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A n a i s d o I HM T

tabelecidas com a sociedade civil, assim como o entrosa-

mento entre o Programa Nacional de Prevenção de Aci-

dentes com o Programa Nacional para a Saúde Mental,

o que tem contribuído para a definição das estratégias de

promoção da segurança, de prevenção e de controlo do

consumo de álcool e substâncias psicotrópicas que inter-

ferem com os riscos no trânsito rodoviário.

Em nome do Ministério dos Transportes do Canadá, o

Embaixador Jeffrey Marder trouxe a visão do governo

federal canadiano sobre o tema. Lembrou aos presentes

que em 2014, o último ano para o qual há dados conso-

lidados disponíveis, mais de 1.800 pessoas morreram

e cerca de 150.000 outras sofreram ferimentos em aci-

dentes rodoviários. Uma fatura social da ordem de 36 mil-

hões de dólares por ano, ligada a essa problemática, drena

uma grande parte dos recursos económicos, mas também

dos recursos do sistema de saúde. Entretanto, enfatizou

que os acidentes de trânsito tiveram uma redução muito

importante ao longo das três últimas décadas. Entre 1980

e 2010, por exemplo, o número de mortos ou feridos

decresceu em 35%, apesar de um importante incremento

do número de veículos circulantes, do número de novos

condutores e do número estimado de quilómetros percor-

ridos pelos cidadãos daquele país. Esse aumento de circu-

lação poderia supor uma elevação do número de vítimas

de acidentes, mas o percentual de pessoas que sucumbi-

ram aos ferimentos caiu em mais de 60%.

Essas diminuições são atribuídas a várias mudanças de

caráter positivo, tais como a melhoria na conceção das

estradas, fundamentadas tanto pela melhor estruturação

dos programas de avaliação das estradas, quando pelas

observações extraídas do tratamento médico dos feridos

atendidos pelos centros de traumatologia. Além disso,

não podem ser esquecidas as melhorias dos dispositivos

de segurança veicular, que ajudam os motoristas a evitar

as colisões ou a sobreviver a

elas. A mudança nas menta-

lidades também exerceu

um papel importante: a

população reconheceu que

os acidentes são evitáveis

e que condutores e pas-

sageiros devem assumir as

suas responsabilidades ao

fazer escolhas mais “segu-

ras”. No entanto, o Canadá

ainda considera inaceitável

o número de pessoas mor-

tas ou gravemente feridas

nos acidentes de trânsito e,

assim, há muito a ser feito

para reduzir ainda mais tais

estatísticas.

Por fim, destacou o papel

importante do trabalho conjunto realizado pelo governo

federal com as províncias, bem como as parcerias inte-

rinstitucionais e com a sociedade civil para o êxito que

vem sendo alcançado.

O Secretário-Executivo do Ministério da Saúde do Bra-

sil, Dr Antônio Carlos Nardi, ao fazer sua apresentação,

ressaltou que no Brasil, graças aos incentivos fiscais, à fa-

cilitação do crédito financeiro aos consumidores e às difi-

culdades ainda encontradas com o transporte público nas

cidades, o número de veículos continua a aumentar de

forma vertiginosa. Há preocupação especial com a frota

de motocicletas que, em 2004, representavam 18,15%

do total de veículos automotores, mas que ao final de

2016 já chegavam a 27%. Isso significa que houve um

aumento de aproximadamente 18,2 milhões de moto-

cicletas entre 2004 e 2016, ou seja, um incremento de

255,2%.

Em relação à mortalidade, em 2014, houve cerca de 1,2

milhões de mortes no país e destas, 43,7 mil foram por

acidentes de transporte terrestre. É a segunda causa de

mortes externas, principalmente na faixa etária de 20

a 39 anos, atrás apenas das agressões (28%). Destaca-se

que 35% desses óbitos são registrados na região Sudeste

e 30% na região Nordeste, as duas que apresentammaior

gravidade do problema.

Entre 2000 e 2014, o risco de morte por acidentes de

transporte terrestre passou de 17,6 óbitos/100 mil habi-

tantes (2000) para 21 óbitos/100 mil habitantes (2014),

um incremento de 19,3%. Apesar de a taxa de mortali-

dade dos pedestres (peões) ter sido reduzida em 30,2%

no período mencionado, a de motociclistas aumentou em

313,3%. Esses condutores figuram, desde o ano 2010,

como os usuários mais vulneráveis para a ocorrência de

acidentes, assim como para lesões e mortes (Figura 2).

Também retratam 54% dos 176 mil pacientes internados

0,0

5,0

10,0

15,0

20,0

25,0

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010

2011

2012

2013

2014

Taxa de mortalidade (x 100 mil hab.)

Anos

ATT

Motociclista

Ocupante

Pedestre

Fonte: MS/SVS/SIM e IBGE

Fig.2 -

Taxa de mortalidade por acidente de transporte terrestre (ATT), segundo condição da vítima, Brasil,

2000 a 2014.