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A n a i s d o I HM T

a Faculdade de Ciências Médicas de Lisboa, a Fundação Ca-

louste Gulbenkian, com a OMS e com a Comissão Europeia.

As atividades do CMDT rapidamente se estenderam a to-

das os países de língua oficial portuguesa. Deste modo, cria-

ram-se novas infraestruturas como por exemplo clínicas e

laboratórios, e colaborações para o controlo de patologias

endémicas. Além disso, investigadores do Instituto também

colaboraram com as autoridades sanitárias e faculdades de

medicina destes países no que diz respeito a intervenções

de emergência no caso de surtos e epidemias, e a organiza-

ção de cursos de formação,

workshops

e cursos de mestrado e

de doutoramento nas suas áreas de competência. As colabo-

rações do CMDT estenderam-se também com instituições

e laboratórios na África do Sul, Egipto, Tanzânia, México,

Cuba, Colômbia e Tailândia. Em 2006, investigadores do

CMDT fundaram a Rede de Investigação e Investimento em

Saúde dedicada ao estudo multidisciplinar da malária (RI-

DES- Malária) em países da CPLP, que iniciou também pro-

gramas de formação para estudantes africanos e serviu como

uma plataforma de debate sobre as políticas de controlo da

malária e doenças negligenciadas (CMDT, 2007; Almeida et

al, 2010; Silva et al, 2011) e lançou a Plataforma Ibérica de

Malária em 2007. No momento atual, as colaborações do

IHMT estendem-se a cerca de 50 países em todos os conti-

nentes.

Um segundo centro de investigação, a Unidade de Parasito-

logia e Microbiologia Médicas (UPMM) foi criado no IHMT

em 1994, beneficiando também do apoio financeiro pluria-

nual da JNICT e da FCT a partir de 1997. Composto por

seis grupos de investigação, de entomologia, helmintologia,

virologia, microbiologia, botânica e saúde internacional, a

unidade funcionou em colaboração com o CMDT e com

outros centros de investigação nacionais e estrangeiros. As

atividades da Unidade, que se extingue também em Mar-

ço de 2015, centraram-se na investigação sobre bilharziose,

entomologia, leishmaniose, chikungunya, rotavírus, VIH e

tuberculose.

Através das suas relações privilegiadas com os PALOP – que

se estenderam a todos os estados membros da CPLP após a

sua criação em 1996 – o IHMT, as suas unidades e os seus

centros facultaram apoio académico e institucional para re-

forçar os sistemas de saúde e os programas de controlo e er-

radicação destes países. O fim das hostilidades e a paz obtida

em Moçambique em 1992 e em Angola em 2002 criaram

novas oportunidades para a cooperação, incluído acordos

com o Instituto Nacional de Saúde de Moçambique e com

os Serviços de Saúde das Forças Armadas de Angola (IHMT,

1994: 15; IHMT, 2005: 7), além de projetos de investiga-

ção. Estas iniciativas foram reforçadas através do protocolo

com o Instituto de Cooperação Portuguesa (hoje Instituto

Camões), concluído em 2001, para a definição das políticas

de desenvolvimento no domínio da saúde (IHMT, 2001: 7).

Investigadores do IHMT participaram em outras iniciativas

ao nível de saúde global através de acordos bilaterais com os

PALOP e países da CPLP, mas também cada vez mais através

de redes de investigação internacionais. Os investigadores

dos dois centros (CMDT e UPMM) empenharam-se no ter-

reno no combate contra a epidemia da doença do sono em

Angola e contra surtos de malária em São Tomé em 1985 e

Cabo Verde nos meados dos anos noventa, e em campanhas

contra a oncocercose, cólera eVIH na Guiné-Bissau (CMDT,

1995-1999: 20; IHMT, 1997: 33; Abranches, 2004: 163-5;

191). Com o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian e com

financiamentos do Estado português, o IHMT assumiu a su-

pervisão de unidades de saúde e de laboratórios na Guiné

Bissau e em São Tomé e Príncipe, experiências que mostra-

ram os limites da sua capacidade em gerir unidades externas

permanentes à semelhança das missões da época colonial

(IHMT, 1997-1999: 15; Abranches, 2004: 172-4; 187-8).

Na Guiné-Bissau foi inaugurado o Centro de Medicina Tro-

pical (CMT) anexo ao Hospital Simão Mendes em Bissau em

1989

41

. O IHMT também iniciou colaborações em cursos

de medicina tropical e saúde pública com as Faculdades de

Medicina da Universidade de Agostinho Neto em Luanda e a

Universidade Eduardo Mondlane em Maputo (IHMT, 2006:

10).

A adesão de Portugal à Comunidade Económica Europeia

(CEE) em 1985 criou novas sinergias no que diz respeito à

integração em redes transnacionais de investigação e defini-

ção de políticas de saúde pública, e o acesso a financiamento

estratégico para projetos de I & D. Os efeitos da adesão de

Portugal a CEE não se fizeram esperar não somente em ter-

mos das verbas disponibilizados pela CEE através de fundos

estruturais para a investigação em Portugal, mas também ao

nível do reforço dos laços do Instituto com os seus congé-

neres europeias no quadro de redes de investigação e ensino

32 - No caso da doença do sono, existe um desfasamento entre as políticas seguidas

no espaço colonial português, onde o combate contra a doença do sono continuou

até a 1974/75, e os países africanos que descolonizaram nos anos sessenta, onde

se fez notar uma mudança de estratégia em termos de luta contra as endemias e

políticas de saúde pública.

33- Sobre a contribuição do Instituto ao programaTDR, verAmaral e Havik (2014).

34- O primeiro centro do IMT foi inaugurado em 1944, nomeadamente o Centro

de Estudos de Medicina Tropical, pelo Instituto de Alta Cultura (IAC), atribuindo

bolsas de estudo para a investigação. A colaboração com o IAC já estava previsto

no regulamento de 1955; ver DL. Nº. 40.055, art.º 1.5. O Centro de Estudos das

Doenças Infeciosas foi fundado em 1966 novamente com o apoio do IAC, seguindo

pelo Centro de Estudos de EpidemiologiaTropical (ENSPMT, 1971: 40/1).

35- Ver DL. 164/80, de 26 de Maio 1980.

36- DL. 576/76, 21-7-1976, in: Diário da República, I Série, Nº. 169, 21-7-1976.

37- DL. 64/83, in: Diário da República, série 1, nº. 167, 22-7-1983. Estes estatu-

tos foram alterados em 1990 no seguimento da introdução de nova legislação que

regulava a autonomia das universidades em Portugal.

38-Ver art.º 3º, DL. Nº. 64/83, de 22 de Julho 1983.

39-Ver art.º 4º, 3-4, DL. Nº. 64/83, de 22 de Julho 1983

40- A Junta Nacional de Investigação Científica e Tecnológica (JNICT) foi fundada

em 1967; ver DL. Nº. 47.791, in: Diário do Governo, 1ª série, nº. 160, 11-7-1967.

41- Ver Decreto n.º 30/89, Acordo de Cooperação entre a República Portuguesa

e a República da Guiné-BissauVisando a Criação e o Funcionamento do Centro de

MedicinaTropical da República da Guiné-Bissau. Este Centro, que se transformou

na prática numa "unidade generalista" por causa da procura de serviços de saúde

pela população guineense (IHMT, 1998: 9), foi destruído durante a Guerra de Bis-

sau em 1998/9 (IHMT, 1998: 10), mas reaberto como laboratório análises clínicas

com apoio do Instituto Português de Apoio ao Desenvolvimento (IPAD) em 2005;

ver também IHMT, 1994: 4.A tutela do Hospital Agostinho Neto em SãoTomé foi

retirada ao Instituto em 1994 e transferido para o Hospital de Coimbra (Abranches,

2004: 187)