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A n a i s d o I HM T

4 - É relativa, dado que há interfaces e entrecruzamentos dos diversos campos no

espaço social onde transitam os agentes.

5 - Distintos referenciais relativos às teorias da ação social têm sido acionados em

algumas teses produzidas no ISC/UBA nessa perspetiva, tais como Habermas (co-

municação), Paulo Freire (pedagogia) Ricardo Bruno (tecnologia) Latour (rede

sociotécnica)Testa (sujeito epistêmico), entre outros:

Habermas J. (1987). Relaciones con el mundo y aspectos de la racionalidad de la

acción en cuatro conceptos sociológicos de acción. In: Habermas J. Teoria de la

acción comunicativa I. Madri:Taurus: (1a ed, 1981) pp 110-146. / Freire P (1983).

Extensão ou comunicação? 7ª ed. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 93 p. / Latour, B.

Changer de societé: refaire de la sociologie. Paris: la découverte, 2006. / Mendes

Gonçalves. RB. (1994). Tecnologia e organização social das práticas de saúde: ca-

racterísticas tecnológicas do processo de trabalho na Rede Estadual de Centros de

Saúde de São Paulo. São Paulo: HUCITEC/ABRASCO. /Testa, M. Saber en Salud.

La construcción del conocimiento. Buenos Aires: Lugar Editorial., 1997. /Matus,

C. Teoria da ação e Teoria do Planejamento. In: Matus C. Política, Planejamento

e Governo.(1997) Brasília: IPEA. p 81-98. /Bourdieu P.(1996). Razões Práticas.

Sobre a teoria da ação. Campinas-SP: Papirus. / Collins R (2009). Quatro tradições

sociológicas. Petrópolis, RJ:Vozes, 277p. / Kallscheuer O (1989). Marxismo e teo-

ria do conhecimento. In: Hobsbawm EJ. História do marxismo. Rio de Janeiro: Paz

eTerra,Vol. 12. p.13-101.

ferência a conceção de organização elaborada por Testa

(1997) [38] para refletir sobre o funcionamento e a ges-

tão do OAPS. Para este autor, há uma distinção entre

o que seja instituição (o matrimónio, a empresa, a le-

gislatura) e organização (o acasalamento, o processo de

trabalho, a discussão pública).A organização reporta-se

à forma de relação entre as pessoas para a realização de

alguma tarefa ou cumprimento de uma função, relacio-

namento este que se redefine de forma permanente. A

instituição, por sua vez, apresenta uma estrutura que

deixou de ser “dissipativa” para adquirir solidez e per-

manência, garantindo a sua continuidade mediante um

comportamento estável. A organização critica a insti-

tuição, gerando uma tensão permanente entre função

e estrutura, que pode ser compreendida como tensão

entre o instituinte e o instituído, consoantes, respetiva-

mente, com a legitimidade e a legalidade dos processos

sociais.Tanto a construção do instituinte quanto a lega-

lização do instituído se fazem, necessariamente, através

da atividade de atores sociais, e a mudança resulta do

pensamento crítico sobre o instituído (p.58 e 59).

Considera-se que o OAPS é uma organização, no sen-

tido atribuído por Testa (1997), ancorada em uma ins-

tituição – ISC/UFBA que, pela sua natureza (de base

científica e virtual), composição (pesquisadores vincu-

lados a múltiplas instituições) e pressupostos (princí-

pios e governança) tende a estabelecer-se permanente-

mente no lugar do instituinte. De facto, a sustentação

científica (com uma compreensão de ciência produtora

de verdades provisórias) é potencialmente dinamiza-

dora e a afirmação do pensamento crítico como guia

da prática de pesquisa e da ação política, tradição da

Saúde Coletiva no Brasil, tende a reforçar configura-

ções que se movem no tempo. Um dos exemplos disso

é o surgimento de um novo eixo de pesquisa (Mídia

e Saúde) em apenas dois anos de existência do Ob-

servatório. A perspetiva científica, ademais, tem con-

tribuído com a reflexão permanente dos referenciais

teóricos e metodológicos que orientam a investigação

científica em política, planejamento, gestão e avalia-

ção em saúde e, de certa forma, dá a direccionalidade

dos processos de trabalho do OAPS, na medida em

que os produtos e serviços ofertados são produzidos

de acordo com a própria dinâmica de funcionamento

dos grupos de pesquisa.

Vale a pena mencionar que a composição dos grupos

de pesquisa no formato em que são estabelecidos no

Instituto de Saúde Coletiva, que lidera a maioria dos

grupos de pesquisa do OAPS, incorpora a participa-

ção de pesquisadores, estudantes, mas também, de

outros agentes representantes de movimentos sociais

e da sociedade civil. No âmbito dos grupos de pesqui-

sa, há espaços de discussão dos objetos e resultados

dos projetos de investigação. A existência de reuniões

regulares, fóruns, seminários, colóquios, oficinas de

trabalho e outras atividades afins, abertas ao público

externo e com participação de representantes da so-

ciedade mediante convite são usuais. Como exemplo,

pode ser ressaltado o amplo processo de discussão dos

textos relativos ao acompanhamento das políticas em

2016, que foi organizado em sessões semanais por um

período de 3 meses (de dezembro de 2016 a fevereiro

de 2017). Assim, a abertura e permeabilidade, har-

mónicas à natureza instituinte do OAPS, conferem

uma dinâmica própria a essa organização, favorecendo

um processo produtivo participativo, com voz ativa

de agentes externos à Academia, que contribui, nessa

perspetiva, com a incorporação da equidade.

Finalmente, um terceiro ponto a discutir diz respeito

às formas de comunicação e ao modelo tecnológico

adotado pelo Observatório. É um desafio permanen-

te dos integrantes do OAPS traduzir, transformar o

conhecimento científico noutro tipo de informação,

capaz de ser assimilada, digerida e utilizada por aque-

les que podem influenciar as políticas, especialmente,

a sociedade civil organizada, as instituições, os mo-

vimentos sociais e os gestores. Trata-se, portanto, da

transmutação da linguagem científica, técnica e políti-

ca [26, 27], sem a qual o Observatório seria incapaz de

cumprir sua missão. Isso requer criatividade e exper-

tise, incorporando ao processo de trabalho agentes de

outras áreas de conhecimento como tecnologia de in-

formação, comunicação,

webdesigner

, produção visual,

entre muitas outras. Nesse sentido, o êxito do OAPS

reside na articulação e integração de um conjunto de

competências cuja produção requer a intencionalida-

de de abertura ao novo, o exercício de rutura de fron-

teiras linguísticas e de matrizes discursivas de modo a

que se produza uma comunicação eficiente e de dupla

via, onde os interessados, além de serem alcançados,

sejam proativos, estabelecendo-se uma verdadeira in-

terlocução.

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