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Formação:

reação, aprendizagem,mudança de comportamento

Reação

Em termos gerais, a reação dos estagiários à experiência for-

mativa foi percecionada como positiva nos dois casos.Apesar

de na análise documental não se encontrar explícito o alcance

dos objetivos iniciais, todos valorizaram a experiência como

benéfica em termos profissionais e, em alguns estagiários,

também em termos pessoais e relacionais. A perceção das

instituições de acolhimento envolvidas foi, igualmente, po-

sitiva, sobretudo num dos estagiários do caso A, para o qual

foi assinalado o grande interesse, disponibilidade e vontade

de aprender, e em todos os estagiários do caso B. A grande

motivação e boa disposição manifestadas ao longo da forma-

ção por quase todos os estagiários foram fatores comuns na

valorização positiva dos estagiários por parte das IA.A única

valorização menos positiva foi relativa a um dos estagiários

do caso A, percebido pela IA como pouco motivado e com

um comportamento passivo:

“…não estava muito disponível;era

muito de‘gabinete’;passivo,pouco participativo e pouco interessado”

(caso A). A perceção das IO em relação aos estagiários que

regressaram às instituições de origem após o estágio (dois

dos três no caso A e todos os do caso B) foi, também, con-

sistente. A avaliação da experiência de formação revelou o

elevado interesse e empenho de todos os estagiários, o que,

no caso B, foi expressado por: “

estagiários já muito interessados

antes do estágio mas com resultados positivos após o mesmo”

(caso

B)

.

No caso A, os estagiários não expressaram dificuldades

sentidas. No caso B, a IA e a IO referiram não ter percecio-

nado dificuldades nos formandos relacionadas com o estágio.

Contudo, um dos estagiários lamentou não ter participado

em maior número de atividades e um outro expressou a ne-

cessidade de maior acompanhamento e orientação. Alguns

dos estagiários recomendaram a replicação do estágio.

Aprendizagem

Em termos da

aprendizagem,

a análise documental e as en-

trevistas realizadas aos orientadores de estágio nas IA evi-

denciaram, nos dois casos, a participação dos estagiários em

todas as sessões de formação proporcionadas pelos serviços

de acolhimento durante o período de estágio. A partir das

narrativas de dois dos três estagiários do casoA e de todos os

estagiários do caso B, foram extraídos exemplos de técnicas

clínicas e de gestão aprendidas, e comentários que permitem

verificar outros alvos da aprendizagem, tais como a com-

preensão da importância, por exemplo, da governação clí-

nica ou da formação continuada:

“Estas reuniões [reuniões para

apresentação de casos clínicos] permitiram-me fazer uma reflexão

crítica sobre os esquemas terapêuticos aplicados aos diferentes casos

[clínicos].Apesar de não ter tido participação ativa nessas reuniões,

entendi a importância das mesmas numa perspetiva de formação

médica continuada”

(caso A). A análise documental permitiu

ainda identificar exemplos que refletem a consciencialização

da necessidade de aproveitamento dos recursos humanos e

materiais disponíveis:

“…que eu, meus colegas e nossos superiores

hierárquicos da Saúde da cidade (x) podemos melhorar as ativida-

des de enfermagem com os poucos recursos que temos sem precisar

de tecnologias informáticas de ponta”

(caso A);

“O estágio também

me fez ver que no meu hospital não precisamos de altas tecnologias

para p

ôr

em prática os conhecimentos adquiridos,mas sim de peque-

nos aparelhos que são essenciais”

(caso B). Foi também admitido

pelas IA de cada caso, a ocorrência de aprendizagem e for-

talecimento das capacidades dos estagiários. Contudo, não

foram indicados exemplos e as próprias IA, em ambos os ca-

sos, salvaguardaram a impossibilidade da verificação objetiva

da aprendizagem, atendendo ao carácter observacional dos

estágios e à falta de uma avaliação formal dos conhecimentos

teóricos e práticos no final do estágio.

Mudança de comportamento

No que se refere à

mudança de comportamento

dos estagiários

atribuível ao estágio, expressa em termos de melhoria de

procedimentos e de práticas, a perceção das IO em relação

aos formandos que, após o estágio, regressaram à respetiva

instituição de origem (dois dos três no casoA e todos no caso

B), foi positiva.

No caso A, a IO destacou a mudança de comportamento em

termos da motivação, valorização profissional, formação in-

terpares e, sobretudo, da produtividade. Neste aspeto, foi

sublinhada a “

pontualidade”

e o “

cumprimento da jornada de 8

horas”

. No caso B, foi ressalvada a integração de conhecimen-

tos científicos com a prática:

“revela essa integração na sua con-

duta, na forma como atende o doente e como acompanha os [fami-

liares]

” (caso B), e o interesse pela valorização profissional: “

é

dedicada/o, disposta/o a aprender; questiona quando tem dúvidas

(caso B), mas apenas em relação a um dos estagiários, o úni-

co sob responsabilidade direta do interlocutor entrevistado

na respetiva instituição. Para os outros três estagiários, não

foram apresentados exemplos, sendo ressalvado que a apre-

ciação expressa nas entrevistas decorreu da informação pre-

viamente transmitida pelo responsável direto de cada um ao

interlocutor entrevistado. O interlocutor entrevistado da IO

do caso B referiu, ainda, e como exemplo do interesse pela

valorização profissional, que dois dos estagiários continua-

ram a participar em ações de formação fora do seu país após

o regresso do estágio.

Reforço das parcerias entre as instituições

As necessidades de formação sentidas e expressas pelos pro-

fissionais e serviços de saúde dos países de origem foram re-

feridas pelas IO dos dois casos como o principal motivo de

adesão ao programa de Estágios. No caso A, foram também

referidos o défice de profissionais de saúde no respetivo país

e a existência prévia de contactos informais. No caso B, fo-

ram acrescentados como motivos de adesão a existência de

parcerias anteriores com instituições de saúde de Portugal e

o desejo correntemente manifestado pelos profissionais em

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