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S18

Introdução

As redes de colaboração em pesquisa referem-se a uma es-

trutura organizacional em que as pessoas e instituições, en-

tre outras entidades, interagem com a finalidade de produzir

conhecimento para aumentar a capacidade de resposta e ino-

vação.

1

Essas estruturas vêm sendo defendidas como estra-

tégias que influenciam as políticas governamentais e fortale-

cem a capacidade de fazer pesquisas.

2

Tal condição contribui

para o desempenho dos serviços e do ensino, e por isso, se

caracteriza como uma potencialidade de melhorar o cuida-

do, a gestão, a educação e a própria pesquisa.

3

A consolidação de redes de colaboração em pesquisa torna-

-se estratégia imprescindível, tendo em vista o padrão atual

de desenvolvimento científico e tecnológico e seu impacto

na produtividade e aplicabilidade.

4

Atualmente os programas

em rede estão muito valorizados e tendem a constituir-se

em modelos apropriados para enfrentar as novas demandas

da sociedade, em que as equipas com diferentes competên-

cias e formações trabalham de forma colaborativa e nego-

ciada.

1,5

Seguindo essa proposta, o Centro de Pesquisa René Rachou

(Fiocruz Minas), unidade vinculada à Fundação Oswaldo

Cruz (Fiocruz), localizado em Belo Horizonte, Minas Ge-

rais, entende que é necessário fortalecer na instituição ativi-

dades que integram pesquisa, desenvolvimento tecnológico,

ensino e práticas de serviços. Nesta perspetiva, em 2009, a

Fiocruz Minas implantou os programas estruturantes com o

propósito de estabelecer programas num formato mais ho-

rizontal que pudessem ser conduzidos para propiciar mais

integração de pesquisadores em diferentes áreas de conheci-

mento, otimizar recursos, espaços e equipamentos, além de

potencializar a produção e utilização do conhecimento para

a implementação das práticas das instituições e empresas.

6

Essa proposta ia de encontro com a nova organização da Ins-

tituição, que saía da estrutura de laboratório para a criação

de grupos de pesquisa.

7

Esses programas em rede constituem-se em mecanismo de

apoio a projetos integrados envolvendo grupos de pesquisa

que compartilharão conhecimentos e recursos, para respon-

der questões relevantes da saúde, aglutinando diversas áreas

do conhecimento ou vários aspetos de uma mesma área. Essa

intervenção visava a geração de produtos académicos e li-

cenciamento de patentes, a formação de recursos humanos

e a geração de conhecimentos fundamentais para políticas

públicas, intervenções sociais ou para o estabelecimento ou

revisão de marcos legais.

6

Com o desenvolvimento das atividades, a Fiocruz Minas

identificou a necessidade de avaliar a implantação

8

desses

programas, por ser uma experiência inovadora na estrutura

organizacional passando de laboratórios para grupos de pes-

quisa; constituir em mecanismo de apoio a projetos integra-

dos; propiciar a interação entre pesquisadores de diferentes

grupos de pesquisa e áreas de conhecimento; promover a

formação e capacitação de recursos humanos; envolver in-

vestimento financeiro; e haver necessidade de acompanhar

a implantação e a reorganização que esses programas podem

ou não alcançar.

Cressman, Lewis,Wixted

1

(2009) enfatizam que a avaliação

de redes de conhecimento objetiva dentre outras coisas, in-

centivar colaborações de pesquisa; incentivar a integração

de pesquisadores e usuários (e outras partes interessadas),

a construção de agendas de pesquisa multidisciplinares, a

construção de massa crítica em áreas específicas da pesquisa.

Ademais, tem havido pouca pesquisa sobre a maneira de ava-

liar redes de colaboração em pesquisa, bem como as formas

de atuação, relações e interações dentro delas.A maioria das

publicações sobre isso avalia os produtos (publicações e pa-

tentes) e reproduz apenas a quantificação das citações e das

coautorias dos pesquisadores.

8

Foi proposta, então, uma avaliação que contribuísse na

identificação de melhorias e dificuldades relacionadas com

a organização e funcionamento dos programas em rede e

sustentasse decisões direcionadas ao seu aprimoramento e

consolidação. A primeira etapa dessa avaliação de implanta-

ção constou do estudo de avaliabilidade (EA). Essa estraté-

gia avaliativa é desenvolvida antes da avaliação propriamente

dita e busca descrever de forma coerente um plano para a

avaliação, incluindo as relações entre as partes interessadas

e a lógica de funcionamento, a análise de plausibilidade e da

viabilidade dos seus objetivos, tornando-a mais consistente e

com maior credibilidade.

9

Espera-se de um EA a descrição

completa da intervenção, dos modelos lógico e teórico, das

questões fundamentais a serem abordadas pela avaliação, do

plano de avaliação e do acordo entre as partes interessadas.

Este resultado permite que as avaliações subsequentes sejam

desenvolvidas com maior facilidade, maximizando os seus

potenciais, além de favorecer a racionalização de recursos.

9,10

Desde 1977, a condução de EA era recomendada como uma

pré-avaliação para melhor direcionamento ao objetivo e à

escolha do método a ser utilizado na avaliação.

11

Recente-

mente, este tipo de abordagem é cada vez mais frequente

no Brasil

10,12,13

, pois permite um entendimento aprofundado

sobre o objeto da pesquisa e uma apreciação prévia das pos-

sibilidades de avaliação posteriores.

14,15

Neste propósito, o presente estudo buscou realizar o EA

de uma rede de colaboração em pesquisa da Fiocruz Minas,

considerando a descrição da intervenção, o desenvolvimento

dos modelos teórico e lógico da avaliação e a identificação

das perguntas avaliativas. Optou-se por avaliar um progra-

ma estruturante, a Rede Fiocruz Minas para Identificação,

Produção e Avaliação de Antígenos de Patógenos causadores

de Doenças Infecto- Parasitárias (RIPAg), que integra vários

grupos de pesquisa e laboratórios do Centro os quais com-

partilham conhecimentos e recursos, para responder a ques-

tões relevantes da saúde nas diversas áreas do conhecimento

e de atuação.

6

Gestão, meta-avaliação e redes de conhecimento