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tos científicos e, em particular os referidos à saúde pública,
desempenharam importante papel. Tal projeto pressupôs
a aliança entre o laboratório e o trabalho de campo; o
encontro da microbiologia com o estudo
in loco
dos ve-
tores de doenças que passavam a ser designadas doenças
tropicais.
Como um dos resultados da grande angular utilizada nas
pesquisas de medicina tropical, temos o inventário rea-
lizado pelas expedições científicas, não apenas das con-
dições sanitárias em sentido estrito, mas das relações de
trabalho, das condições de vida e das relações de poder.
No Brasil o termo trópico foi de uso corrente na medi-
cina, de que é exemplar a Escola Tropicalista Bahia, refe-
rência pela qual ficou conhecida importante corrente de
pensamento médico surgida na Bahia, em fins do século
XIX. Esteve também em foco no campo cultural, como se
pode constatar no modernismo brasileiro, na sociologia
de Gilberto Freyre e no movimento tropicalista na música
popular brasileira. O que vemos no Brasil, guardadas as
diferenças, pode ser estendido a vários outros países e,
em particular, os de língua portuguesa em África, confor-
me podemos ter uma pequena mostra ao vermos a exposi-
ção do acervo do IHMT: um acervo que não se restringe à
história da medicina e da saúde pública, mas é um acervo
de história social, em particular sobre a África de coloni-
zação portuguesa.
Ainda que este fórum se apresente como um congresso na-
cional, em uma alusão ao 2 Congresso Nacional de Medicina
Tropical, realizado em 1952, ele é de fato um Congresso
Internacional, basta que vejamos seus convidados de diferen-
tes países aqui presentes e os temas deste congresso revelam
a dimensão internacional idealizada por seus organizadores,
mas sobretudo a perspectiva internacional, ou como temos
nos referido da saúde global.
Assim, ao lado da troca de investigações e achados favoreci-
dos por eventos desta qualidade, gostaria de saudar as pos-
sibilidades de cooperação e de estabelecimento de agendas
compartilhadas. Este ano de 2013 que marca o final das co-
memorações dos 110 anos do IHMT e os 113 anos da Fun-
dação Oswaldo Cruz, será no Brasil o momento de refle-
xão e debate sobre os 25 anos do Sistema Único de Saúde,
instituído pela Constituição que estabeleceu as bases para a
redemocratização do país. Pretendemos que seja um ano de
proposição de pesquisas e agendas públicas em torno da ci-
ência, tecnologia, saúde, justiça e equidade, uma agenda na-
turalmente não restrita à sociedade brasileira. Este é, a nosso
ver, um debate de caráter global para o qual convidamos a
todos os presentes.
Creio ser este convite a melhor saudação de abertura a
todos os que se dedicam à pesquisa em medicina tropi-
cal.
Sessão Solene