fez com que o
conhecimento fosse produzido, divulgado e compartilha-
do com a agilidade e cuidado necessários. Os
gestores e
profissionais de saúde passaram a colocar a mi-
crocefalia/SCZ na rotina
, com decisões e discussões
Quadro 2
: Matriz de análise da Gestão do Conhecimento no componente Formulação da Estratégia (
Mapeamento/Aquisição, Pernambuco, 2017.
Estratégia da ESP: Componente Formulação da Estratégia (Detecção e análise de risco)
Capacidades
diádicas
(Atividades)
Critérios
Eventos
Inscrições
1. Mapeamento/
Aquisição
1. Identificação
das fontes de
informação
internas e
externas
2. Localização da
informação
3.Contratação/de
signação de
pessoas para
coleta de dados
4. Coleta dos
dados internos e
externos
5. Compilação
dos dados
coletados
6. Interpretação
dos dados
Constatação da
alteração no
padrão de
ocorrência da
microcefalia
- Em outubro de 2015, um número maior de bebês
com microcefalia chega aos serviços de saúde (média de
5 atendimentos por semana)
- Tomada de decisão imediata de montar um sistema de
vigilância.
- A única fonte de informação interna existente era o
SINASC, cuja mediana era de 09 casos/ano.
- Não havia fontes de informações externas ao sistema
de saúde pública, além dos estudos sobre epidemias de
zika e síndrome de Guillain-Barré na Ásia, porém não
relatavam microcefalia relacionada a essas epidemias.
Concepção de
equipes e
instrumentos de
notificação e
acompanhamento
- Construção de uma ferramenta para notificação
obrigatória e imediata da microcefalia e das gestantes
com exantema (FormSUS)
- Elaboração de planilha para coleta de dados sobre o
acompanhamento das crianças e gestantes com
exantema nas unidades de referência.
- Os serviços públicos foram responsáveis por mais de
95% das notificações, quando comparados aos privados.
- O CIEVS e técnicos recrutados de outras áreas da
vigilância epidemiológica ficaram responsáveis pela
coleta e análise dos dados, até a divulgação do
conhecimento produzido
Criação do
Registro de
Eventos em Saúde
Pública (RESP) –
microcefalia, pelo
MS
- O MS cria o RESP- microcefalia, em novembro de
2015, onde todos os estados iriam notificar os casos,
agora não apenas de microcefalia, mas de alterações no
sistema nervoso central.
- PE foi o último estado do Brasil a aderir ao RESP,
pelo fato do FormSUS atender melhor às necessidades
locais
- Em janeiro de 2016, PE passa a notificar no RESP, de
forma a contribuir com a análise do cenário nacional
Quadro 2:
Matriz de análise da Gestão do Conhecimento no componente Formulação da Estratégia (Detecção e análise de
risco) e na capacidade diádica Mapeamento/Aquisição, Pernambuco, 2017.
sistemáticas dos documentos produzidos à luz dos novos
conhecimentos. No nível da gestão foi instituído um Co-
mité permanente, com discussões sistemáticas com foco na
resposta rápida.A rotina do pré-natal, parto e puericultura
foi modificada por orientação dos protocolos/diretrizes a
propósito da notificação, acompanhamento e encaminha-
mento dos casos, com criteriosa atenção à medição do PC
(Quadro 3).
A
parceria com instituições de pesquisa
foi impres-
cindível para o embasamento científico das condutas ado-
tadas ou para mudanças de estratégia. O Instituto Aggeu
Magalhães (IAM), unidade da Fundação Oswaldo Cruz, as-
sumiu a linha de frente das pesquisas em Pernambuco, pelo
seu reconhecido papel na Saúde Pública do estado. Reu-
niões sistemáticas entre os pesquisadores, profissionais dos
serviços de referência e gestores estaduais eram realizadas
para definição e acompanhamento dos estudos (Quadro 3).
Na fase de implementação da estratégia nas ESP foramma-
peados eventos e inscrições referentes à integração, com-
partilhamento e transferência na cadeia de valor da GC.
A integração das peças de conhecimento bruto (interno e
externo), transformando em conhecimento funcional, foi
SINASC: Sistema de Informações sobre NascidosVivos; CIEVS: Centro de Informações Estratégicas daVigilância em Saúde; MS: Minis-
tério da Saúde; RESP: Registro de Eventos em Saúde Pública; PE: Pernambuco
Fonte: a autora.