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S51

A n a i s d o I HM T

cia, no que diz respeito à

combinação dos conhe-

cimentos tácitos/explíci-

tos e internos/externos,

à mudança de rotina, à

substituição de protoco-

los e incentivo à pesquisa.

O conhecimento tácito

existia sobre microcefalia,

porém nenhum profissio-

nal tinha vivido qualquer

experiência com as conse-

quências da infecção pelo

vírus zika.O conhecimen-

to foi sendo explicitado,

na medida em que foi pro-

duzido, e analisado junto

com o existente sobre mi-

crocefalia por outras cau-

sas e epidemias de zika em

outros países (Quadro 3).

Nos eventos que dizem

respeito à

Elaboração/

atualização dos pro-

tocolos e diretrizes

,

houve uma combinação

dos conhecimentos táci-

tos, explícitos, internos,

externos, individuais e

coletivos, a partir das in-

formações obtidas na vi-

vência dos profissionais

da gestão da saúde e dos serviços de referência (Hospital

Universitário Oswaldo Cruz - HUOC; Instituto de Medi-

cina Integral Prof. Fernando Figueira - IMIP); do MS; da

Organização Pan Americana de Saúde (OPAS/OMS) e da

bibliografia existente.O primeiro protocolo serviu de base

para o nacional.Mudanças eram realizadas nos documentos

e na rotina dos serviços, ao passo em que novas descobertas

foram sendo feitas, como: definição de novo critério para

notificação da microcefalia; orientações para notificação e

acompanhamento das gestantes com exantema; redefinição

da necessidade de exames laboratoriais. Em julho de 2016,

o conhecimento produzido contribuiu com a caracteriza-

ção da Síndrome Congénita do ZikaVírus (SCZ), a partir

da descoberta de outras alterações neurológicas, físicas e

funcionais importantes, além da microcefalia (Quadro 3).

A instituição de uma

Coordenação de Vigilância da

SCZ e outras síndromes neurológicas causadas

por arbovírus

com dedicação exclusiva fez com que o

conhecimento fosse produzido, divulgado e compartilha-

do com a agilidade e cuidado necessários. Os

gestores e

profissionais de saúde passaram a colocar a mi-

crocefalia/SCZ na rotina

, com decisões e discussões

Quadro 2

: Matriz de análise da Gestão do Conhecimento no componente Formulação da Estratégia (

Mapeamento/Aquisição, Pernambuco, 2017.

Estratégia da ESP: Componente Formulação da Estratégia (Detecção e análise de risco)

Capacidades

diádicas

(Atividades)

Critérios

Eventos

Inscrições

1. Mapeamento/

Aquisição

1. Identificação

das fontes de

informação

internas e

externas

2. Localização da

informação

3.Contratação/de

signação de

pessoas para

coleta de dados

4. Coleta dos

dados internos e

externos

5. Compilação

dos dados

coletados

6. Interpretação

dos dados

Constatação da

alteração no

padrão de

ocorrência da

microcefalia

- Em outubro de 2015, um número maior de bebês

com microcefalia chega aos serviços de saúde (média de

5 atendimentos por semana)

- Tomada de decisão imediata de montar um sistema de

vigilância.

- A única fonte de informação interna existente era o

SINASC, cuja mediana era de 09 casos/ano.

- Não havia fontes de informações externas ao sistema

de saúde pública, além dos estudos sobre epidemias de

zika e síndrome de Guillain-Barré na Ásia, porém não

relatavam microcefalia relacionada a essas epidemias.

Concepção de

equipes e

instrumentos de

notificação e

acompanhamento

- Construção de uma ferramenta para notificação

obrigatória e imediata da microcefalia e das gestantes

com exantema (FormSUS)

- Elaboração de planilha para coleta de dados sobre o

acompanhamento das crianças e gestantes com

exantema nas unidades de referência.

- Os serviços públicos foram responsáveis por mais de

95% das notificações, quando comparados aos privados.

- O CIEVS e técnicos recrutados de outras áreas da

vigilância epidemiológica ficaram responsáveis pela

coleta e análise dos dados, até a divulgação do

conhecimento produzido

Criação do

Registro de

Eventos em Saúde

Pública (RESP) –

microcefalia, pelo

MS

- O MS cria o RESP- microcefalia, em novembro de

2015, onde todos os estados iriam notificar os casos,

agora não apenas de microcefalia, mas de alterações no

sistema nervoso central.

- PE foi o último estado do Brasil a aderir ao RESP,

pelo fato do FormSUS atender melhor às necessidades

locais

- Em janeiro de 2016, PE passa a notificar no RESP, de

forma a contribuir com a análise do cenário nacional

Quadro 2:

Matriz de análise da Gestão do Conhecimento no componente Formulação da Estratégia (Detecção e análise de

risco) e na capacidade diádica Mapeamento/Aquisição, Pernambuco, 2017.

sistemáticas dos documentos produzidos à luz dos novos

conhecimentos. No nível da gestão foi instituído um Co-

mité permanente, com discussões sistemáticas com foco na

resposta rápida.A rotina do pré-natal, parto e puericultura

foi modificada por orientação dos protocolos/diretrizes a

propósito da notificação, acompanhamento e encaminha-

mento dos casos, com criteriosa atenção à medição do PC

(Quadro 3).

A

parceria com instituições de pesquisa

foi impres-

cindível para o embasamento científico das condutas ado-

tadas ou para mudanças de estratégia. O Instituto Aggeu

Magalhães (IAM), unidade da Fundação Oswaldo Cruz, as-

sumiu a linha de frente das pesquisas em Pernambuco, pelo

seu reconhecido papel na Saúde Pública do estado. Reu-

niões sistemáticas entre os pesquisadores, profissionais dos

serviços de referência e gestores estaduais eram realizadas

para definição e acompanhamento dos estudos (Quadro 3).

Na fase de implementação da estratégia nas ESP foramma-

peados eventos e inscrições referentes à integração, com-

partilhamento e transferência na cadeia de valor da GC.

A integração das peças de conhecimento bruto (interno e

externo), transformando em conhecimento funcional, foi

SINASC: Sistema de Informações sobre NascidosVivos; CIEVS: Centro de Informações Estratégicas daVigilância em Saúde; MS: Minis-

tério da Saúde; RESP: Registro de Eventos em Saúde Pública; PE: Pernambuco

Fonte: a autora.