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A n a i s d o I HM T
rior, esperavam ganhar mais de 200 euros por mês, não eram
trabalhadores estudantes, tencionavam trabalhar no setor públi-
co e no setor privado (e, como tal, ter um duplo emprego),
principalmente a nível central da administração do sistema de
saúde e que tinham nascido fora da capital, por oposição a;
2. Alunos do sexo feminino que frequentavam o ensino médio,
esperavam ganhar menos de 200 euros por dia, trabalhavam en-
quanto estudavam e que tinham nascido em Bissau; e
3. Alunos que tinham nascido e completado o ensino secundário
fora da capital, tencionavam trabalhar fora da capital, no setor pri-
vado e nos cuidados de saúde primários por oposição a;
4. Alunos que tinham nascido e completado o ensino secundá-
rio em Bissau e que esperavam vir a exercer em Bissau.
No caso de SãoTomé e Príncipe, a ACM mostrou algumas ten-
dências que confirmavam aquelas descritas para a Guiné Bissau:
1. Alunos do sexo masculino, que tinham completado o ensino
secundário fora da capital, que eram trabalhadores estudantes e
que tencionavam trabalhar no setor público e no setor privado
(duplo emprego) ou exclusivamente no setor privado, por opo-
sição a;
2. Alunos do sexo feminino, que tinham completado o ensino
secundário na capital, que não trabalhavam enquanto estudavam
e que esperavam vir a trabalhar no setor público na ilha do Prín-
cipe, e;
3. Alunos que tinham nascido e completado o ensino secundá-
rio for a da capital, que esperavam trabalhar no país, exceto no
Príncipe ou na capital e que esperavam um rendimento mensal
de mais de 200 euros, por oposição a;
4. Alunos que tinham nascido e completado o ensino secundá-
rio na capital, que esperavam trabalhar também na capital e ter
um rendimento de menos de 200 euros por mês.
Discussão
A relevância dos enfermeiros e dos enfermeiros de obstetrícia
na obtenção de resultados em saúde tem sido amplamente reco-
nhecida. A formação destes profissionais varia de país para país,
incluindo os PALOP. Em alguns PALOP foi criado um curso de
enfermagem de nível superior sem que tivesse sido feita uma
análise do seu impacto em termos de expectativas profissionais
futuras (por exemplo, em termos de retenção ou satisfação) e,
indiretamente, nos recursos humanos de saúde já existentes.
A análise e comparação das expectativas profissionais dos alunos
de enfermagem de nível médio na Guiné Bissau e em STP com
aqueles de nível superior na Guiné Bissau veio trazer alguma luz
sobre a influência que a formação pode ter na vida profissional
futura dos jovens enfermeiros.
O presente estudo, realizado em dois PALOP revelou que, in-
dependentemente do país de origem, os alunos de enfermagem
não diferem significativamente em termos de caraterísticas so-
ciodemográficas. Estudos realizados noutros contextos demons-
traram que a escolha da carreira de enfermagem está associada
a sentimentos altruístas, aptidão para cuidar, influência familiar,
expectativas de boa empregabilidade e ter tido uma hospitaliza-
ção na infância (8;9).Os resultados deste estudo estão de acordo
como aqueles descritos na literatura.
No que diz respeito às expectativas face à vida futura, encontra-
ram-se diferenças não entre alunos dos diferentes países mas en-
tre alunos de diferentes níveis de formação (médio ou superior).
As expectativas diferiam entre alunos de enfermagem de nível
médio e de nível superior em termos de setor e nível de exercí-
cio profissional pretendido e rendimento esperado.
No que diz respeito ao setor de exercício profissional, ou seja,
trabalhar exclusivamente no setor privado, no setor público ou
em ambos os setores, foi interessante notar que os alunos de ní-
vel superior esperavam, com maior frequência, trabalhar simul-
taneamente nos dois setores tendo, assim, um duplo emprego.
Tal pode ser explicado de diferentes formas. Por exemplo, os
alunos podem considerar que o facto do seu curso ser diferente
do de nível médio pode constituir uma vantagem para o setor
privado e, como tal, torná-los mais “atrativos” para este setor fa-
zendo com que tenham maior probabilidade de aí trabalharem.
Um dos principais motivos para o duplo emprego é o aumento
de rendimento (10). Saber que existe maior intenção por parte
dos alunos de nível superior de ter uma prática de duplo em-
prego em relação aos de nível médio pode ajudar a planear pro-
moções, progressões e desenvolvimento da carreira de modo a
reduzir a prevalência desta prática. Por outro lado, os alunos de
nível superior também esperaram trabalhar a nível central do sis-
tema de saúde, na gestão ou administração, o que pode implicar
que estes alunos se sintammais preparados para assumir maiores
responsabilidades e papéis diferentes daqueles tradicionalmente
atribuídos aos enfermeiros de nível médio. De notar que estes
empregos no nível central do sistema de saúde usualmente são
mais bem pagos que o trabalho de enfermeiro.
É necessário estar ciente destas expectativas uma vez que a co-
locação de enfermeiros de nível superior em locais em que estas
expectativas não possam ser realizadas pode, facilmente, levar
à insatisfação, desmotivação e, consequentemente, atrito desta
força de trabalho por abandono da profissão ou do local de co-
locação. Os resultados relativos ao local de exercício profissional
pretendido e o nível desse exercício podem ajudar a melhorar a
distribuição dos enfermeiros de nível superior.
Foram também encontradas diferenças entre os alunos de nível
médio e de nível superior no que diz respeito à intenção de es-
pecialização: os alunos de nível médio tendem a escolher a saúde
infantil e a saúde materna enquanto que os de nível superior es-
colhem preferencialmente a enfermagem de bloco operatório.
Este resultado é bastante importante – se os decisores políticos
quiserem melhorar a saúde materna e a saúde infantil, devem,
provavelmente, favorecer a formação de enfermeiros de nível
médio em detrimento dos de nível superior. Por outro lado, e
subjacente à escolha da futura especialização, parece estar a ideia
de que a formação superior pode ser mais adequada a especiali-
dades de enfermagemmais complexas e especializadas como é o
caso da enfermagem de bloco operatório.
Outro aspeto de extrema importância é que todos os alunos de