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Plano Estratégico de Cooperação em Saúde na CPLP
Manaus e Salvador foi viabilizada por meio de co-financia-
mento NIAID-NIH e Departamento Ciência Tecnologia da
Secretaria de Ciência Tecnologia e Insumos Estratégicos do
Ministério da Saúde (Decit--SCTIE-MS).
Em 2014, como resultante das discussões do
Movement Re-
search
, a OMS sinaliza que a REDE-TB pode ser um bom
exemplo de integração de esforços na área de pesquisa em
TB, visto que no Plano Global deTB 2015, a pesquisa passou
a ser incluída como um dos três pilares.
Em 2015, a REDE-TB realiza um inquérito entre represen-
tantes de diferentes instituições, seja do governo, da Aca-
demia, Instituições de Pesquisa, Sociedade Civil sobre as
prioridades de pesquisa emTB que deveriam ser indicadas
no Brasil, em resposta às demandas do novo Plano Global
deTB, proposto pela OMS e STOPTB
Initiative
.Ao final de
2015, a REDE-TB coordena, com auxílio do PNCT-MS e
da Fiocruz a consolidação da Agenda Nacional de Pesquisa
em TB, a ser utilizada pelos formuladores de políticas pú-
blicas e agências de fomento.
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O conjunto das atividades acima descritas demonstra a
cooperação estreita entre os pesquisadores, as diferentes
esferas do governo e a sociedade civil, e a importância atri-
buída à REDE-TB pelos órgãos internacionais de fomento
e de pesquisa.
Atuais atividades da REDE-TB
Algumas Áreas de Coordenação da REDE-TB estão con-
solidadas, enquanto outras buscam encontrar o melhor
caminho para participar de forma ativa dentro da REDE
TB (Quadro 1). Uma das convicções solidificadas e que
tornou-se consenso entre pesquisadores das áreas básicas e
translacional é a necessidade irremovível da interação com
a indústria nacional ou internacional. Este movimento sur-
giu especialmente a partir da Área Diagnóstica na medida
em que se estabeleceu o consenso da necessidade de que
os novos métodos diagnósticos desenvolvidos pela Acade-
mia Brasileira somente seriam viáveis de serem disponibi-
lizados à sociedade se apresentassem um elevado grau de
reprodutibilidade fruto da padronização conseguida por
meio de
kits
, desenvolvidos pela indústria
Área de
pesquisa básica - translacional
A clareza e solidez dos objetivos, bem como o modelo correto
das estratégias metodológicas podem não ser suficientes para
comprovar as hipóteses de um projeto de ciência básica. En-
tretanto, a qualificação e a experiência dos pesquisadores pos-
sibilitam atender a assertiva de Louis Pasteur: “
Dans les champs
de l’observation, le hasard ne favorise que les esprits préparés”
que
diante do inesperado, pode formular novas hipóteses, delinear
novos experimentos e seguir na busca do conhecimento. Dian-
te da urgência do controle da TB associada à negligência dos
detentores do capital e do poder político para tal, faz-se ne-
cessário, de forma premente, a transferência do conhecimento
de uma área básica para uma área mais próxima do paciente e
da sociedade. Pode-se dizer que, em poucas áreas do conheci-
mento científico, o caminho entre a geração do conhecimento
e sua aplicação seja tão curto e rápido.
Área de vacinas
A REDE-TB e o Centro de Pesquisas emTuberculose da Fa-
culdade de Medicina de Ribeirão Preto–USP têm utilizado
várias estratégias inovadoras para o desenvolvimento de no-
vas vacinas preventivas e terapêuticas para o controle da TB.
Diferentes modelos experimentais de vacinas se destacam:
(i) vacinas de DNA; (ii) vacinas de subunidades, usando an-
tígenos secretados e/ou recombinantes; (iii) vacinas vetori-
zadas por microrganismos vivos como BCG e Salmonella;
(iv) vacinas vetorizadas por sistemas de liberação controla-
da como microesferas, liposomas e sistemas monoleína; (v)
vacinas de micobactérias atenuadas, saprófitas e BCG re-
combinante. Dentre estas estratégias, uma vacina de DNA
(DNAhsp65) mostrou capacidade não só preventiva contra
infeção por
M. tuberculosis
como também atividade terapêu-
tica contra a doença já estabelecida. Os resultados obtidos
em camundongos, cobaias e macacos mostraram que a vacina
DNAhsp65 poderia curar os casos crónicos, a doença disse-
minada, a infeção latente e a TB resistente. Ela impede tam-
bém a reativação da doença em animais imunossuprimidos,
e quando usada em associação com a quimioterapia, pode
reduzir o tempo de tratamento paraTB.
6–13
Para a pesquisa e desenvolvimento de vacinas foi estabeleci-
da, por pesquisadores da REDE-TB, uma empresa
Spin Off
que tem como foco estabelecer um elo de ligação impor-
tante entre a pesquisa básica e o setor produtivo na área de
biotecnologia no Brasil. Esta empresa, a Farmacore Biotec-
nologia Ltda, está produzindo lotes piloto de algumas das va-
cinas em desenvolvimento para dar início aos testes clínicos.
Área de fármacos
A área de Fármacos da REDE-TB tem se dedicado à busca
por novos agentes anti-TB em duas frentes distintas: proje-
ção racional de fármacos a partir de alvos moleculares defi-
nidos e triagem fenotípica acoplada a novas estratégias para
identificar novos compostos de ação anti-TB. Entre os fár-
macos identificados, citamos o composto IQG-607 (penta-
ciano (isoniazida) ferrato(II)), análogo à isoniazida (INH) ca-
paz de inibir in vitro tanto a atividade da Mtb InhA selvagem
quanto a de formas mutantes associadas à resistência à INH
de isolados clínicos. Além disso, este composto mostrou-se
mais seguro que o fármaco INH. Por meio de colaboração
com o laboratório industrial SSK Biosciences Pvt Ltd - Pila-
ni, Hyderabad Campus, Jawahar Nagar, foi possível realizar
o escalonamento da síntese do composto IQG-607 (15kg/
lote). Estudos pré-clínicos em porcos (mini-pigs) estão em
andamento e, com resultados bem favoráveis, estudos em
seres humanos (fase I) devem ser iniciados em breve.