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A n a i s d o I HM T

a necessidade de padronização do desenho destes estudos

e das técnicas laboratoriais de genotipagem utilizadas, para

facilitar a comparação dos resultados obtidos emdiferentes

locais geográficos. Na conferência sobre parasitoses opor-

tunistas na África subsariana, o Dr. Oladele Ojuromi da

Lagos State University, Nigéria, debateu a importância das

parasitoses intestinais oportunistas na saúde pública da po-

pulação africana e o facto de estarem a ser negligenciadas.

A escassez de estudos de epidemiologia molecular, assim

como, a sua baixa aplicação na compreensão da transmis-

são antroponótica e zoonótica destas infeções, vem realçar

a necessidade de maior financiamento e apoio à investiga-

ção local, que permitam conhecer a verdadeira implicação

destas infeções na saúde das populações deste continente.

Por último falou-se sobre rotavírus e gastroenterite em

crianças emÁfrica, através da Dra.Claudia Istrate (IHMT/

NOVA) que apresentou os resultados de um estudo reali-

zado entre 2011 e 2013 sobre a presença de rotavírus em

crianças africanas com gastroenterite. Neste estudo foi ob-

servada uma frequência de deteção de rotavírus de 30%

nas amostras biológicas provenientes de Angola e de 37%

nas provenientes de SãoTomé, SãoTomé e Príncipe. Nove

genótipos foram detetados nos doentes angolanos, e cinco

nos doentes santomenses. O estudo apresentado revelou

não só uma elevada prevalência de infeção por rotavírus

nas crianças africanas, mas também pôs em evidência a

grande diversidade de genótipos virais em circulação em

África.

Na sessão paralela Doenças emergentes no imunocom-

prometido, moderada por Olga Matos e Gabriela Gomes,

José M. Pereira Vieira, Presidente da Federação Europeia

das Associações Nacionais de Engenharia e Professor da

Universidade do Minho abordou o tema da água e do sa-

neamento básico: implicações socioculturais e de saúde

pública, referindo como o acesso a água segura para consu-

mo humano e a sistemas de saneamento eficazes contribui

para a saúde e bem-estar das comunidades.O acesso a água

segura, sendo determinante para o desenvolvimento eco-

nómico e social das sociedades, foi reconhecido em 2010

pelaAssembleia Geral das Nações Unidas como um direito

humano essencial, dando um novo impulso ao acesso uni-

versal a estes serviços fundamentais. No seguimento deste

tema sobre doenças emergentes e água, a Claúdia Júlio,

investigadora do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo

Jorge, Lisboa, abordou o tema águas recreacionais como

veículo de doenças emergentes. O reconhecimento da

importância da água na saúde humana levou à descoberta

de agentes patogénicos desconhecidos associados à imple-

mentação de novas tecnologias, aos avanços científicos e

às alterações comportamentais. Porém, o controlo destes

agentes patogénicos emergentes e reemergentes depende,

em grande parte, da boa gestão das práticas agrícolas e do

tratamento das águas residuais. Seguidamente, Augusto

Nhabomba, investigador do Centro de Investigação em

Saúde de Manhiça, Moçambique, apresentou um trabalho

de investigação sobre as parasitoses intestinais oportunis-

tas em Moçambique, onde se estima que a frequência de

coinfeçãoVIH/parasitas intestinais oportunistas seja eleva-

da. Ainda, falou-se sobre a coinfeçãoVIH/

Leishmania

, nos

seus aspetos clínicos, imunitários e terapêuticos por Ro-

bert Badura, médico infeciologista do Centro Hospitalar

Lisboa Norte, Lisboa, que referiu que esta coinfeção está a

aumentar naAmérica Latina e na Índia, e que o seu impac-

to epidemiológico parece estar globalmente subestimado,

sendo que a infeção porVIH aumenta em 100 - 2300 vezes

o risco de desenvolver leishmaniose visceral em áreas en-

démicas e a terapêutica apresenta elevado nível de recru-

descência. Por fim discutiram-se as estratégias de controlo

das tripanossomíases em áreas endémicas, por AnaTomás

professora do Instituto de Biologia Molecular e Celular

da Universidade do Porto que abordou a importância do

controlo dos artrópodes vetores para a prevenção destas

doenças e o problema do seu tratamento ser baseado em

fármacos com efeitos secundários severos, sendo urgente

o aparecimento de novas classes de fármacos, com menor

toxicidade, melhores regimes de administração e terapias

combinadas.

Por último, referimos os temas abordados na outra sessão

paralela desta tarde, dedicada aosViajantes, imunodepres-

são e infeções oportunistas,moderada por RosaTeodósio e

Filomena Pereira, onde foram abordados os temas da tera-

pia preventiva da infeção porVIHPreP,o acompanhamento

do viajante com imunodepressão na consulta do viajante, a

pesquisa de infeções parasitárias negligenciadas em imuno-

deprimidos e por fim discutiu-se o porquê, como, quando

e o que dizer ao viajante para prevenir a transmissão de

VIH e outras infeções sexualmente transmitidas (IST), na

consulta de medicina do viajante.

O IV Congresso Nacional de Medicina

Tropical do IHMT/NOVA:

3 dias de excelência para o intercâmbio cultural

e cient

í

fico na lusofonia

As problemáticas e desafios atuais associados à Sida,Tuber-

culose e Outras Doenças Oportunistas que afetam hoje

a Saúde Global, foram o centro deste encontro. Nele foi

possível aprofundar o conhecimento dos principais de-

terminantes de Saúde e fatores de risco para a Saúde dos

migrantes e seu impacto nos países de acolhimento e na

busca de soluções efetivas baseadas na evidência, um dos

objetivos deste Congresso e da missão técnica, científica e

pedagógica do Instituto de Higiene e Medicina Tropical e

do seu Centro de Investigação sobre Saúde Global e Medi-

cinaTropical (GHTM –

Global Health andTropical Medicine

).

Uma vez mais, foi estabelecida uma plataforma para de-

bater temas e doenças cosmopolitas com especificidades