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A n a i s d o I HM T

ferramenta de diagnóstico; e ao desenvolvimento de novos

testes de suscetibilidade aos antibacilares para deteção de

resistências, nomeadamente foi-nos também apresentado

o "kit" comercial SIRE-Nitratase como uma alternativa

para laboratórios com recursos limitados. Foram também

abordados os desafios do tratamento da tuberculose mul-

tirresistente em Portugal, no âmbito das orientações na-

cionais e internacionais e na área da formação de recursos

humanos, foi-nos apresentada a experiencia do programa

ICOHRTA implementado no Brasil que visou a formação

de mais de 1500 profissionais da área da saúde em inves-

tigação cientifica emTB/HIV com vista ao fortalecimen-

to dos sistemas e serviços de saúde deste país. Contámos

ainda com várias apresentações livres sobreTuberculose e

outras Micobacterioses abrangendo os seguintes tópicos:

uso da informática na saúde pública; lançamento da base de

dados CPLP-TB, uma ferramenta que se espera útil para a

realização de estudos de estrutura e dinâmica populacional

de estirpes de

M. tuberculosis

num contexto macro epide-

miológico e de caracterização da viagem da tuberculose

pela CPLP; identificação de possíveis biomarcadores para

o diagnóstico precoce da tuberculose usando uma aborda-

gemmetabolómica; discutiram-se também quais os fatores

associados ao abandono do tratamento da tuberculose na

Guiné-Bissau (duração de tratamento, viagens, consumo

de bebidas alcoólicas e o recurso a medicina tradicional);

foi apresentado o perfil epidemiológico da tuberculose em

Moçambique, nos anos 2009 a 2015 e descrita a epide-

miologia da tuberculose em doentes co-infetados porVIH

neste país. Por último, foi descrita uma elevada prevalência

de micobactérias não-tuberculosas entre doentes com sus-

peita de tuberculose naAmazónia brasileira.

No dia 20 de Abril a Infeção VIH/sida foi o centro das

atenções.Descreveu-se mais uma viagem das doenças infe-

ciosas; a “viagem doVIH1” através da análise dos seus subti-

pos, desde os Camarões até Kinshasa através dos rios, a sua

disseminação para o Haiti e daí para os EUA e Europa atra-

vés das comunidades “gays” explicando a passagem da in-

feção de predominantemente heterossexual para homens

que fazem sexo com homens (HSH).A resistência doVIH

aos antirretrovirais foi discutida, abordando-se os valores

de resistência transmitida e a importância de a carga viral

ficar suprimida de uma forma duradoura, da terapêutica

ser instituída o mais precocemente possível e da deteção

das cargas virais abaixo das 100 cópias, com o fim de se

alterar o tratamento o mais depressa possível.A história da

descoberta do HIV2 no hospital de Egas Moniz, o seu pri-

meiro diagnóstico e isolamento na Faculdade de Farmácia

da Universidade de Lisboa e a sua identificação do Instituto

Pasteur foram revisitadas. De seguida conheceu-se o im-

portante trabalho da RedeTB do Brasil que reúne pesquisa

básica e translacional emTB e HIV, com a participação de

inúmeros centros de pesquisa, indústria e universidades do

Brasil, com um protocolo de trabalho comum e partilha de

dados centralizada, trabalhando dentro de um Plano Na-

cional de Pesquisa

emTB.As

novas terapêuticas para aTB

foram também abordadas, chamando-se especial atenção

para a importância de normas de estandardização terapêu-

tica nos casos de resistência, o modelo do Bangladesh e sua

utilização no Brasil e da utilidade do uso da bedaquilina,

ainda que com algumas limitações. Por fim, abordou-se a

epidemiologia molecular dos vírus, sobretudo dos causa-

dores de arboviroses emergentes. Como esta ferramenta,

se realizada especialmente em tempo real, pode ser um

instrumentomuito útil na descrição da expansão dos vírus,

bem como na descoberta de associações entre os vírus,

seus subtipos e alguns quadros clínicos, como é o caso da

microcefalia. Os dados apresentados sugerem que ocor-

reu transmissão silenciosa de Zica no Brasil durante um

ano antes da sua enorme expansão, havendo ainda muitas

questões por resolver, como por exemplo o porquê de o

Nordeste ser a zona mais afetada e com mais casos de mi-

crocefalia, sendo que a adequabilidade climática está forte-

mente associada aos casos de Zica.

Durante a tarde do dia 20 de abril tivemos as experiências

dos Institutos Nacionais de Saúde e das Redes de Inves-

tigação de diferentes países no contexto da tuberculose,

de VIH e de outras Doenças Oportunistas, numa sessão

moderada por Henrique Silveira e MiguelViveiros. Pude-

mos ouvir os sucessos e os desafios com que se deparam

os colegas do Instituto Nacional de Saúde Pública de Cabo

Verde, do INASA na Guiné-Bissau, do INSP de Moçambi-

que, bem como do INSP deAngola, complementados por

exemplos de estudos realizados no âmbito da Rede-TB no

Brasil. Tivemos ainda a sessão dedicada ao HIV/Sida, na

qual foram abordados temas relacionados com as infeções

VIH-1 eVIH-2, desde as diferentes abordagens para a sim-

plificação terapêutica no tratamento dos doentesVIH-1, e

em que foram revistos todos os últimos ensaios clínicos

comnovos regimes de antirretrovirais commenor número

de fármacos, à comparação da patologia e imunologia das

infeções VIH (VIH-1

vs

VIH-2), em que diferentes abor-

dagens procuram perceber as diferenças das duas infeções

e o porquê da menor virulência do vírusVIH-2.Também

foram descritos estudos sobre a potência e abrangência de

neutralização de anticorpos de soros de doentes angolanos

com infeção VIH-1, que sugerem a divergência e ances-

tralidade destas estirpes e o potencial destes soros como

candidatos para o desenvolvimento de vacinas eficazes. A

sessão foi encerrada comuma perspetiva antropológica das

barreiras ao sucesso daTARV emÁfrica e as estratégias de-

senvolvidas para melhorar a sua eficácia nestes países.

Ainda no âmbito das infeções virais, tivemos igualmente a

sessão sobreVIH e vírus das hepatites, moderada por João

Piedade e Ana Abecasis onde se abordou a epidemiologia

molecular, filogeografia e a problemática da resistência aos

antirretrovirais, e respetiva transmissão, em diferentes po-

pulações em Portugal. Foi realçada a elevada diversidade