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A n a i s d o I HM T

com as nanopartículas funcionalizadas com MUA, provavel-

mente devido ao facto do pentapéptido CALNN favorecer a

ligação do anticorpo à AuNP e por conseguinte favorecer a

ligação deste ao anticorpo secundário imobilizado na linha

de controlo. Uma maior diluição de anticorpo secundário na

linha de controlo torna-se vantajosa, uma vez que permite o

desenvolvimento de um teste mais económico.

Conclusões

O presente trabalho descreve a possibilidade de deteção do

antigénio recombinante

Pf

HRP2, proveniente do parasita da

malária

Plasmodium falciparum

, usando dois nanoimunoen-

saios diferentes: (i) eletroforese em gel de agarose; e (ii) tes-

te de diagnóstico rápido (TDR) com recurso à tecnologia

lab-on-paper

.

Pelos resultados apresentados é possível concluir que 20 mo-

léculas de anticorpo em solução por cada AuNP funcionali-

zada são suficientes para a formação de bionanoconjugados

estáveis. No entanto, os melhores resultados foram obtidos

para AuNP funcionalizadas com CALNN e conjugadas por

ligação covalente ao anticorpo monoclonal anti-

Pf

HRP2,

o que permite concluir que a funcionalização e o modo de

conjugação (eletrostática ou covalente) controlam a ligação

do anticorpo à nanopartícula, com implicações na formação

de bionanoconjugados mais compactos e robustos.

A eletroforese em gel de agarose permitiu comprovar a for-

mação dos bionanoconjugados e a deteção do antigénio em

estudo. A deteção do antigénio recombinante

Pf

HRP2, re-

correndo a esta metodologia, só foi conseguida em presença

de bionanoconjugados preparados por ligação covalente, de-

vido à sua maior estabilidade em comparação com os prepa-

rados por ligação eletrostática. Foi possível detetar cerca de

12 µg/mL de antigénio em presença de bionanoconjugados

AuNP-MUA-anti-

Pf

HRP2 e 700 µg/mL em presença dos

conjugados AuNP-CALNN-anti-

Pf

HRP2. Conclui-se que

aproximadamente 60 vezes mais antigénio foi detetado com

os bionanoconjugados AuNP-CALNN-anti-

Pf

HRP2, o que

demonstra que o pentapéptido CALNN favorece a ligação

do anticorpo à AuNP, e consequentemente a ligação do an-

tigénio.

Recorrendo a eletroforese em gel de agarose, não foi possível

detetar o antigénio a partir do sobrenadante de culturas de

sangue humano infetado, possivelmente devido à baixa con-

centração do parasita ou à composição do meio de cultura

onde este se encontra, que pode prejudicar a ligação anti-

corpo-antigénio.

Os resultados provenientes da análise porWestern Blot mos-

traram que o antigénio recombinante

Pf

HRP2 foi especifi-

camente reconhecido pelos bionanoconjugados. A utilização

de uma solução de bionanoconjugados mostrou ser um mé-

todo de revelação rápido, sensível e de fácil visualização e

interpretação. Trata-se de um método menos dispendioso e

menos demorado comparativamente com o método de reve-

lação indireto, a quimioluminescência, comum emWestern

Blot.

OTDR proposto tem como superfície de teste uma tira de

papel de filtro desenhada segundo a tecnologia

lab-on-paper

,

em que 60 µl de bionanoconjugados a 12 nM foi conside-

rado ser o volume ideal a aplicar no teste. Estes migraram

por capilaridade e estabeleceram ligação com o antigénio

imobilizado na linha de teste e com o anticorpo secundá-

rio imobilizado na linha de controlo. Uma linha vermelha

que demonstra a presença de

Pf

HRP2 foi visualizada na zona

de teste com a imobilização de 2,5 µl de antigénio recom-

binante a uma concentração de 1,5 mg/mL. O anticorpo

secundário foi detetado na linha de controlo em presença

de uma diluição de anti-IgG de 1:45 ou 1:90 quer se trate

de bionanoconjugados AuNP-MUA-anti-

Pf

HRP2 ou AuNP-

-CALNN-anti-

Pf

HRP2, formados por ligação covalente ou

eletrostática. Uma maior diluição de anticorpo secundário

foi obtida na presença de nanopartículas funcionalizadas com

CALNN, tornando-se uma mais-valia para o desenvolvimen-

to de umTDR de menor custo.

O estudo realizado pode ser considerado como a base para o

desenvolvimento futuro de umTDR usando amostras clíni-

cas, com possibilidade de aplicação em laboratórios clínicos

e em análises de campo nos países em vias de desenvolvi-

mento.

Pretende-se dar continuidade a este estudo, aumentando a

sensibilidade do teste com o uso de nanopartículas de ouro

de maior diâmetro (por exemplo, cerca de 50 nm), uma vez

que estas têm uma intensidade de cor que pode ser até 4

vezes superior à intensidade de cor das AuNP de 13 nm de

diâmetro, aqui estudadas, permitindo assim uma melhoria

na deteção. Com o mesmo objetivo, pretende-se também

projetar um TDR composto por uma zona específica para

a deposição das amostras clínicas. Esta zona será desenhada

anteriormente à zona de deposição dos bionanoconjugados,

para que aquando da aplicação da amostra clínica esta migre,

se ligue aos bionanoconjugados imobilizados, e seguidamen-

te continue a sua migração ao longo da tira de papel de filtro,

passando pela linha de teste e pela linha de controlo.

Agradecimentos

Os autores agradecem à Mestre Maria Rebelo e ao Professor

Thomas Hänscheid (Instituto de Medicina Molecular) pelas

culturas de sangue infetadas com

Plasmodium falciparum

.

Ao Professor Daniel E. Goldberg (Universidade deWashing-

ton, E.U.A) pelo plasmídeo

Pf

HRP2 amavelmente cedido.

À Fundação para a Ciência e a Tecnologia (Projeto UID/

Multi/04378/2013, UID/CTM/50025/2013 e Bolsa de

Pós-Doutoramento SFRH/BPD/63850/2009 (Inês Go-

mes)), parte do Programa EDCTP2 apoiado pela União Eu-

ropeia e COMPETE (Portugal) pelo apoio financeiro.