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A n a i s d o I HM T
gue destes animais é um achado interessante, por se tratar de
uma espécie que tem como hospedeiros preferenciais peque-
nos mamíferos roedores [7, 26, 27].
B. afzelii
já havia sido de-
tetada em Portugal, em carraças à procura de hospedeiro em
Mafra [28, 29] e na ilha da Madeira [30, 31].Adicionalmente,
foi já detetada a presença simultânea de DNA de
B. afzelii
e de
javali em carraças [23, 24, 32], assim como de anticorpos con-
tra
B. burgdorferi
s.l. em javalis em países como a França [33],
Bulgária [34] e República Checa [35-37].
Quanto à circulação de outras espécies de
B. burgdorferi
s.l. no
país, já havia sido detetada a presença de
B. lusitaniae
,
B. valai-
siana
,
B. garinii
e
B. burgdorferi
sensu stricto (s.s.) em carraças
das espécies
I. ricinus
e
Hyalomma marginatum
[38],
B. valaisiana
,
B. garinii
, e
B. burgdorferi
s.s em carraças
I. ricinus
na ilha da Ma-
deira [14, 30] e
B. lusitaniae
nas espécies
I. ricinus
,
Dermacentor
marginatus
e
Hyalomma lusitanicum
capturadas num Parque de
Safari noAlentejo [39]. Mais recentemente foi detetada a pre-
sença de
B. myamotoi
em carraças
I. ricinus
em Mafra [40], bem
como a presença de
B. burgdorferi
s.l. em espécimenes
I. ricinus
nos distritos de Vila Real, Lisboa, Setúbal, e Faro, das quais
cerca de 50% correspondiam à genoespécie
B. lusitaniae
[40].
Conclusões
Todos estes dados apontam para a circulação de várias espécies
patogénicas de
Borrelia
no país, em particular
B. afzelii
e
B. lusi-
taniae
, e para a probabilidade crescente de o javali ter um papel
relevante no ciclo da transmissão de
B. afzelii
, sendo para isso
importante realizar estudos serológicos por forma a determi-
nar a existência de anticorpos anti-
Borrelia
nestes animais, que
mesmo que não venham a ser confirmados reservatórios, con-
tinuam a constituir uma importante fonte de alimento para o
vetor da BL e elo de transmissão via
co-feeding
entre carraças
infetadas e não infetadas [4].
O contacto frequente do javali com animais domésticos e
com os humanos favorece também o contacto com carraças
potencialmente infetadas. Esta interação é particularmente
preocupante durante a prática da caça, uma vez que as car-
raças se podem libertar do corpo do javali morto a meio da
refeição sanguínea e procurar o hospedeiro mais próximo, que
nesta situação em particular é geralmente o próprio caçador
ou mesmo o cão de caça, aumentando exponencialmente a
probabilidade de transmissão da bactéria. Sendo reservatórios
competentes para
B. burgdorferi
s.l. [41], os cães podem ser a
ligação entre a transmissão das espiroquetas dos animais sel-
vagens aos domésticos, expondo o próprio caçador e família a
carraças infetadas.
É fulcral a implementação de medidas de alerta e vigilância e
epidemiológica para a BL, bem como a sensibilização da co-
munidade médica, tanto humana como veterinária, por forma
a implementar estratégias de prevenção e controlo da doença,
eficientes e assentes nos pilares do conceito "One Health".
Agradecimentos
Os autores gostariam de agradecer a Francisco Morinha pela
assistência técnica na análise molecular. Gostaríamos também
de agradecer a Eduardo Sousa, BrunoVinhas, e às associações e
gestores de caça por toda a sua colaboração e apoio ao trabalho
de campo realizado durante a caça ao javali na época venatória
de 2011/12 emTrás-os-Montes. Este estudo foi apoiado por
financiamento de vários projetos de monitorização ecológi-
ca do Laboratório de Ecologia Aplicada (Universidade de
Trás-os-Montes e Alto Douro, UTAD) e pela Fundação para
a Ciência e Tecnologia (FCT) através do projeto PEst-OE/
AGR/UI4033/2014.
Conflitos de Interesses
Os autores declaram que não existe nenhum conflito de in-
teresses.
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