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S47

Plano Estratégico de Cooperação em Saúde na CPLP

Programa de Vigilância Global da OMS/IUATLD, realizou-se

um inquérito mundial com o objetivo de avaliar a incidência da

tuberculose resistente para estabelecimento das bases em que

devem assentar as medidas de controlo daTB e daTB-MR quer

ao nível da prevenção da transmissão quer da implementação

da terapêutica antibacilar, a fim de prevenir a emergência de es-

tirpes deTB-MR (1-3, 6).A OMS recomendou e instituciona-

lizou então o

Programa Direct ObservedTreatment

, mais conhecido

pelo acrónimo DOT, ou Tratamento Observado Diretamente

(TOD), que determina que um profissional de saúde observa e

certifica-se que o paciente toma a medicação prescrita e que não

abandona o esquema terapêutico.Vários estudos demonstraram

que o programaTOD é mais eficaz do que a terapia tradicional

não supervisionada (2, 4), sendo esta estratégia a mais eficaz

disponível atualmente para o controlo da epidemia.A estratégia

integrada do programaTOD só funciona se se cumprirem cinco

componentes chave: um compromisso por parte do governo de

cada país em manter as atividades de controlo da tuberculose; a

necessidade de deteção dos casos de tuberculose em pacientes

sintomáticos; um regime de tratamento de 6 a 8 meses para to-

dos os casos de baciloscopias positivas, comTOD durante pelo

menos os primeiros 2 meses; um fornecimento regular de to-

dos os fármacos anti-tuberculose essenciais; e ainda um sistema

de notificação eficaz, que permita uma avaliação dos resultados

do tratamento para cada paciente e do programa de controlo da

tuberculose em geral. Este programa de controlo foi expandido

pela OMS em 1999 de forma a cobrir especificamente a dete-

ção de casos e o acompanhamento do tratamento em regiões

com elevada incidência de TB-MR que, nesta vertente, se de-

signa de programaTOD+ (ou DOT-Plus na designação anglo-

-saxónica) (1-3).

É neste contexto que no início do século XXI a iniciativa Stop

TB foi estabelecida após a reunião do Comité Ad Hoc sobre a

epidemia da tuberculose, realizada em Londres em março de

1998 (3-5). Emmarço de 2000, a

StopTB Partnership

emite a De-

claração de Amesterdão que define as linhas mestras do plano

global para travar a TB (

Amsterdam Declaration to Stop TB

), que

solicitava então a ação e o comprometimento dos 20 países

com a maior carga de TB na luta contra a tuberculose. Nesse

mesmo ano, aAssembleia Mundial da Saúde aprovou o estabe-

lecimento da Parceria Global StopTB (3-5), e em sequência,

a OMS lançava, em 2006, a “New Stop TB Strategy” com o

objetivo declarado de atingir os objetivos do milénio e os ob-

jetivos para o controlo da TB definidos pela Parceria Global

StopTB (3, 6).

Assim, e dentro do mesmo racional de ações globais de luta

contra a reemergência da tuberculose e da tuberculose resis-

tente, e no âmbito da VII Conferência de Chefes de Estado e

de Governo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa

(CPLP) que ocorreu em Lisboa a 25 de julho de 2008, realizou-

-se então um Fórum para as questões da Saúde da Sociedade Ci-

vil dos Países de Língua Portuguesa, por iniciativa do Presidente

Jorge Sampaio, Embaixador de Boa Vontade da CPLP para as

questões de saúde e Enviado Especial das Nações Unidas para a

Luta contra aTuberculose. Deste fórum emergiu um documen-

to intitulado “Apelo à Ação”, apoiado por todos os Chefes de

Estado presentes, no sentido de envidar todos os esforços para,

no futuro, promover o debate pela sociedade civil para as ques-

tões da saúde dos países de língua portuguesa, em particular

nas problemáticas relativas aoVIH/SIDA, malária e tuberculo-

se. Este comprometimento sustentou um dos eixos estratégicos

do subsequente Plano Estratégico de Cooperação em Saúde

2009-2012 (PECS/CPLP), visando apoiar o acompanhamento

das políticas e a investigação em VIH/SIDA, malária e tuber-

culose.Dentro deste Plano

Estratégico vários projetos

foram apoiados e financia-

dos no sentido de promo-

ver a criação de redes de

investigação em saúde na

CPLP dedicadas a estas pa-

tologias que congregassem

as vontades e necessidades

dos países na melhoria e

desenvolvimento dos ins-

trumentos e ações de luta

contra estas enfermidades,

em particular contra a tu-

berculose, uma vez que

esta era e continua a ser

uma emergência de saúde

pública em todos os países

da CPLP. Na Tabela 1 en-

contram-se os dados refe-

rentes aos indicadores de

incidência de tuberculose

Tabela 1

–Taxa de incidência de tuberculose para 2014 por 100 000 habitantes e percentagem de casos de tu-

berculose multi-resistente nos países da CPLP em 2014.

1

Organização Mundial de Saúde (2015) Global tuberculosis report 2015.World Health Organization (ed.),

Genebra e Copenhaga;

Dados globais disponíveis em:

http://www.who.int/tb/publications/global_report/en/

Dados por país disponíveis em:

http://www.who.int/tb/country/data/profiles/en/

Tabela 1 - Taxa de incidência de tuberculose para 2014 por 100 000 habitantes e

percentagem de casos de tuberculose multi-resistente nos países da CPLP em 2014.

País da CPLP

Taxa de incidência de

tuberculose para 2014 por 100 000

habitantes

1

Percentagem de casos de tuberculose multi-resistente

1

Casos novos

Retratamentos

Moçambique

551

3.5

11

Timor-Leste

498

2.2

16

Angola

370

1.7

17

Guiné-Bissau

369

1.7

17

Guiné-Equatorial

177

1.7

17

Cabo-Verde

138

1.7

17

São-Tomé e Príncipe

97

1.7

88

Brasil

44

1.4

7.5

Portugal

25

0.98

4.9

1

Organização Mundial de

Saúde (2015) Global tuberculosis report 2015.

World Health

Organization (ed.), Genebra e Copenhaga;

Dados globais disponíveis em:

http://www.who.int/tb/publications/global_report/en/

Dados por país disponíveis em:

http://www.who.int/tb/country/data/profiles/en/