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A n a i s d o I HM T

Saudação da Fiocruz

Trago uma saudação especial de Paulo Gadelha, presidente

da Fiocruz.Agradecemos muitíssimo pela honra de estarmos

aqui representados como instituição partícipe de um con-

gresso com a expressão científica deste evento. Desneces-

sário acentuar a sua relevância para a cooperação entre ins-

tituições e pesquisadores de diferentes países, dedicados às

ciências biomédicas e à saúde pública, à medicina tropical e

a discutir e criar novos entendimentos para a saúde global.

Muitos são os laços de cooperação existentes entre nossas

instituições e esperamos que sejam cada vez mais estreitos

– nos campos do ensino, da pesquisa e da difusão científica

e na abordagem das políticas públicas em saúde. Uma di-

ferença de dois anos separa a criação da Fiocruz do IHMT,

nossa instituição anfitriã, que em 2012 completou 110 anos.

Criadas nos anos iniciais do século XX, elas expressam em

suas trajetórias muito da história das ciências biomédicas e

da saúde pública em seus países. Em ambas a medicina tro-

pical assumiu papel de relevo na discussão sobre as políticas

públicas em saúde e nas bases científicas para sua concepção

e implementação. Comemorar, como sabemos significa lem-

brar juntos e é uma via de aproximação entre memória e

história.

Falar sobre a história da medicina tropical é também falar em

um sentido bem amplo sobre a história de nossos países. A

amplitude de temas e perspectivas pode ser entendida como

decorrência de afinidade eletiva entre conhecimento pró-

prio à medicina tropical e correntes de pensamento político

e social. A busca de conhecimentos advindos da geografia,

da cultura e da história, fundamentais para a compreensão

da incidência de determinadas doenças e sua distribuição

no tempo e no espaço, favoreceram perspectiva mais ampla

sobre as populações com que os médicos, investigadores e

administradores estabeleceram contato, muitas vezes como

efeito não antecipado de suas atividades.

1

É o que vemos nos Anais da Edição Comemorativa dos 110

anos do IHMT e nos diferentes temas que estruturam este

evento: trópicos e medicina; conceitos e história; doenças da

pobreza, negligenciadas e emergentes; vetores e hospedeiros

intermediários; saúde dos viajantes e migrantes; atores e ins-

tituições de saúde e ensino e demais atividades pedagógicas.

Ressalta-se, em linhas gerais, a importância da categoria tró-

pico nas nações de colonização europeia e portuguesa, em

particular na África, na Ásia e na América.

Este foi o tópico abordado no curso organizado por Isabel

Amaral e que contou com as presenças de Maria Paula Dio-

go da Universidade Nova de Lisboa e de meus colegas de

instituição e também de grupo de pesquisa – Magali Rome-

ro Sá e Jaime Benchimol. Um dos temas centrais consistiu

nas expedições científicas e sua importância na tradição da

medicina tropical. Historiografia recente vem acentuando

inclusive a importância desse campo de estudos para a aná-

lise das relações entre os impérios e as colônias, as imagens

e preconceitos sobre os trópicos, caracterizando um campo

de conhecimentos e práticas na qual se torna difícil dissociar

ciência e política.

No caso do Brasil, conforme demonstraram estudos de Si-

mone Kropf

2

, o desenvolvimento da medicina tropical teve

um incremento notável a partir das viagens científicas do Ins-

tituto Oswaldo Cruz e, em particular, daquela na qual ocor-

reu a descoberta da doença de Chagas. A medicina tropical

esteve associada não a um projeto colonial ou imperialista,

mas à fronteira interna, aos esforços de modernização e de

construção de um projeto nacional, no qual os conhecimen-

NísiaTrindade Lima

Vice-Presidente da Fundação Oswaldo Cruz

1

Para uma discussão mais ampla sobre o tema ver Lima, NísiaTrindade.

Um sertão

chamado Brasil

. São Paulo, Editora Hucitec, 2 edição revista e ampliada, 2013 e

Uma brasiliana médica: o Brasil Central na expedição científica de Arthur Neiva

e Belisário Penna e na viagem aoTocantins de Julio Paternostro.

História, Ciências,

Saúde – Manguinhos

, 16 (supl.1): 229-248, 2009.

2

KROPF, Simone Petraglia.

Doença de Chagas, doença do Brasil: ciência, saúde e nação,

1909-1962

. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 2009a. E ainda Carlos Chagas e os

debates e controvérsias sobre a doença do Brasil (1909-1923).

História, Ciências,

Saúde – Manguinhos

, 16 (Suplemento 01): 205-227, 2009b.

Sessão Solene