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Resultados

Foram evidenciadas a coerência na alocação, a reação positiva dos forman-

dos, a perceção de ocorrência de aprendizagem e de mudanças de com-

portamento nos estagiários, e a ocorrência de transmissão das boas práticas

aprendidas nos países de origem. Nas instituições de origem, foi evidenciada

a perceção positiva quanto ao impacto da formação.

Conclusões

Os resultados obtidos indicam que a intervenção tem potencial para in-

fluenciar de forma positiva as instituições de origem dos estagiários, sendo

recomendados estudos adicionais para estabelecer conclusões definitivas.

Palavras chave:

Avaliação do impacto, formação pós-graduada de profissionais de saúde, es-

tudo de caso, Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa.

Results

We highlighted consistency in allocation, the positive reaction of trai-

nees, the perception of occurrence of learning and behavioral changes

in trainees, and the occurrence of transfer of good practices learned in

countries of origin. In the home institutions, it was evidenced the posi-

tive perception on the impact of training.

Conclusions

The results indicate that the intervention has the potential to positively

influence the home institutions of the trainees, and recommend further

studies to establish definitive conclusions.

Key words:

Impact evaluation, health professionals post-graduate training, case stu-

dy, Portuguese Speaking African Countries.

Introdução

Necessidades globais de recursos humanos

da saúde

A necessidade de recursos humanos da saúde, em quanti-

dade e qualidade adequadas às necessidades de saúde lo-

cais, é uma realidade presente em todo o mundo. O Rela-

tório Mundial da Saúde de 2006 estima um défice global

de aproximadamente 4,3 milhões de profissionais de saú-

de, especialmente médicos, enfermeiros e parteiros [1].

A situação é particularmente grave nos países de médio

e baixo rendimento, com particular destaque para os paí-

ses da África subsaariana [2]. Para além das consequências

diretas na produção de cuidados de saúde, a escassez de

profissionais implica, também, sérios desafios no que res-

peita à acessibilidade, equidade, qualidade e eficiência em

saúde [3]. De entre os fatores determinantes da expansão

e renovação da força de trabalho qualificada, destaca-se a

capacidade do sistema educativo de cada país em dotar os

profissionais de saúde com conhecimentos e competên-

cias que lhes permitam lidar com as prioridades de saúde

locais [2]. Assim, a implementação de cursos de formação

e treino para o reforço de competências é, atualmente,

das estratégias mais importantes e recorrentes [4]. Para

além do aumento das necessidades de formação profis-

sional, dois outros desafios se impõem: as expectativas

crescentes quanto à demonstração do impacto dos pro-

gramas de formação [5] e a identificação dos fatores que

contribuem para a sua sustentabilidade [6,7]. A avaliação

deverá ser vista como parte integrante do planeamento e

gestão dos programas de formação, e proporcionar não

só a documentação do número de formandos e a reação

imediata à experiência, mas também a evidência quan-

to à utilização do que foi aprendido e, principalmente,

ao efeito positivo da melhoria dos conhecimentos e das

capacidades dos formandos no funcionamento das insti-

tuições de origem e, em última instância, na saúde das

populações [5].

Modelos de avaliação de programas de formação

médica e de enfermagem pós-graduada

Com o reconhecimento crescente da importância vital da ava-

liação no apoio à tomada de decisão, o debate sobre modelos

de avaliação de programas de educação/formação pós-graduada

de profissionais médicos e de enfermagem tem vindo a au-

mentar de forma relevante [8,9,10,11,12,13], embora diver-

sos autores salientem o seu limitado grau de desenvolvimento

quando comparado com outros campos da educação, e o seu

carácter essencialmente descritivo [8,9,11]. À semelhança do

verificado noutras áreas sociais, o modelo de medição de pro-

gramas de aprendizagem desenvolvido por Donald Kirkpatrick

(

Kirkpatrick’s model of educational outcomes

), composto por quatro

níveis de medida: reacção, aprendizagem, mudança de com-

portamento e resultados [14], é apontado como padrão para a

construção desses modelos, e uma referência internacional na

avaliação de projetos de ajuda ao desenvolvimento [5]. Vários

autores têm proposto alterações ao modelo de Kirkpatrick na

expectativa de o ajustar às especificidades do objeto de medição

[11,15,16,17], como Clive Belfield e colaboradores (2011) para

a formação médica [11]. No modelo conceptual de Clive Bel-

field, para além da inversão da ordem dos níveis de Kirkpatrick,

é acrescentado, como quinto nível, a decisão para participar no

programa de formação [11].

Atento à passagem de um sistema de educação “orientado para

os processos” para um sistema “orientado para os resultados”,

David Musick (2006) alertou para a necessidade de mudança da

abordagem dos modelos de avaliação da formação médica pós-

-graduada, no sentido da criação de evidência quanto ao grau de

desvio entre os resultados obtidos e os objetivos do programa

[8]. No modelo conceptual orientado para os resultados que de-

senvolveu (

Task-Oriented Conceptual Model of Program Evaluation in

Graduate Medical Education

), são realçadas as etapas que deverão

ser seguidas no planeamento e desenvolvimento duma avaliação

consistente com as melhores práticas [8].

A falta de verificação do impacto dos programas de formação

é, em geral, das principais críticas à avaliação destes programas

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