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1. Introdução
Viajar para distâncias mais ou menos longas é hoje trivial. Se-
gundo a PORDATA
1
, em 2014, houve mais de 1600 mil viagens
para o estrangeiro. Em 2012, por exemplo, esse número foi de
1.503,7 mil dos quais 1.015,6 ausentaram-se para o estrangeiro
por mais de 3 noites. No mesmo ano, a nível nacional realiza-
ram-se apenas 42.112 consultas de medicina do viajante, segun-
do a revistaAnais do Instituto de Higiene e MedicinaTropical
2
.
Depreende-se dos dados acima citados que, em Portugal, e
provavelmente não só, apenas uma percentagem pequena de
viajantes para o estrangeiro recorre à consulta da medicina do
viajante; provavelmente só o fazem quando se deslocam para os
chamados países exóticos.
No seu relatório anual mais recente,Diabetes Factos e Números
2014
3
, o Observatório Nacional da Diabetes, relativamente a
esta nosologia aponta, para Portugal, uma prevalência de 13%
na população entre os 20 e os 79 anos o que corresponde a mais
de 1 milhão de diabéticos com quase 98 mil casos novos só em
2013 em Portugal Continental.
O contacto com ambientes tanto geopolíticos como sociocul-
turais, frequentemente muito diversos do seu
habitat
natural, às
vezes, em questão de horas, implica um cuidado específico na
preparação da viagem, no que se refere às questões de saúde.
Assim, ficam criadas as condições para que a deslocação corra
com o menor número possível de sobressaltos e faculta-se uma
melhor integração do viajante, no meio e na atividade que vai aí
exercer. O tratamento da diabetes implica uma abordagem de
todo um estilo de vida para além da terapêutica farmacológica.
Numa viagem, esse estilo de vida poderá alterar-se de forma
mais ou menos prolongada e profunda, não sendo de somenos
importância os frequentes imprevistos.
Num estudo publicado em 2014
4
, cerca de 70% dos diabéticos
nunca foram alertados pelos seus médicos assistentes da impor-
tância de uma consulta específica para a preparação de uma via-
gem; também 76% dos diabéticos não falaram das suas viagens
aos seus médicos; esta percentagem era menor quando se limi-
tava ao universo de doentes insulinotratados.
Caberá assim, ao médico que segue o diabético, ir lembrando nas
consultas de rotina, que este deve procurá-lo com a devida ante-
cedência quando vai programar uma viagem. Esta antecedência
será tanto mais útil, quanto mais complexa for a situação base no
que se refere ao controlo glicémico, sua estabilidade, a existência
de complicações, tipo de terapêutica farmacológica e tanto mais
relevante quantomaiores forem as alterações que o quotidiano do
doente irá sofrer emais longo for o período destas alterações.Esta
distância temporal permitirá, também, ao médico ir adaptando e
providenciando, se for caso disso, a medicação e o equipamento
ao contexto da viagem.Propõe-se que esta antecedência seja,pelo
menos, de um mês ou, eventualmente, ainda na fase do planea-
mento da mesma.
Faz-se aqui uma sistematização dos itens a ter em conta e os
detalhes a abordar quando se está perante um diabético que
vai viajar.
2. Enquadramento
Começar por caracterizar tanto o enquadramento da deslo-
cação como a situação do doente e definir com este os ob-
jetivos/ metas de controlo das glicémias. É em função deste
panorama que se farão as recomendações ajustadas.
2.1 Caracterizar o contexto da viagem
Aqui cabe delinear os contornos da viagem designadamente:
- Modo de viajar
.Viajar de avião pode implicar uma mudan-
ça brusca, da hora e de clima; em contrapartida, uma viagem
tipo aventura, por exemplo, ou uma viagem de muito longo
curso via terrestre ou de barco, exige outro género de cuidados.
- Circunstância da v
i
agem
(trabalho, turismo, turismo de
aventura...) Cada uma destas situações implica desafios diferen-
tes pelas diferentes alterações no ritmo de vida.
Em montanhismo, por exemplo, a altitude
5,6
, definida como
grande, por alguns autores, quando superior aos 2500m e por
outros se superior aos 3000m, acima do nível médio do mar,
implica adaptações metabólicas proporcionais, entre outros fa-
tores, à altitude, à rapidez com que esta varia e ao treino prévio
que o alpinista tem. Estas têm de ser tidas em conta também no
diabético, acrescentando o cuidado com as variações de glicé-
mia inerentes ao esforço físico, ao
stress
emocional e à própria
ambientação do organismo à mudança de altitude que poderá
implicar aumento das necessidades da insulina; também a ad-
ministração de fármacos como a acetazolamida ou dexametaso-
na usadas na abordagem do edema cerebral da grande altitude,
num diabético assume maior complexidade pelos seus efeitos
secundários. A hipóxia da altitude em doentes com isquemia
prévia e ou patologia cardiovascular associada, expõe-nos a um
risco de agravamento da mesma. Está também referido, o maior
risco de hemovítreo nos diabéticos, em altitudes muito grandes
(superiores a 5500m acima do nível médio do mar).Também
em relação ao mergulho
7
, a mais de 20m de profundidade, o
controlo glicémico no momento imediatamente anterior ao
mergulho, como nas 48 horas precedentes, tem orientações es-
pecíficas.
- Duração da viagem.
- Acessibilidade de alimentos.
-Acessibilidade de cuidados de saúde emedicamentos.
Em função destes itens se orientará, o doente, a providenciar na
sua bagagem de mão a quantidade necessária de água, alimentos
adequados para não falhar refeições, medicação e equipamento
de autoadministração e de autocontrolo da diabetes.
na fase do planeamento da mesma.
Faz-se aqui uma sistematização dos itens a ter em conta e a forma de os aborda
perante um diabético que vai viajar.
2.
Enquadramento
Começar por caracterizar tanto o enquadramento da deslocação como, a situaç
definir com este os obje ivos/ metas de controlo das glicémias. É em função des
se fará as recomendações ajustadas.
2.1 Caracterizar o contexto da viagem.
Aqui cabe delinear os contornos da viagem designadamente:
Modo de viajar
. Viajar de avião pode implicar uma mudança brusc
clima; em contrapartida, uma viagem tipo aventura, por exemplo, ou
muito longo curso via terrestre ou de barco, exige outro género de cuida
Circunstância da v
i
agem
(trabalho, turismo, aventura…), turismo d
uma destas situações implica desafios diferentes pelas diferentes alteraç
vida.
Em mont nhismo, por exemplo,
a altitude
5,6
, d finida como grande, po
quando superior aos 2500m e por outros, se superior aos 3000m, acim
do mar, implica ad p ações m tabólicas pr porcionais, e tre outros fato
rapidez com que esta varia e ao treino prévio que o alpinista tem. Estas
2. Enquadramento
1. Caracterizar o contexto da viagem
2. Caracterizar as condições do local/país de deslocação
3. Caracterizar o diabético
4. Caracterizar a situação da diabetes
2.1 Caracterizar o contexto da viagem
Modo de viajar
Circunstância da viagem
Duração da viagem
Acessibilidade de alimentos
Acessib lidade de cuidados de saúde e medica entos
perante um diabético que vai viajar.
2.
En adr mento
Começar por caracterizar tanto o enquadramento da deslocação como, a situa
definir com este os objetivos/ metas de controlo das glicémias. É em função de
se fará as recomendações ajustadas.
2.1 Caracterizar o contexto da viagem.
Aqui cabe delinear os contornos da viagem designadamente:
Modo de viajar
. Viajar de avião pode implicar uma mudança brus
clima; em contrapartida, uma viagem tipo aventura, por exemplo, o
muito longo curso via terrestre ou de barco, exige outro género de cuida
Circunstância da v
i
agem
(trabalho, turismo, aventura…), turismo d
u a destas situações implica desafios diferentes pelas diferentes altera
vida.
Em monta hismo, por exemplo,
altitude
5,6
, definida como grande, p
qu ndo superior ao 2500m e por outros, se superior aos 3000m, acim
do mar, implica adaptações met bólicas proporcionais, entre outros fat
r pi ez com que esta varia e ao t e no prévio que o alpinista tem. Estas
2. Enquadramento
1. Caracterizar o contexto da viagem
2. Caracterizar as c ndições do local/país de deslocação
3. Caracterizar o diabétic
4. Caracterizar a situação da diabetes
2.1 Caracterizar o contexto da viagem
Modo de viajar
Circunstância da viagem
Duração da viagem
Acessibilidade de alimentos
Acessibilidade de cuidados de saúde e medicamentos
Artigo Original