Table of Contents Table of Contents
Previous Page  87 / 108 Next Page
Information
Show Menu
Previous Page 87 / 108 Next Page
Page Background

S85

Plano Estratégico de Cooperação em Saúde na CPLP

3 - Diretrizes gerais para a formação

dos avaliadores em saúde

“Precisamos de avaliações que testem as teorias e pressu-

postos sobre os quais os programas do fortalecimento de

capacidades estão baseados, documentar seus resultados

e tirar lições para aprimorar futuros programas... pou-

cos programas para o desenvolvimento de capacidades

têm sido sistematicamente e continuamente avaliados”

LaFond & Brown,2003

O fortalecimento de capacidades avaliativas é entendi-

do como um processo que melhora a habilidade de uma

pessoa, grupo, organização ou sistema para alcançar seus

objetivos, obter melhor performance ou desempenho. A

avaliação é compreendida então, nesta dupla funcionali-

dade, como uma ação social e participativa de empode-

ramento dos participantes, cuja racionalidade se apoia na

idéia de que é a compreensão e aceitação de resultados

co-produzidos que promovem o compromisso para agir.

Nesta ótica, as lições e achados que emergem ao longo do

processo de formação e dos estudos avaliatórios devem

assegurar que métodos e resultados sejam compreensí-

veis e úteis para o conjunto de participantes. Isto exigirá

que os avaliadores externos e internos tenham compe-

tência detalhada e contextualizada sobre os projetos ou

programas avaliados, que as ferramentas utilizadas sejam

de fácil manejo para utilizações frequentes, alimentando

processos de aprendizagem organizacional que direcio-

nem os esforços para um maior e melhor desempenho

(Hartz, 2008).

Coerente com essa perspetiva temos participado com o

Ministério/Secretarias de Estado do Brasil, e outros paí-

ses dos PALOP, numa série de iniciativas da formação de

seus quadros, para a implementação nacional do monito-

ramento e avaliação (M/A) de suas políticas/programas

de saúde e que orientam nossas diretrizes (Brasil, 2005):

Viabilizar uma trajetória que possibilite a formação

permanente do avaliador na atenção em saúde (processos

educativos presenciais e à distância);

A construção dessa trajetória pedagógica pressupõe a

combinação do conhecimento mais atualizado da avalia-

ção com a experiência e a prática dos sujeitos envolvidos;

Fomentar intercâmbios em rede na produção do co-

nhecimento em formação e avaliação, além de contribuir

para a institucionalização da avaliação dos serviços;

Estas iniciativas também se baseiam nas experiências ca-

nadenses bem consolidadas do processo de institucionali-

zação da avaliação em âmbito nacional, desde o início dos

anos 90, mas também nas suas estratégias de apoio ao de-

senvolvimento. Elas têm como pressuposto o fomento aos

projetos de educação permanente, a fim de aprimorar e

aumentar as qualificações e reconhecimento de seus pro-

fissionais, através da educação formal, sujeitos à sua mis-

são organizacional e às exigências operacionais

.

Estes re-

ferenciais fortalecem, simultaneamente, as competências

individuais e organizacionais no campo da saúde pública,

destacando a importância da contextualização e focaliza-

ção das competências bem como a necessidade de se as-

segurar que os processos de formação se façam por insti-

tuições pré-qualificadas (CEE, 2004 e 2005;IDRC,2007).

Embora nos alinhando à importância das agendas locais

nos planos de formação, como boas práticas no fortaleci-

mento de capacidades, elas têm como eixos comuns:

Enfocar as exigências de capacidade crítica;

Respeitar a diversidade da comunidade de avaliação;

Fundamentar as experiências e aplicar as lições apren-

didas;

Reconhecer as diferentes necessidades e preferências

de aprendizagem;

Aplicar uma abordagem sustentada em longo prazo.

Assim, os programas de capacitação têm que alcançar as

crescentes necessidades dos numerosos funcionários pú-

blicos cuja tarefa é projetar, implementar e/ou utilizar

estudos de avaliação, tentando minimizar problemas co-

muns tais como:

Praticamente não há seminários ou orientação de M/A

oferecidos para funcionários cujo trabalho pode decidir

sobre sua importância institucional;

Pouco foco no gerenciamento e utilização de sistemas

e unidades de M/A;

A maneira “de cima para baixo” com que muitos siste-

mas em M/A são desenvolvidos, com pouca ou nenhuma

menção a técnicas como análise de interessados e avalia-

ção de beneficiários;

Muitos cursos são conduzidos exclusivamente na sala

de aula com pouca experiência prática na coleta, qualida-

de e avaliação de dados.

Participantes dos cursos normalmente selecionados

com base em anterioridade, do nível central, agências e

regiões, ou que possam mais facilmente ser dispensados

ainda que sem perfil para o curso.

Por fim, considerando-se a necessidade de que o proces-

so de formação profissional seja coerente com uma es-

tratégia da avaliação de desempenho em âmbito nacional

(Hartz & Ferrinho 2011), estes processos inevitavelmen-

te refletem os pontos fortes e as fraquezas de seus siste-

mas de planejamento centralizados sem uma visão local.

Outra advertência importante, ao pensar em abordagens

de treinamento que fortaleçam a capacidade em avalia-

ção, vem do trabalho de Russon&Russon (2006) aler-

tando que se conduzido antes que se instale a necessária

arquitetura organizacional é, com frequência, desperdí-

cio de recursos, reforçando a necessidade dos requisitos

prévios à sua institucionalização.