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the central administration of the health system and to earn more than
200 euros per month. Middle level students from SaoTome and Principe
and from Guinea Bissau, expected to work in the public setor, at the
hospital level and to earn 200 or less euros.
Discussion
The skilling up of the training of nurses cannot be dissociated from the
expectations of newly graduate and the capacity of the health system to
address those expectations. If not part of a broader human resources
for health policy, the isolated skilling-up of nursing training can lead
to unsatisfied and demotivated nurses who ultimately will deliver poor
quality services, leave their job and/or migrate.
KeyWords:
Training, nurses, middle level, university level, sub-Saharan Africa.
por mês. Os alunos de nível médio de SãoTomé e Príncipe e da Guiné Bissau
esperavam trabalhar no setor público, num hospital e ganhar menos de 200
euros mensais.
Discussão
O aumento do número de anos de formação dos enfermeiros não pode ser
dissociado das expectativas profissionais dos recém-formados e da capaci-
dade dos sistemas de saúde para dar resposta a estas expectativas. Se o au-
mento do número de anos de formação de enfermeiros for dissociado de
uma política de recursos humanos da saúde mais abrangente, pode dar lugar
à insatisfação e desmotivação dos enfermeiros cujo desempenho pode ser
inferior, podendo mesmo abandonar a profissão ou emigrar.
Palavras Chave:
Formação, enfermeiros, nível médio, nível superior,Africa sub-Sahariana.
Introdução
Nas últimas duas décadas, várias resoluções da Organização
Mundial da Saúde realçaram a importância da enfermagem
e da enfermagem obstétrica na obtenção de melhores resul-
tados em saúde. A mais recente (resolução 67.4) menciona
especificamente a necessidade de melhorar a educação e o
treino em enfermagem e enfermagem obstétrica de modo a
aumentar o número de efetivos e a miscigenação de compe-
tências para dar uma resposta mais adequada às necessidades
de saúde dos países (1;2).
A formação dos enfermeiros varia bastante de acordo com o
país sendo independente do nível de desenvolvimento deste
ou da organização estrutural e conceptual do sistema de saú-
de. Em alguns países, a formação dos enfermeiros é de nível
médio (3 anos), enquanto que noutros é de nível superior
(4 anos). Há ainda países onde coexistem os dois tipos de
formação, média e superior, sendo que, frequentemente, se
negligencia a diferenciação da carreira profissional de acordo
com o nível de formação.
Os Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP)
não são exceção a este cenário e coexistem enfermeiros
com diferentes níveis de formação nas escolas e no sis-
tema de saúde. Na última década, em quatro dos cinco
PALOP (Angola, Moçambique, Guiné Bissau e Cabo Ver-
de), foi criado um programa de formação universitária
de enfermeiros com quatro anos de duração, persistindo,
contudo, a antiga formação média de 3 anos, sendo os
requisitos para admissão num ou noutro programa dís-
pares.
Existe uma lacuna na evidência sobre o impacto da intro-
dução de enfermeiros com nível de formação superior nos
sistemas de saúde (3). No entanto, e em termos empíricos,
podemos esperar que enfermeiros (ou qualquer outro pro-
fissional de saúde) formados de forma diferente tenham ex-
pectativas profissionais, também, diferentes. Se o sistema de
saúde não corresponder às expectativas destes profissionais,
então é de esperar que surjam problemas relacionados com
a satisfação profissional, a desmotivação, o
stress
e o
burnout
que vão, em última análise, influenciar a qualidade dos cui-
dados prestados.
Neste artigo são apresentados e discutidos os resultados de
um estudo realizado em três escolas de enfermagem da Gui-
né-Bissau e de São Tomé e Príncipe (STP). O estudo teve
como objetivo identificar e comparar as expectativas face
à vida profissional de estudantes de enfermagem de nível
médio (3 anos de formação) e de nível superior (4 anos de
formação).
População e métodos
Estudo observacional, transversal, analítico, multicêntri-
co, realizado em duas Escolas de Enfermagem da Guiné
Bissau e uma Escola de Enfermagem de São Tomé e Prín-
cipe no ano letivo 2010-2011.
A população do estudo incluiu todos os alunos que fre-
quentavam o último ano do curso médio de enfermagem
(3 anos) ou o curso superior de enfermagem (4 anos)
na Universidade Lusófona (n=28) e na Escola Nacional
de Saúde Pública (ENSP) (n=224) na Guiné-Bissau e no
Instituto de Ciências da Saúde Vitor Sá Machado (n=23)
em STP. Não foi feita qualquer amostra. Foram incluídos
apenas os alunos do último ano do curso uma vez que
se acredita que as perceções sobre a vida profissional são
adquiridas maioritariamente durante este período (4).
Como instrumento de colheita de dados, foi utilizado um
questionário de perguntas de resposta fechada desenvol-
vido anteriormente pelos autores para estudar as expec-
tativas profissionais de estudantes de medicina (5-7). O
questionário incluiu as seguintes secções: caracterização
sociodemográfica e familiar, satisfação com o curso de
Enfermagem, decisão de frequentar o curso de enferma-
gem e expectativas relativamente à vida profissional fu-
tura. O questionário foi sujeito a adaptação linguística e
cultural. Foi feito um pré-teste em Bissau, com 10 alunos
Artigo Original