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Uma das fontes de receitas próprias do IHMT é proveniente das

inscrições para cursos de mestrado e doutoramento que aumen-

taram de 234 em 2001 para 357 em 2009. O crescente número

de alunos vindos dos PALOP reflete a importância destes países

para as atividades do Instituto.Outras receitas provém da clínica

do viajante e das análises clínicas, que se associam a deslocação

de nacionais e de populações migrantes dentro do espaço nacio-

nal e da UE com zonas endémicas.

A criação, em 2001, do Gabinete de Cooperação sublinha a

importância desta atividade para o IHMT, e a prioridade dada

ao estabelecimento de protolocos e convénios com entidades

nacionais e internacionais (IHMT, 2001). Desde então, a coo-

peração assumiu um papel mais relevante na proveniência das

receitas, também em relação a investigação, principalmente no

quadro de relações bilaterais com os PALOP e multilaterais com

a CPLP (ver fig. 4) integradas nos programas de ajuda e desen-

volvimento coordenadas pelo IPAD – hoje Instituto Camões. O

convénio assinado com a Fundação Osvaldo Cruz/FioCruz em

2008, ancorado no quadro dos Planos Estratégico de Coope-

ração em Saúde (PECS) da CPLP, aumentou a participação em

projetos transatlânticos de investigação, além de diversificar as

fontes de financiamento. Em 2014, o IHMT assinou um proto-

colo com o Ministério de Saúde para intensificar a colaboração

com os PALOP no quadro do programa Francisco Cambournac

focado no estudo e a prevenção de doenças como a malária e

doenças negligenciadas, nomeadamente o dengue, a doença do

sono, e a leishmaniose. A Rede de Institutos Nacionais de Saú-

de Pública (RINSP) da CPLP constituída em Bissau em 2011

e de que o IHMT faz parte pretende fortalecer a cooperação

para melhorar os sistemas de saúde pública dos estados

membros e o acesso aos cuidados e saúde por parte dos

utentes

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.

O empenho do Instituto na integração em redes de inves-

tigação fica também expressa na organização de encon-

tros científicos de relevo. Desde 2012 o Instituto acolheu

várias conferências, tal como I Encontro Luso-Brasileiro

de História da MedicinaTropical que teve lugar no IHMT

em 2012, em que se discutiu saberes, narrativas e práticas

médicas ao nível global com um foco particular no Brasil,

Portugal, e os espaços coloniais e pós-coloniais. No ano

seguinte, como parte da celebração do seu 110º aniversá-

rio, o Instituto serve de palco à II Conferência Nacional

de Medicina Tropical, após um interregno de sessenta

anos.Os

participantes apresentaram e debateram a inves-

tigação sobre os principais temas do encontro, nomeada-

mente a malária, tuberculose,VIH, a doença de Chagas,

dengue, chikungunya e bilharziose. Os quase 300 inves-

tigadores vieram de Portugal, Espanha, o Reino Unido,

Alemanha, Brasil, CaboVerde, Angola e Moçambique, e

de agências internacionais como a

OMS.Os

debates tam-

bém incidiram sobre a segurança alimentar, nutrição, ser-

viços de saúde públicos e privados, mercados de saúde e

a saúde de populações e de migrantes, a saúde em África,

e a cooperação Norte-Sul e Sul. Uma exposição dedicada

a I Conferência de 1952 relembrou o percurso histórico

do Instituto a crescente importância de doenças causadas por

vetores, que grande destaque tiveram neste encontro, foi o

tema principal do III Congresso Nacional de MedicinaTropical

que teve lugar no IHMT em 2015, servindo também de anfi-

trião para o I Congresso Lusófono de DoençasTransmitidas por

Vetores. Reunindo mais de 140 investigadores de 13 países, a

conferência abordou o controlo de vetores combate a questões

como de sublinham a importância dos laços com a comunidade

científica internacional.

4.

Conclusões

Durante o período em destaque, o Instituto passou por várias

mudanças de regime e de tutela, de financiamento para a medi-

cina tropical, e da criação de um sistema nacional de saúde em

Portugal. Entretanto, a medicina ‘tropical’ também mudou de

estar inicialmente circunscrita a um contexto colonial para ficar

cada vez mais abrangente em termos do seu alcance geográfi-

co, político e científico. Por conseguinte, estas mudanças tam-

bém se fizeram sentir ao nível da internacionalização da saúde

pública com a criação da OMS e a globalização desta nos anos

noventa através de novas formas de financiamento e coopera-

ção (Walt, 1998). Em termos de recursos, o Instituto passa por

uma fase de forte crescimento nos anos cinquenta (Azevedo,

1958: 80; 83), que não se prolongou nos anos sessenta. Após

um período de mudanças institucionais, a queda do regime e

a descolonização, inicia um percurso ascendente nos anos no-

Fig. 3:

IHMT – Receitas Próprias 2003 – 2013

Fonte: Ibid. Fig. 1

Fig. 4.

IHMT – Transferências 2003 – 2011

Fonte: Ibid. Fig. 1

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