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abordados, ficou claro, tal como sugerido por Shapin e Scha-

ffer [21], que as controvérsias científicas se constituem como

momentos especialmente fecundos para analisarmos sócio-

-cognitivamente a produção dos enunciados científicos, tor-

nando visíveis as diferentes proposições, seus propositores

e os processos de construção e circulação do conhecimento

científico existentes neste momento, que após a sua padroni-

zação, são suprimidos para dar lugar, nos manuais médicos, a

um conhecimento pretensiosamente natural, objetivo, neu-

tro e universal, que teria sido construído através dos avanços

científicos retilíneos e extraordinários (e sem espaços para

erros), protagonizados por homens à frente do seu tempo

que conseguiram enxergar a verdade por trás dos factos e da

ignorância reinante.

Em 1922, com a identificação de diferentes espécies de

flebotomíneos responsáveis pela transmissão das leishma-

nioses na América do Sul pelo pesquisador Henrique Ara-

gão (1879 – 1956) do Instituto Oswaldo Cruz ganhou mais

força a ideia de modalidades americanas de leishmanioses

[22]. No entanto, seria somente na década de 1960 que

pesquisadores – ainda interessados em encontrar algum

sinal diferencial entre esses protozoários – conseguiriam

uma maneira de distinguir leishmanias através de com-

plexas técnicas de separação molecular, inaugurando uma

nova agenda de pesquisa que foi responsável por identificar,

até aos dias atuais, 22 espécies de leishmanias patogénicas

ao homem.

Agradecimentos

Esse artigo está vinculado ao projeto de pesquisa

História das

Leishmanioses

(1903-2015): significados, enfrentamento e desafios

de uma doença tropical que se tornou risco global

que conta com

financiamento do CNPq, através da chamada CNPq/Fio-

cruz/COC/Nº 04/2015 – PROEP COC.

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Políticas e redes internacionais de saúde pública no século XX