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Os próprios estagiários do caso B indicaram o desejo de

continuidade das oportunidades de formação, sugerindo,

contudo, a sua transformação em “

bolsas de estudo

” para

financiamento da especialização profissional, o que é, em

geral, uma das lacunas nos países e instituições de ori-

gem. Tanto a IA como a IO do caso B sugeriram, ainda,

modificações no planeamento dos estágios, sublinhando

as vantagens da maior antecipação da programação em

relação à sua data de início, para além da definição mais

clara dos objetivos. Foi, também, sugerida a nomeação

formal de um orientador de formação.

A vontade manifestada por todos os entrevistados em con-

tinuar a participar em programas semelhantes, embora

reformulados de acordo com as sugestões e recomenda-

ções, e o reconhecimento dos benefícios da participação,

são fatores favoráveis à sustentabilidade do programa de

Estágios de Curta Duração em Portugal. Por outro lado,

o facto de todos os formandos terem regressado ao seu

país e, à exceção de um (promovido a um cargo de dire-

ção), ao seu serviço de origem, não só reforça as parcerias

entre as instituições de acolhimento e de origem, como

pode, também, reforçar a sustentabilidade do programa.

Conclusões e recomendações

(com foco na utilidade)

Os resultados obtidos com o estudo de caso indicam que

o programa de Estágios de Curta Duração em Portugal

para Profissionais de Saúde dos PALOP e Timor Leste fi-

nanciado pela FCG tem potencial para influenciar de for-

ma positiva as instituições de saúde de origem dos esta-

giários. Embora seja sugerida uma relação lógica entre os

resultados observados, coerente com a teoria da mudança

subjacente ao modelo lógico da intervenção, o contributo

do estudo de casos, através da análise de contribuição de

Mayne, não foi suficiente para que o projeto de investi-

gação avaliativa demonstrasse a atribuição dos resultados

observados à intervenção. Os motivos prendem-se com

as limitações dos dados e das evidências em algumas das

categorias de análise; com a impossibilidade de inferên-

cia dos resultados obtidos para o conjunto de todos os

estagiários participantes no programa de Estágios, por

ausência de representatividade dos casos estudados para o

conjunto dos Países; e com a falta de informação sobre os

contextos onde a intervenção se inseriu, o que impediu

a análise de influências externas nos resultados. As mo-

tivações dos estagiários e os objetivos de aprendizagem

subjacentes às candidaturas foram expressos com pouca

clareza em ambos os casos, o que traduz uma limitação

da intervenção. A clareza da forma como as necessidades

de formação dos candidatos são expressas, assim como

as condições de acolhimento são considerados aspetos

orientadores fundamentais do desenho de um programa

de estágios, desde a seleção dos participantes, à elabo-

ração do plano de formação e à preparação do processo

de alocação dos estagiários em função das necessidades

formativas. A definição e comunicação de objetivos cla-

ros é um ponto crítico do processo de planeamento de

estágios. Objetivos bem articulados são essenciais para

guiar o processo de seleção dos participantes e o pro-

grama de formaç

ão

onde irão participar. O cumprimen-

to dos objetivos do estágio é a evidência mais tangível

da avaliação do grau de contribuição do programa para

o impacto positivo nos indivíduos e nas instituições de

origem. A verificação das mudanças de comportamento é

das mais relevantes para a determinação da contribuição

da intervenção nas instituições de origem, pelo que as

limitações encontradas no caso B neste âmbito, não só

pela escassez de situações exemplificativas, como pelo

facto do interlocutor entrevistado na instituição de ori-

gem não ter acompanhado diretamente três dos quatro

estagiários, condicionaram de forma decisiva a impossi-

bilidade de demonstração da atribuição. Não foi referido

o estabelecimento de novas parcerias entre as instituições

de origem e as de acolhimento, mas sim o reforço das

parcerias existentes e a vontade em continuar a participar

em programas semelhantes.

Os resultados observados sugerem que o impacto do pro-

grama de Estágios foi positivo nos dois casos estudados,

o que é consistente com a perceção das instituições de

origem. Os entrevistados na origem afirmaram explici-

tamente que os estagiários que regressaram à instituição

melhoraram as suas competências profissionais e capa-

cidades, implicando melhorias diretas ou indiretas nos

locais de trabalho. No entanto, de forma a estabelecer

conclusões definitivas, dados, análises e evidências adi-

cionais são necessários, bem como melhorias processuais

que permitam o conhecimento dos contextos, de forma a

identificar as externalidades positivas e negativas do Pro-

grama.

Agradecimentos

À Fundação Calouste Gulbenkian pelo financiamento do

projeto.

Aos profissionais das instituições de origem e das institui-

ções de acolhimento pela disponibilidade na concessão das

entrevistas.

Conflito de interesses:

Os autores declaram que não existem conflitos de inte-

resses.

Artigo Original