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cerca de 50% das populações urbanas tropicais moram em
favelas. A isto, se alia a tragédia dos acidentes de trânsito
nos trópicos, particularmente de motocicletas, produzidos
pela cultura de ausência da regra das leis e de estados fracos
e corruptos.
Assim, após um século, emergiram novas doenças tropi-
cais, agora de causas não necessariamente infecciosas, mas
de origem no sistema urbano, onde surgem as doenças de
causa externa como elemento dominante; por exemplo,
estima-se que em 2030 os acidentes de trânsito matarão
mais que a sida, sendo a maioria das mortes por acidentes
de motocicletas. Estes ambientes insalubres dominarão o
mundo caso a diáspora do campo não cesse e as opor-
tunidades de trabalho não surjam nas cidades tropicais,
particularmente nas grandes populações da África e do
Sul da Ásia. Para tal, são necessárias mudanças profundas
nos trópicos.
Para que os trópicos possam, eles próprios, controlar as do-
enças tropicais sem dependerem da ajuda dos países ricos,
será necessária geração de riqueza e de boas públicas. Para tal,
entretanto, será fundamental o combate ao maior problema
político dos trópicos, que são as oligarquias. Estas estruturas
de Estado, alimentadas durante a guerra fria por ambas os
oponentes, os capitalistas e os socialistas, são auto-sustentá-
veis, dificílimas de serem erradicadas e representam o maior
obstáculo para políticas públicas eficientes e para o desenvol-
vimento econômico. Assim, para que haja recursos e que eles
sejam aplicados efetivamente para aqueles que deles mais ne-
cessitam, os mais expostos às velhas e às novas doenças tropi-
cais, a democracia plena, de fato, no seu sentido político mais
original, deverá ser o maior instrumento para que os povos
tropicais, de forma altiva e independente, possam superar os
maiores desafios dos trópicos, onde é seu lugar no mundo.
22 de setembro de 2013
Sessão Solene