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S83

Plano Estratégico de Cooperação em Saúde na CPLP

• contribuir para o progresso dos conhecimentos e elabora-

ção teórica (fundamental).

Já os objetivos oficiosos dos diferentes atores, várias vezes im-

plícitos, são também muito importantes de serem considera-

dos em função de seus papéis. Apenas alguns exemplos dos

diferentes interesses na avaliação: os administradores podem

querer legitimar uma decisão já tomada, ampliar o poder e o

controlo sobre a intervenção ou apenas satisfazer as exigências

dos organismos de financiamento. Os usuários podem buscar

benefícios com serviços diferentes dos disponíveis habitual-

mente ou até reduzir sua dependência perante profissionais.

Também os avaliadores podem buscar ampliar seus conheci-

mentos, prestígio e promover uma idéia que lhes é cara.

Todas essas considerações precisam ser levadas em conta no

momento de pactuar os tipos de avaliação mais adequados

como esquematizado na

figura 2

. A avaliação normativa é

a atividade que consiste em fazer um julgamento sobre uma

intervenção, comparando os recursos empregados e sua

organização (estrutura), os serviços ou os bens produzidos

(processo), e os resultados obtidos, com critérios e normas.

Já a pesquisa avaliativa é uma abordagem relacional entre os

diversos componentes das intervenções que tentam respon-

der diferentes questões:

Análise estratégica -

A prioridade da intervenção se justi-

fica, em relação aos problemas da população, e é pertinente

que seja este operador que a assuma?

Análise lógica -

A intervenção que se propõe pode alcan-

çar os objetivos de forma satisfatória em relação aos modelos

de estudos similares na literatura?

Análise da produtividade -

Os recursos são colocados

de maneira que otimizem os serviços produzidos?

Análise dos efeitos -

Quais os efeitos que podem ser

atribuídos à intervenção (em laboratório, em situação ex-

perimental controlada, em situação clínica, ou junto a uma

população vivendo no seu

meio habitual)?

Análise do rendimento

ou eficiência -

Com que

custo são obtidos os efeitos

da intervenção?

Análise da implanta-

ção (ou implementa-

ção) -

Como e por quê

os efeitos variam entre os

meios nos quais a interven-

ção é introduzida?

Nos focaremos neste últi-

mo tipo de análise, parti-

cularmente importante na

implantação de políticas

ou programas nacionais,

em âmbito regional ou

local, mas também quan-

do se analisam projetos internacionais em diferentes países.

Nessa perspetiva a investigação avaliativa consiste, por um

lado, em medir a influência que pode ter a variação no grau

de implantação de uma intervenção sobre seus efeitos e, por

outro, em apreciar a influência do ambiente e do contexto,

no qual a intervenção está implantada. Este tipo de análise

é pertinente quando observamos uma variabilidade não ex-

plicada nos resultados obtidos por intervenções semelhantes

em contextos diferentes. Ela é também particularmente im-

portante quando a intervenção analisada é complexa e/ou

composta de elementos sequenciais, sobre os quais o contex-

to pode interagir de diferentes modos.

O primeiro tipo de análise da implantação consiste em medir

a influência da variação, no formato ou grau de implantação

da intervenção, em diferentes contextos. Até mesmo uma

ausência de efeito pode ser consequência do facto de que a

intervenção avaliada não foi realmente implantada. Outros

tipos de análise da implantação consistem em se perguntar

sobre os efeitos (esperados ou intencionais e externalidades)

da interdependência que pode haver entre os contextos or-

ganizacionais e sociais, nos quais a intervenção está implan-

tada, e as múltiplas interações entre os mesmos.

Como pode ser visto no exemplo da

figura 3

, nos interroga-

mos, neste tipo de análise, sobre o sinergismo que pode exis-

tir entre um contexto e uma intervenção ou, pelo contrário,

sobre os antagonismos existentes , isto é, sobre os efeitos

inibidores ou facilitadores do contexto e sobre a interven-

ção. A iniciativa de desenvolver a avaliação da implantação

de programas de saúde é frequentemente uma busca de ex-

plicação. Não obstante a existência de políticas nacionais ou

locais, com arcabouço normativo e tecnologias validadas por

ensaios clínicos e populacionais, com eficácia comprovada,

suas ações de controle, prevenção, proteção e/ou promoção

da saúde não apresentam a efetividade e eficiência esperadas ou

Figura 2 -TIPOLOGIA PARA AVALIAÇÃO DAS INTERVENÇÕES

SITUAÇÃO PROBLEMÁTICA

Objetivos

Efeitos

Serviços

Recursos

CONTEXTO

Apreciação dos resultados

Apreciação do processo

Apreciação da estrutura

Análise estratégica

Análise lógica

Análise dos efeitos

Análise da produção

(produtividade, qualidade)

Análise do rendimento

Análise de implantação

Abordagem

normativa

Pesquisa avaliativa

(Abordagem relacional

)

Figura 2

–Tipologia para avaliação das intervenções