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Plano Estratégico de Cooperação em Saúde na CPLP
• contribuir para o progresso dos conhecimentos e elabora-
ção teórica (fundamental).
Já os objetivos oficiosos dos diferentes atores, várias vezes im-
plícitos, são também muito importantes de serem considera-
dos em função de seus papéis. Apenas alguns exemplos dos
diferentes interesses na avaliação: os administradores podem
querer legitimar uma decisão já tomada, ampliar o poder e o
controlo sobre a intervenção ou apenas satisfazer as exigências
dos organismos de financiamento. Os usuários podem buscar
benefícios com serviços diferentes dos disponíveis habitual-
mente ou até reduzir sua dependência perante profissionais.
Também os avaliadores podem buscar ampliar seus conheci-
mentos, prestígio e promover uma idéia que lhes é cara.
Todas essas considerações precisam ser levadas em conta no
momento de pactuar os tipos de avaliação mais adequados
como esquematizado na
figura 2
. A avaliação normativa é
a atividade que consiste em fazer um julgamento sobre uma
intervenção, comparando os recursos empregados e sua
organização (estrutura), os serviços ou os bens produzidos
(processo), e os resultados obtidos, com critérios e normas.
Já a pesquisa avaliativa é uma abordagem relacional entre os
diversos componentes das intervenções que tentam respon-
der diferentes questões:
Análise estratégica -
A prioridade da intervenção se justi-
fica, em relação aos problemas da população, e é pertinente
que seja este operador que a assuma?
Análise lógica -
A intervenção que se propõe pode alcan-
çar os objetivos de forma satisfatória em relação aos modelos
de estudos similares na literatura?
Análise da produtividade -
Os recursos são colocados
de maneira que otimizem os serviços produzidos?
Análise dos efeitos -
Quais os efeitos que podem ser
atribuídos à intervenção (em laboratório, em situação ex-
perimental controlada, em situação clínica, ou junto a uma
população vivendo no seu
meio habitual)?
Análise do rendimento
ou eficiência -
Com que
custo são obtidos os efeitos
da intervenção?
Análise da implanta-
ção (ou implementa-
ção) -
Como e por quê
os efeitos variam entre os
meios nos quais a interven-
ção é introduzida?
Nos focaremos neste últi-
mo tipo de análise, parti-
cularmente importante na
implantação de políticas
ou programas nacionais,
em âmbito regional ou
local, mas também quan-
do se analisam projetos internacionais em diferentes países.
Nessa perspetiva a investigação avaliativa consiste, por um
lado, em medir a influência que pode ter a variação no grau
de implantação de uma intervenção sobre seus efeitos e, por
outro, em apreciar a influência do ambiente e do contexto,
no qual a intervenção está implantada. Este tipo de análise
é pertinente quando observamos uma variabilidade não ex-
plicada nos resultados obtidos por intervenções semelhantes
em contextos diferentes. Ela é também particularmente im-
portante quando a intervenção analisada é complexa e/ou
composta de elementos sequenciais, sobre os quais o contex-
to pode interagir de diferentes modos.
O primeiro tipo de análise da implantação consiste em medir
a influência da variação, no formato ou grau de implantação
da intervenção, em diferentes contextos. Até mesmo uma
ausência de efeito pode ser consequência do facto de que a
intervenção avaliada não foi realmente implantada. Outros
tipos de análise da implantação consistem em se perguntar
sobre os efeitos (esperados ou intencionais e externalidades)
da interdependência que pode haver entre os contextos or-
ganizacionais e sociais, nos quais a intervenção está implan-
tada, e as múltiplas interações entre os mesmos.
Como pode ser visto no exemplo da
figura 3
, nos interroga-
mos, neste tipo de análise, sobre o sinergismo que pode exis-
tir entre um contexto e uma intervenção ou, pelo contrário,
sobre os antagonismos existentes , isto é, sobre os efeitos
inibidores ou facilitadores do contexto e sobre a interven-
ção. A iniciativa de desenvolver a avaliação da implantação
de programas de saúde é frequentemente uma busca de ex-
plicação. Não obstante a existência de políticas nacionais ou
locais, com arcabouço normativo e tecnologias validadas por
ensaios clínicos e populacionais, com eficácia comprovada,
suas ações de controle, prevenção, proteção e/ou promoção
da saúde não apresentam a efetividade e eficiência esperadas ou
Figura 2 -TIPOLOGIA PARA AVALIAÇÃO DAS INTERVENÇÕES
SITUAÇÃO PROBLEMÁTICA
Objetivos
Efeitos
Serviços
Recursos
CONTEXTO
Apreciação dos resultados
Apreciação do processo
Apreciação da estrutura
Análise estratégica
Análise lógica
Análise dos efeitos
Análise da produção
(produtividade, qualidade)
Análise do rendimento
Análise de implantação
Abordagem
normativa
Pesquisa avaliativa
(Abordagem relacional
)
Figura 2
–Tipologia para avaliação das intervenções