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Introdução:
Portugal tem vivido um clima socioeconómico desfavorável com
redução de rendimentos e aumento da taxa de desemprego , acompanhados do
aumento da taxa de pobreza. Estes factores são determinantes de saúde nas
populações e sabe-se que, nestas circunstâncias, é provável uma influência
negativa na saúde. As crianças são um grupo particularmente vulnerável. Contudo,
os estudos sobre os efeitos da crise económica na saúde das crianças são
escassos. Importa, assim, conhecer melhor esta problemática e identificar os
factores envolvidos para que se possam tomar medidas adequadas.
Objetivos:
Avaliar o impacto da crise económica na saúde das crianças , através
das percepções de profissionais de saúde do ACES de Sintra .
Material e Métodos:
Estudo observacional, transversal , com abordagem mista. O
estudo qualitativo utilizou uma amostra de conveniência de 7 profissionais de saúde;
os dados foram colhidos por entrevistas em profundidade e analisados por análise
qualitativa de conteúdo. O estudo quantitativo é censitário , realizado a 209
enfermeiros e médicos da saúde infantil do ACES de Sintra; o instrumento de
recolha de dados consistiu num questionário , construído com base no estudo
qualitativo ; a
análise de dados foi feita por análise quantitativa de conteúdo e análise estatística
descritiva e bivariada.
Resultados:
Um aumento de casos de alterações de comportamento e crises de
ansiedade nas crianças, de patologias dermatológicas e de cáries dentárias, foram
as situações clínicas mais referidas. Outros factores relevantes incluem as tensões
familiares e a falta de disponibilidade dos pais, os casos de incumprimento de
terapêutica ou dificuldade de transporte até às consultas por carências económicas
e uma alimentação de baixo valor nutricional. Foi, também, referida uma oferta
insuficiente de consultas de psicologia, pedopsiquiatria e medicina dentária. De um
modo geral, existe a percepção da necessidade de aumentar a promoção da saúde
e de que os cuidados de saúde primários não têm recursos humanos suficientes
para mitigar os efeitos da crise económica na saúde das crianças. A longo prazo, os
efeitos apontados foram um aumento de patologia de saúde mental e dos níveis de
obesidade.
Conclusão:
O impacto da crise económica nas relações familiares e a falta de
disponibilidade dos pais, é preocupação da maioria dos profissionais de saúde .A
percepção de que os efeitos da crise se traduzirão na saúde mental e no aumento
dos níveis de obesidade nas crianças , reforça a necessidade de aumentar a oferta
de consultas de valências da saúde mental e de atividades de promoção da saúde.
Por outro lado, a percepção da falta de recursos humanos para mitigar os efeitos da
crise na saúde das crianças, implica o reforço da capacidade de resposta dos
cuidados de saúde primários. Este estudo indica a existência de um impacto
negativo na saúde das crianças e importância de este ser avaliado no resto do país.
O questionário desenvolvido e usado neste estudo poderá servir como base para o
desenvolvimento de uma escala para esse fim.