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A n a i s d o I HM T
venta após a integração na UNL e na Comunidade Europeia nos
anos oitenta, tendência que se inverteu devido as cortes do OE
desde 2011. No que diz respeito ao financiamento do Instituto,
a sua forte dependência do OE e a diminuição do financiamen-
to público, implicam optar por uma progressiva diversificação
quanto à captação de recursos futuros para permitir a manuten-
ção e expansão das suas atividades de investigação, formação e
cooperação
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.
O seu modo de funcionamento reflete as mudanças acima re-
feridas, necessitando maior flexibilidade, colaborações transna-
cionais e multidisciplinares, o trabalho em rede, e uma diversi-
dade e competitividade maior em termos de financiamento das
atividades. Se a vocação atual do IHMT para as ciências biomédi-
cas, a medicina tropical e a saúde global espelha estas mudanças,
a articulação expressa com os sistemas de saúde português e dos
países da CPLP realçam a participação e integração do IHMT
em instituições e programas de saúde pública no espaço lusófo-
no. As atividades das UEIs e o papel fulcral dos Centros de In-
vestigação como o CMDT e a UPMM revelam nitidamente essa
crescente ênfase na saúde internacional e global, e sobretudo a
eficácia da investigação em rede. Além disso, mostram em que
medida as alterações climáticas, migrações humanas e de veto-
res, fatores socioecónomicos e conflitos que têm conduzido a
um foco cada vez maior sobre doenças negligenciadas, da pobre-
za e (re)emergentes, tanto nas regiões tropicais como noutras
zonas do mundo, deixaram a sua marca na atuação do Instituto.
Outra mudança assinalável ao nível da organização é o abando-
no da gestão, coordenação e orientação de entidades externas
ao Instituto, que se enraizou a partir de 1945 com as Missões
Permanentes de Combate as Endemias, e que ainda persistiu
após 1974 com as experiências, menos sucedidas, com a tutela
do Hospital Agostinho Neto em S. Tomé e com o Centro de
MedicinaTropical na Guiné-Bissau, hoje uma unidade orgânica
do novo Instituto Nacional de Saúde Pública. O foco sobre a ca-
pacitação local, integrada nos programas regionais da OMS nos
anos sessenta, sublinha a crescente importância dada a projetos
e programas horizontais mediante a integração do combate de
endemias nos próprios serviços de saúde dos países em ques-
tão. Deste modo, espera-se melhorar a eficácia e o alcance dos
serviços e programas de controlo e prevenção na área da saúde
pública nos países em questão e privilegiar o aprofundamento
de áreas chaves de intervenção e especialização, assim reduzindo
os custos operacionais.
A criação da ENSPMT nos anos sessenta trouxe uma aproxima-
ção a área multidisciplinar da saúde pública, incluindo a medi-
cina social, a saúde ocupacional, a saúde mental, a sociologia e
a antropologia cultural (IHMT, 1973: 8-12), que levou a uma
diversificação da investigação e da oferta do ensino. Contudo,
houve um desfasamento da atuação do Instituto em compara-
ção com as suas congéneres europeias ao nível do modelo de
intervenção e colaboração seguido no terreno, situação que se
alterou após a descolonização e a sua participação em programas
como o TDR. A importância da saúde dos viajantes e migran-
tes que se acentuou desde os anos noventa, colocou uma maior
ênfase nos programas de monitorização e vigilância no espaço
europeu, através da colaboração com instituições vocacionadas
para a saúde pública e à medicina de doenças (re)emergentes.
Na sequência do surto dengue na Ilha da Madeira em 2012, o
Instituto colaborou ao nível nacional atuando como consultor
externo na monitorização e controlo, trabalhando de forma es-
treita com as autoridades municipais e serviços de saúde locais.
Apesar das mudanças operadas ao longo dos anos, os principais
focos da colaboração internacional continuam ser os PALOP
que surgem como um denominador comum da sua identida-
de institucional, e um objetivo ‘geoestratégico’ nas políticas de
cooperação do Instituto ao longo da sua história. Contudo, é de
notar uma crescente aproximação ao Brasil, que teve início nos
anos cinquenta, e ficou reforçada após a criação da CPLP que
resultou em colaborações ao nível da gestão, da investigação, no
ensino e programas de intervenção, bilaterais e no âmbito do
PECS-CPLP.
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