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activação de algumas das vias da imunidade inata dos PMN, nomeadamente

mecanismos oxidativos e não oxidativos como a produção de ião superóxido e

a exocitose das enzimas proteolíticas, NE e CatG. Porém, os parasitas mais

aptos parecem causar a inibição da migração dos PMN e de mecanismos que

levam à activação de outras subpopulações celulares, incluindo a expressão de

quimiocinas (MIP-1α), citocinas (TNF-α, IL-6 e IL-1β) ou do receptor

toll-like

2,

comprometendo o vínculo natural entre a imunidade inata e a adaptativa.

No capítulo 3 foi dissecada a interacção M -PMN durante a infecção

in vitro

por

L. infantum,

através da análise da capacidade fagocitária, expressão de

citocinas, quimiocinas e receptores

toll-like

em macrófagos, e produção de

metabolitos do óxido nítrico. Verificou-se que

L. infantum

induz a activação da

resposta imunológica através da via de estimulação do TLR-4 de M

modulando a expressão de quimiocinas e citocinas pró (TNF-α e IL-6) e anti-

inflamatórias (TGF-β), potenciada pela presença inicial de PMN. O parasita

parece também bloquear a produção de NO, e na fase inicial da infecção e na

presença de PMN este bloqueio, associado a níveis reduzidos da citocina pro-

inflamatória IL-1β e da quimiocina MCP-1, induz um fenótipo anti-inflamatório,

possivelmente para evitar o excesso de resposta inflamatória que advém da

colaboração entre PMN e M . Todavia, o decréscimo drástico do parasitismo

macrofágico deverá estar relacionado com outros factores imunológicos que

podem ser potenciados pela cooperação dos M com os PMN e/ou interacção

prévia dos PMN com o parasita. No capítulo 4 foi avaliado

in vivo

o papel dos

PMN durante o início da infecção experimental por

L. chagasi,

através da

imunofenotipagem das populações leucocitárias recrutadas para o local da

inoculação dos parasitas, da determinação da presença do parasita e da

quantificação da expressão de citocinas em órgãos internos após deplecção de

PMN. Observou-se que a ausência de PMN, apesar de não influenciar as

populações leucocitárias no local de infecção, parece retardar a remoção dos

parasitas e afectar a possível migração de leucócitos parasitados para os

órgãos internos, nomeadamente para os gânglios cervicais. No entanto, em

qualquer das situações há disseminação dos parasitas para os gânglios. A

deplecção de PMN parece também influenciar o perfil de citocinas induzidas

pelo parasita no início da infecção, conduzindo à expressão de citocinas pró e

anti-inflamatórias (IL1-β, TNF-α, TGF-β e IL-17). A produção de granzima B

juntamente com a inibição de IFN-γ numa fase posterior da infecção, é ainda

um reflexo possível da ausência inicial de PMN.

Resumindo, na infecção por

L. infantum

os PMN, estão envolvidos no controlo

inicial de uma parte dos parasitas, enquanto outros, provavelmente os mais

virulentos, conseguem subsistir, reinfectar novas células e passar para as

células hospedeiras definitivas, os M que são recrutados ao local de infecção

através do estímulo provocado por quimiocinas. Os M , por sua vez,

expressam o receptor de reconhecimento

toll-like

4 e citocinas pró-inflamatórias

associadas à inibição da expressão da IL-1β. Numa fase posterior da infecção,

a expressão de TLR-4 mantém-se mas a carga parasitária diminui

drasticamente.

Independentemente da presença de PMN no local de infecção, os parasitas

são disseminados para os órgãos linfóides, porém, os PMN influenciam a

regulação da complexa sinalização de citocinas nestes órgãos.

Este trabalho evidência o papel crucial dos PMN no desencadear da resposta

imunológica na infecção por

L. infantum

, sendo a primeira barreira de controlo

contra o parasita através da indução dos mecanismos de imunidade inata,

recrutamento e estimulação de outras células, nomeadamente MΦ e linfócitos.