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A n a i s d o I HM T

Tomé e Príncipe (últimos dados de 2008/2009 indicam

prevalência de 1.5%).

Nos países ocidentais, a explosão da pandemia resultou de

uma elevada dinâmica de transmissão da infeção no final da

década de 70/início de 80 do século XX, sobretudo nos

grupos de risco de homens que têm sexo com homens e

utilizadores de drogas injetáveis. Os padrões de transmis-

são da infeção têm variado bastante desde o início da pan-

demia: embora o grupo dos homens que têm sexo com

homens se mantenha um grupo de risco elevado paraVIH

em Portugal, os heterossexuais continuam a corresponder

ao maior número dos novos diagnósticos, sendo as popu-

lações dos migrantes e trabalhadores do sexo particular-

mente

vulneráveis.As

políticas de prevenção têm também

mudado bastante, sendo de destacar a recente tendência

para a utilização da terapêutica antirretroviral para preve-

nir a propagação da epidemia (Prevenção Pré-Exposição e

Tratamento paraTodos). O IHMT/NOVA tem estado en-

volvido, nos últimos 25 anos, na caracterização da história

evolutiva e diversidade genética da pandemia deVIH, bem

como no estudo das resistências aos fármacos antirretrovi-

rais e nas mutações de resistência associadas.

Nos últimos anos, a infeção porVIH passou a ser vista pela

comunidade como uma doença crónica de relativo fácil

controlo, perceção que urge ser debatida e entendida na

perspetiva da investigação biomédica e clínica, mas tam-

bém na do cidadão infetado e das comunidades e organiza-

ções de defesa dos seus direitos.

Pessoas com sistemas imunológicos competentes podem

estar expostas a vírus, bactérias ou parasitas e não desen-

volverem doença, mas as pessoas com VIH/sida podem

sofrer infeções graves, conhecidas como “infeções oportu-

nistas” (IOs). Os microrganismos oportunistas conseguem

tirar proveito do sistema imunológico enfraquecido do

hospedeiro e causar doenças que podem ser muito debili-

tantes, as quais se não forem tratadas, podem evoluir para a

morte.As

IOs são sinal de imunodepressão.A maioria das

IOs fatais ocorre quando a contagem de células T CD4

+

está abaixo de 200 células/mm

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.Apesar do uso da quimio-

profilaxia, vacinação, e melhores estratégias de gestão de

infeções oportunistas agudas, e o uso generalizado da te-

rapêutica antirretroviral potente de combinação (TARVc),

nos países de média-alta renda, as IOs ainda são a causa

mais comum de morte para os doentes comVIH/sida. En-

quanto, nos países de baixa-média renda, onde a maioria

dos infetados por VIH reside, não se conhece claramente

a prevalência das IOs, sendo por isso o seu controlo defi-

ciente.

O Center for Diseases Control and Prevention-Atlanta,

EUA, publicou uma lista de mais de 20 IOs, consideradas

definidoras de sida - se uma pessoa é seropositiva paraVIH

e se tem uma ou mais destas IOs, então será diagnosticada

com sida. Pneumocistose, toxoplasmose, criptosporidiose

e infeções provocadas por certas espécies de microsporidia

são algumas das IOs mais comuns em doentes comVIH/

sida.

O trabalho do IHMT/NOVA na área das IOs tem mais de

20 anos e inicialmente, focou-se no diagnóstico, estudos

de prevalência e genotipagem em isolados de humanos,

alargando-se o estudo à análise de isolados de animais e

amostras ambientais (água de consumo público) no caso de

infeções com possível transmissão zoonótica e/ou hídrica.

Ao longo destes mais de 20 anos tem sido estabelecida co-

laboração com hospitais da área da Grande Lisboa e de ou-

tras regiões do país procurando beneficiar a região e quiçá

o país da existência de tecnologias altamente específicas

e de grande sensibilidade nos nossos laboratórios, para o

diagnóstico laboratorial e caracterização daqueles micror-

ganismos patogénicos oportunistas e, assim, ajudar no seu

controlo, no nosso país.Trabalhos de cooperação têm sido

estabelecidos com grupos de investigação dos EUA e de

vários países europeus e, também, com os países Ibero-

-americanos e de língua oficial portuguesa, nomeadamen-

te: Brasil e Cuba com a formação de vários investigadores

destes países, nas áreas de investigação da pneumocistose,

criptosporidiose e microsporidiose; Cabo-Verde, S.Tomé

e Príncipe,Angola e Moçambique com formação de inves-

tigadores e técnicos de laboratório no diagnóstico daque-

las infeções oportunistas. Esta cooperação tem permitido

a publicação de inúmeros trabalhos em revistas científicas

internacionais de referência, contribuindo, assim, para a

divulgação e conhecimento destas patologias e o seu con-

trolo atempado nos países de baixa-média renda da África

subsariana.

Foram estes temas localmente relevantes,mas comdimen-

sões globais e tropicais que reuniu cientistas e especialis-

tas dos estados-membros da CPLP, da Europa e de todo o

mundo no IHMT/NOVA, sendo o mais congresso sobre

saúde global e medicina tropical em Portugal.

O IV Congresso Nacional de Medicina

Tropical do IHMT/NOVA:

um pequeno resumo da grande viagem sobre o

panorama global da Sida,Tuberculose e Doenças

Oportunistas

Contando com a participação de 300 congressistas, oriun-

dos de 11 países (Angola, Brasil, Cabo Verde, Espanha,

Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Holanda, Inglaterra,

Moçambique, Portugal, e Suíça) recebeu a honra de ter

na conferência de abertura na manhã de 19 deAbril, o Ex-

-Presidente da República Portuguesa e ex-EnviadoEspecial

do Secretário Geral das Nações Unidas para aTuberculose,

Dr. Jorge Sampaio que nos lembrou que “se se quiser fazer

progressos no combate à sida, tuberculose e outras doen-

ças oportunistas no seio da CPLP”, é fundamental uma

“coordenação” eficaz em “vários patamares”, e essa coor-